Por Fabíola Tavernard/PopTevê
O ritmo desacelerado, o sotaque, o deboche, a ginga e a musicalidade tradicionalmente associadas ao povo baiano voltarão à Globo. Em novembro, estreia a segunda temporada de Ó Paí, Ó. Com quatro episódios semanais - a anterior tinha seis -, a série é ambientada, em boa parte, em um cortiço do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. Este, aliás, será o elo entre as histórias, já que o tal casarão está caindo aos pedaços, e os moradores se unem para salvá-lo. Na última semana, ocorreram também gravações no Museu Du Ritmo - espaço cultural concebido por Carlinhos Brown - e no Farol da Barra, ponto turístico da cidade. E, é claro, não faltaram curiosos acompanhando as cenas. “Moro no Rio de Janeiro, mas sou do bando de Teatro Olodum e estou emprestado ao mundo. Esta é uma ótima oportunidade de estar com meus conterrâneos, na minha terra. É uma relação muito próxima, não de fãs, mas de quase parentes”, aponta Lázaro Ramos, novamente na pele do protagonista Roque.
Além de Lázaro, o elenco conta com os mesmos nomes da primeira temporada: Matheus Nachtergaele como Queixão, golpista hilário e tatuado, Aline Nepomuceno, a bela e espevitada Dandara, namorada de Roque, e os atores do Bando de Teatro Olodum, como Lyu Aryson, na pele do travesti Yolanda, e Tânia Tôko, a sisuda Neusão. “O improviso é uma marca do Bando. Um erro pode virar uma grande piada, uma cena. Eles não se intimidam, improvisam em cima do erro do outro. A cena não para nunca. Gritar ‘corta!’ é uma tarefa dificílima, pois tudo neles é bom, tem um graça especial”, conta a diretora Monique Gardenberg.
No total, quatro diretores estão à frente da série: Monique, que assina também a direção geral, Olívia Guimarães, Mauro Lima e Carolina Jabor. No episódio dirigido por Olívia, ainda sem título, haverá a participação de Luana Piovani na pele de Patrícia, uma empresária bem-sucedida. A loura pretende transformar Roque em um cantor de sucesso. Mas tentará fazer com que ele volte sua música para a classe burguesa, e não mais para o gueto, seu público-alvo. Empenhada, ela descola uma participação para Roque em um show de Carlinhos Brown, e ele aparece no alto do trio elétrico imitando ninguém menos que Michael Jackson. “Não vi o filme nem a série, porque não vejo tevê. Mas, quando a Olívia me ligou, sabia que só poderia ser coisa boa”, pontua a atriz, mais simpática do que nunca nos sets de filmagem.
A proximidade entre Roque e Paty, é claro, incomoda Dandara, que não perde a chance de puxar a orelha do namorado em pleno Farol da Barra. Um filho para o casal é outra novidade da temporada. “A Dandara está mais madura, e tenta alertar Roque para os problemas que estão acontecendo”, adianta Aline. A dificuldade do casal homossexual Yolanda e Neusão em adotar uma criança voltará a ser abordada. Agora casados, os dois enfrentam a burocracia e as exigências da Justiça para realizar seu sonho. “Mas, no final, eles conseguem”, antecipa Lyu, metido em uma saia curtíssima e equilibrado em um salto monumental antes de gravar mais uma cena.
As gravações começaram dia 12 de agosto e terminaram neste mês. Toda filmada em película, a série tem roteiro de Guel Arraes, João Falcão e Adriana Falcão. Haverá ainda a participação de Deborah Secco, em duas fases: como ela mesma e depois interpretando a baiana Keila. Luis Miranda atuará em dois episódios como um fiscal da Prefeitura. Com visual repaginado - sem barba, com costeleta e cabelos mais curtos -, Lázaro Ramos é só sorrisos, mesmo após um dia inteiro e exaustivo de gravações, quando ele ainda encontrou energia para, às 23 h, repetir várias vezes a cena em que imita o Rei do Pop Michael Jackson cantando Black or White. “Quem não gosta dele? Eu sempre fui fã, tenho todos os DVD´s com os clipes, mesmo antes dele morrer. Imitá-lo não é tarefa fácil, mas ensaiei bastante”, diz, exalando baianidade.
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