Isto é o que entendo por fim: lá para as trezentas e tantas páginas chega um dos supostos finais de O Jogo da Amarelinha – Oliveira encarrega-se de seu próprio jogo, observa a janela (sem se jogar ou escorregar, como gosto de crer), tomando todos os seus fantasmas pelas mãos in agreement with toda odisseia bem particular d’algum final justo e cheio de moralidade, quando o que sabemos é que Cortazar está muito mais interessado no arremesso de dados, particularmente no momento em que eles se encontram perdidos no ar, ainda indecisos (falamos dos dados) quanto aos números que existirão à sua direita e sua esquerda, de um lado e de outro e, o número do diabo, escondido, virado para a mesa.
O fato é que esta não é a recordação que guardo do final (tampouco, creio, é a interpretação que muitos leitores têm deste livro argentino); meu final é outro, guardo-o como um sonho divertido (da mesma espécie que me revelou uma conspiração para que Aldous Huxley simulasse a própria morte – ocorrida no mesmo dia do assassinato de John Kennedy – para viver no Brasil sob o nome de Maurício de Souza), é uma história sem os lados de cá e os outros lados.
E no (meu) lado de lá o que se via era Horácio metido em outra vida, observando a Maga, que não era mais sua, que tinha também lá sua vida outra vida e filhos & amores, que pulava amarelinha com sua nova família e, sob os olhares de Oliveira, escondidos pelos matizes de um parque e de uma vida que o tempo se encarregou de mudar, cavoucava-se lá com a certeza da fluidez, das mudanças, dos honestos desesperos a que se submetem (segundo ele, segundo eu) todos os desventurados e alegretes, cada um dos marroumenos apaixonados, desemxabidos, presos ao passado (de sua própria escolha). Esculhambado, perdido, procurando entender n’alguma das diversas veredas que lhe surgem, com’é’qu’ (sic) se desenvolve cada tormenta, e se sobrevive, com nada mais além do jogo e da morrinha.
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