Entre televisão e cinema, fico com o cinema. É mais estreito em sua amplitude e tem menos potencial para a lavagem cerebral. É muito melhor ver um filme ruim do que um programa televisivo ruim. E é muito mais fácil ver um programa televisivo ruim.
Entre rock e música clássica, fico com música clássica; o rock já me cansou um pouco... e acho que já deu o que tinha que dar. Sem contar com a saturação que a década de 60 pôs em nossas cabeças. Parece que não conseguimos nos livrar dela. Por essa e outras, fico com a música clássica. Sim, é claro que Elvis está no topo do topo do meu conceito. Mas pra mim, Elvis é música clássica.
Entre Virginia Woolf e Jane Austen, fico com Virginia Woolf. Porque... a verdade é que não tenho muito saco para Jane Austen. Sei que tem uma importância enorme no mundo literário e não estou aqui para ditar gostos e diretrizes a ninguém. Mas quando leio Jane, fico com a sensação de que estou tomando chá numa tarde de domingo.
Entre a voz e o silêncio, fico com o silêncio. A maior parte das sonoridades é pura perda de tempo. Naturalmente que falo das sonoridades produzidas por gargantas humanas.
Entre beleza e feiura, fico com as duas. Pois é preciso que exista feiura para que a beleza seja beleza. E se só existisse beleza, mais cedo ou mais tarde ficaríamos entojados.
Entre trabalho e ócio, fico com o ócio. Minha opinião só muda quando há dinheiro envolvido, já que o ócio ainda não é remunerado, exceto na política.
Entre a vida e a morte, fico com a vida. Não vou soltar aqui nenhuma explicação profunda porque a verdade é que simplesmente não gosto da idéia de apodrecer debaixo da terra.
Entre a fé e a descrença, depende muito. Depende do conceito que se tem como alvo. Sei que a descrença não é muito bem vista, mas a fé inquestionável também pode gerar encrencas. Por exemplo, prefiro ser descrente em relação ao nazismo do que ter fé nele.
Entre o dia e a noite, fico com a noite. É menos provável que se recebam telefonemas chatos.
Entre a apreensão e a desilusão, fico com a apreensão, embora seja mais fácil dormir quando se está desiludido que quando se está apreensivo. Com a desilusão, tudo perde o gosto e o sentido. O sono não descansa, torna-se desperdício de horas e de minutos.
Entre pensar e contemplar; depende do objeto em questão. Prefiro pensar na guerra que contemplá-la. Mas prefiro contemplar uma tela de Monet que pensar a respeito.
Bem, chega de comparações. Não gosto de organizar as coisas em tópicos e só o fiz por puro tédio. Eu até poderia apagar essa coluna e começar tudo de novo, mas não há nada pior que começar tudo de novo. Então, você terá que ficar com essa. Sabe como é, entre escrever outra coluna e deixar como está, prefiro deixar como está.
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