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Estreante, Antônia Fontenelle mostra dedicação para aprender hip hop
Os clipes de “hip hop” que inundam a tevê a cabo não deixam dúvida: o gênero é uma exaltação da cultura do gueto. Nascido nos Estados Unidos dos anos 70, o movimento ganhou as periferias das grandes cidades falando da realidade dos negros. Por isso, não deixa de ser curioso – e quase contraditório – que o tema seja abordado na nova temporada de “Malhação” através da louríssima Kátia, “perua” vivida por Antônia Fontenelle. “Se eu fizer os movimentos direitinho, se incluir o que aprendi sobre essa cultura no texto, não importa ser loura. Posso estar careca que o público vai aceitar”, defende a atriz, entre risadas.
Na trama, o empresário Mauro, de Gustavo Rodrigues, se junta à esposa Kátia para montar uma academia – em que ela dá aulas de dança. É graças ao empreendimento da ficção que a atriz tem mergulhado de cabeça no mundo do “hip hop”, buscando uma maneira de não se tornar um “corpo estranho” entre os fãs do gênero. Na parte teórica, o estofo vem de um punhado de folhas impressas com o material pesquisado por Antônia em diversas fontes. “Em algum momento, alguém vai me perguntar “mas você sabe como surgiu esse movimento?”. Acho importante me aprofundar para poder falar com propriedade disso”, enfatiza ela, estreante em tevê.
Mas nem só de leitura se faz a preparação. Desde meados de novembro, a atriz tem dividido a agenda entre as gravações, as apresentações da peça “Vidas Divididas”, ao lado de Henri Castelli, e aulas de “hip hop” com o coreógrafo Fly. “Pedi um professor para me assessorar, porque não tenho prática. Mesmo que isso vá ao ar editado, quero entender do que estou falando”, justifica. Espécie de “faz-tudo” de dança nos bastidores da Globo, onde trabalha há 19 anos, Fly investe no binômio simplicidade e paciência: o passo a passo da coreografia montada por ele é repetido até que Antônia faça os movimentos com precisão. A frase-mantra do professor, “Se errar não tem problema”, é repetida antes de cada novo trecho, como uma espécie de tranquilizador verbal. “O grande barato é deixar o ator à vontade. Cada um tem seu tempo para aprender”, ensina.
De frente para a parede espelhada, Antônia mantem os olhos fixos na movimentação de Fly e de Úrsula Mandina, coreógrafa que auxilia o colega a explicar e exemplificar o comportamento feminino típico da dança. Apesar de não ser exatamente uma “expert” no “hip hop”, a atriz explica que a maior dificuldade é conseguir equilibrar o jeito “largadão” dos dançarinos do gênero com o perfil glamouroso da personagem. “Fazer a coreografia não é o mais complicado”, garante. “A atitude e a manemolência dos movimentos não condizem com o deslumbre da Kátia. E eu tenho de fazer as duas coisas com verdade, senão fica uma contradição louca”, adverte.
Para a sorte da atriz, porém, ela não será tão exigida assim nas cenas. Segundo Fly, que cria os passos apresentados nos capítulos do folhetim, Antônia não precisará fazer todos os movimentos. “A Kátia é a professora, não tem que dançar o tempo todo. Ela começa e os outros bailarinos continuam, como em uma aula de verdade”, esclarece ele, que, com 22 anos de carreira, é só elogios para a nova aluna. “Ela teve um progresso muito grande desde o início. Vai ser a professora de “hip hop” mais bonita do Rio de Janeiro!”, derrete-se. Mesmo com tantos elogios do “mestre”, Antônia diz que ainda pretende aprender ainda mais. “Eles estão dizendo que estou fazendo direitinho, mas quero fazer melhor. Estou aqui defendendo a minha personagem, que espero que dê muito certo. E isso só cabe a mim”, reconhece.
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