O fantástico mundo de Miguel
Ele ainda não sabe falar, mas já sabe fazer pirraça como ninguém, ou melhor, ele sabe com quem pode fazer pirraça. Ele adora ser paparicado. Ele adora ter todos em volta dele. E depois de alguma insistência ou pouca insistência mesmo ele abre o sorriso banguela mais lindo que existe. Gargalha, grita, conversa na língua dos bebês que nem os bebês entendem. É um sorriso cheio de paz, próprio de quem acabou de conversar com Deus.
Se pudesse controlar o mundo colocaria o mundo inteiro em volta dele só pra ficar brincando com ele, fazendo caretas para ele, chamando pelo nome dele ou cantando mil cantigas para diverti-lo. Não conheço bebê mais simpático. Vive sorrindo de tudo. Aliás, pequenininho e já é cheio de manias. Uma delas é sorrir sempre que acorda. É uma felicidade que faz a gente pensar que o mundo pode ser um lugar melhor e muito legal para se viver.
Se começa a coçar a orelha é porque quer dormir, mas ele luta contra o sono, batalha para não dormir só para ficar um pouquinho mais de tempo acordado vendo toda essa maravilha que é o mundo, sonhando acordado, observando cada detalhe, cada cor, cada átomo. Depois de algum tempo, não aguenta e vencido fecha seus lindos olhos azuis para um suave sono cheio de sonhos que em breve poderá contar.
E vendo aquela pequenina criatura crescendo tão rápido, na velocidade dos tempos modernos, concluo que o fantástico mundo de Miguel é também o fantástico mundo das crianças, de todas as crianças do planeta inteiro. É nessas horas que penso: se os nossos dias mudam por aqueles nossos desprotegidos que amamos, porque não podemos começar a mudar o mundo para que eles tenham um mundo melhor para viver no futuro? Para que o fantástico mundo de Miguel possa crescer como ele, mas exatamente como para ele é hoje. Cheio de proteção, descoberta e magia.
Mas Miguel está crescendo, rápido, muito rápido. O danado já quer andar quando ainda nem começou a engatinhar. Ele é esperto, será inteligente como o pai, simpático como a mãe e ambas as coisas como o tio. É vascaíno! Ele ainda não entende muito bem essas coisas de time, mas já adora futebol. Pelo jeito será goleiro e tomara que ele desista dessa ideia louca! Não! Desistir de ser vascaíno, isso ele não conseguirá, como não fará! É! Tá bom, ele pode ser goleiro se quiser! De uma coisa eu sei: ele será bagunceiro. Aliás, isso ele já é! Adora uma farra. Ama bater as coisas, especialmente àquelas que ele não pode, como a chave de casa ou o controle do alarme do carro. As outras ele se interessa por um instante e logo já quer ficar arranhando a geladeira com seus brinquedos ou apertando o botão do rádio! Ele é curioso e como todo bebê que não é bobo, adora colo. Mas para dar colo a ele, tem que ficar em pé, porque Miguel quer ficar do alto, Miguel quer ficar alto. A não ser quando é convidado à banheira para o banho que é a sua praia preferida. E faz uma bagunça... É água para todo lado!
E a gente fica ali, às vezes parado, observando aquela vidinha se transformar e crescer. Fica ali, extasiado, admirando aquele bebê cheio de novidades a cada dia. Logo estará falando, logo estará engatinhando, depois andando e correndo por aí! Logo estará escolhendo o que gosta e o que não gosta, depois estará fazendo as perguntas para aquelas respostas difíceis de ter. Crescerá e se transformará num bom garoto, num jovem apaixonado até virar um grande homem!
Quando a gente encontra esse amor por uma criança, o mundo muda, as prioridades mudam, a vida se transforma. Você joga fora tudo que achou que era amor e aprende a amar de verdade. Você de fato troca o choro dele pelo seu, passa fome se tiver que passar pelo bem estar dele, deixa-se de lado só para fazer com que aquela criatura cresça feliz e saudável. Por isso dizem que crianças são anjos. Elas nos protegem ao tentarmos protegê-las. Elas nos fazem recuperar a fé na vida e renovar o verdadeiro amor que tínhamos nos esquecido com um simples sorriso. Por terem estado com Deus muito recentemente, elas nos trazem essa luz que ao crescermos demais apagamos de nossas lembranças. Por isso anjos, anjo Miguel.
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