Tecendo a vida através da poesia
Tapeceira apaixonada por Nova Friburgo lança o primeiro livro de poemas
Henrique Amorim
Vera Liebing, 71 anos, sempre gostou de escrever, mas ao longo da vida acabou não dando tanta importância às suas reminiscências esquecidas no fundo das gavetas. O talento poético acabou sendo deixado um pouco de lado por força de outros dons: os da tapeçaria e dos bordados exercidos nas últimas cinco décadas com afinco desde que deixou Nova Friburgo para residir no Rio de Janeiro. Ao subir novamente a serra para viver desta vez em Petrópolis, Vera dedicou-se às atribuições de criar desenhos para tapeçaria em seu próprio ateliê no bairro Quitandinha, onde faz questão de atuar até hoje, ainda mais com o auxílio da informática. “Antigamente eu levava até 15 horas para criar um desenho para tapetes. Hoje esgoto essa tarefa em minutos através do computador. É mágico”, exalta a artista.
Com a sobra de tempo advinda da modernidade do processo de criação do designer de suas obras de arte vendidas para todo o país, Vera decidiu rebuscar os manuscritos de épocas passadas reunindo-os num livro, o Tecendo Versos, que será lançado no próximo dia 7 de março no condomínio Granja Brasil, onde mora, no distrito petropolitano de Itaipava. A obra, que traz a réplica de um de seus tapetes, reúne cerca de cem poemas definidos pela própria autora como singelos e feitos de gente para gente. Neles Vera divide os registros de suas emoções e revela a memória de suas reflexões e pensamentos.
No livro a autora reúne um mix de poesias de amor, humorísticas e doces lembranças da charmosa Nova Friburgo de tempos atrás, que ela conheceu e desfrutou por pouco mais de 20 anos de sua vida. Paulista de São Carlos, a autora veio morar em Nova Friburgo com apenas um mês de vida e na adolescência conheceu seu grande amor, o marido com quem convive há 47 anos, Carlos Wolf. Ela o conheceu na glamourosa confeitaria dos pais dele, a Viena, que marcou época na Praça Getúlio Vargas. Da união nasceu, há 34 anos, o único filho do casal.
Nas páginas de Tecendo Versos Vera Liebing faz exaltações à imponência das montanhas de Nova Friburgo e às boas lembranças da infância junto aos descendentes dos suíços que ajudaram a povoar o distrito de Amparo e as muitas amizades cultivadas no centro da cidade. Mesmo com atribuições profissionais em Petrópolis, Vera Liebing não deixou de frequentar a Suíça Brasileira. Ela sempre visita a cidade, que marcou boa parte de sua vida, principalmente na época em que residiu na Rua General Osório e cursou o ensino fundamental no Colégio Nossa Senhora das Dores, onde seu talento artístico foi bastante estimulado.
“Sinto muita saudade daquela época em que circulava nas ruas de Friburgo e todo mundo se conhecia. A cidade cresceu demais e hoje estranho um pouco quando a visito. Que saudade da época do Cinema Eldorado! Não podiam ter deixado ele acabar. Tirou um pouco do encanto de Friburgo”, defende a artista e poetisa, que tem nas gigantescas montanhas friburguenses seu maior símbolo de recordação da cidade.
“Perdi minha mãe muito cedo, aos 13 anos, e não tinha com quem me desabafar. As montanhas de Friburgo pareciam me abraçar dando consolo e alento. É uma pena que hoje com as construções dos edifícios no Centro as montanhas parecem estar mais longe da cidade”, observa ela.
Vera Liebing admite ainda sentir muita saudade dos casarões antigos, principalmente os da Rua General Osório e dos arredores da Praça Getúlio Vargas. Nova Friburgo marcou por completo a minha juventude de ouro”, filosofa Vera, que mata as saudades daquela época saboreando pelo portal de A VOZ DA SERRA na internet, todos os fins de semana, a coluna Há 50 anos, onde viaja no tempo recordando-se de grandes amigos e dos principais acontecimentos da cidade que mora em seu coração.
Tapeceira famosa, Vera já realizou diversas exposições coletivas de pintura e individuais de aquarelas. Em 1990, criou um baralho de runas acompanhado de um pequeno livro, o Oráculo Viking. Nove anos depois de ser submetida a uma mastectomia (extração de uma das mamas), Vera dedicou-se ainda à função social de difundir a troca de informações e experiências, dando força a outras mulheres que passaram pela mesma situação e atuando como colaboradora na página da internet http://br.groups.yahoo.com/group/mamacenter.
No tecido ponto por ponto teço o bordado
Com as palavras, vou tecendo versos,unindo temas, bordando emoções, costurando poesias!
Relembrando Lincoln
Mario de Moraes
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, em vários dos seus pronunciamentos, antes e depois de ser eleito, fez diversas alusões, todas elogiosas, a Abraham Lincoln. Para aqueles que pouco ou nada conhecem da vida desse que representa, sem sombra de dúvida, a maior personalidade política norte-americana de todos os tempos, aqui ele é recordado.
Naquele dia 1 de abril de 1865 os Estados Unidos festejavam o final da guerra civil entre o Sul e o Norte do país. Milhares de jovens americanos haviam morrido no campo de batalha, num estúpido conflito entre tropas do mesmo país. Ninguém poderia imaginar, no entanto, que uma nova desgraça se abateria sobre a nação, comovendo não só os norte-americanos, mas praticamente o mundo inteiro.
Abraham Lincoln, um dos melhores presidentes dos Estados Unidos, que fora figura preponderante para o término da guerra entre irmãos, era estupidamente assassinado na noite de 14 do mesmo mês, quando assistia a uma peça no Teatro Ford, em Washington. O ator John Wilkes Booth, famoso na época, defensor da causa sulista na Guerra da Secessão, inconformado com o resultado final do conflito, entrara inesperadamente no camarote do presidente e desfechara-lhe um tiro na cabeça. Lincoln resistiu até o dia seguinte, quando veio a falecer.
Enquanto ocupara a presidência do seu país, Lincoln foi muito criticado, mas, após sua morte, até mesmo seus inimigos concordaram que ele fora um excelente presidente, pela grandeza de espírito e abnegação. Lincoln é uma das figuras históricas mais admiradas nos Estados Unidos. Muitos dos seus discursos e trabalhos escritos são considerados depoimentos clássicos sobre os ideais e objetivos democráticos do seu país.
Abraham Lincoln nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, há 200 anos, na cidade norte-americana de Hodgenville e faleceu com 56 anos, em Washington. Era advogado por profissão e republicano politicamente. Décimo sexto presidente dos Estados Unidos, foi eleito no dia 4 de março de 1861 e reeleito em 1864, governando o país até 1865, quando foi assassinado. Sua eleição foi de tal importância, que provocou muita polêmica e graves manifestações políticas, que terminaram levando o país à Guerra da Secessão. Lincoln, porém, enfrentou diversos e graves obstáculos, mas conseguiu realizar um dos seus maiores feitos: preservar a unidade do país durante o conflito.
Primeiro presidente eleito pelo Partido Republicano, era quase um desconhecido para o povo do seu país. Ninguém poderia acreditar que aquele homem de ar carrancudo pudesse vencer a maior crise da história dos Estados Unidos. Na eleição para a presidência Lincoln recebeu menos de 40% dos votos e foi acusado, pela oposição, de ser pouco eficiente e negligente.
Mas só o fato de Lincoln, no início da Guerra da Secessão – entre o Norte e o Sul do país –, perceber a necessidade de preservar a unidade política dos Estados Unidos, o inocenta de todos os pecados políticos que possa ter cometido.
Abraham Lincoln nasceu numa família humilde, no então Condado de Hardin (Kentucky) e exerceu diversos ofícios manuais. Ainda jovem, abriu um cartório em Springfield.
Dos sete aos 21 anos Lincoln viveu no estado de Indiana, para onde sua família se mudara. Nesse tempo, segundo declarações do próprio, “meus estudos resumiam-se a saber ler, escrever e fazer as quatro operações”. Em sua casa, como nas demais, havia poucos livros. A Bíblia era sua leitura constante e preferida. Por isso, mais tarde, em seus escritos e pronunciamentos existem tantas citações bíblicas.
Em 1831, Lincoln saiu de casa e foi viver em New Salem, no estado de Illinois, onde empregou-se como balconista numa loja. Nessa cidade terminou sendo nomeado agente postal e, anos depois, elegeu-se deputado por Illinois (1834 a 1840) e membro do Senado (1844 a 1848). Durante seu segundo mandato, Lincoln formou-se advogado, obtendo licença para exercer a advocacia em 1836. Com alguns colegas abriu um escritório. Casou-se em 1842 com Mary Todd e, dois anos mais tarde, montou um novo escritório, tendo William Herndon como sócio. Essa sociedade nunca foi desfeita. Sua atuação como advogado em Illinois tornou-o conhecido e, em 1846, foi eleito para a Câmara de Representantes federal.
Lincoln atuou no Congresso de 1847 a 1849, mas tornou-se impopular devido à forte oposição que fazia ao presidente James K. Polk, culpando-o pela guerra com o México. Desistindo de reeleger-se, voltou à advocacia. Entre outras coisas, porque não concordava com o Acordo do Missouri, de 1820, proibindo a escravidão nos novos territórios situados ao norte da fronteira sul daquele estado. O senador Stephen A. Douglas, em 1854, apresentou uma lei que estabelecia que os colonos, situados ao norte da fronteira sul do Missouri deveriam decidir se desejavam ou não a escravidão. Lincoln se opôs a essa lei. Em 1858, disputando uma vaga ao Senado com Douglas, Lincoln o desafiou para uma série de debates em torno da escravidão nos territórios livres.
Lincoln perdeu a eleição, mas transformou-se numa figura destacada no cenário político do país. Isto fez com que ele tivesse a chance de candidatar-se à presidência dos Estados Unidos em 1860, vencendo o pleito. Lincoln tomou posse em março de 1861, enfrentando forte oposição de vários estados sulistas. Onze deles, apesar do intenso esforço do presidente pela conciliação, formaram a Confederação dos Estados da América, que terminou por provocar a eclosão da Guerra Civil Americana. Apesar de enfrentar um poderoso inimigo, Lincoln conseguiu fazer com que os nortistas vencessem o conflito, que durou quatro anos e deixou um saldo de 600 mil mortos.
Embora tenha ficado impopular, em 22 de setembro de 1862 Lincoln publicou a proclamação que concedia a liberdade aos escravos dos estados confederados. Isto fez com que, em 1865, terminasse a escravidão em todo o país. Em 1864, Lincoln fora reeleito presidente, o novo mandato tendo início no ano seguinte.
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