Mario de Moraes
Internacionalmente Roma é conhecida como A Cidade Eterna, devido a sua milenar e impressionante história. Capital da Itália, ela espalha-se pelas margens do Rio Tibre, seu centro histórico, que deslumbra os turistas que a visitam, e é constituída por sete colinas: Palatino, Aventino, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino e Célio.
Existe um mito que procura comprovar como Roma nasceu, em 753 a.C. Os historiadores garantem que ele não passa de uma lenda, mas boa parte dos romanos acredita nele. Contam que dois irmãos, abandonados numa cesta colocada num rio, chamados Rômulo e Remo, terminaram sendo criados por uma loba. Com o passar dos séculos eles se tornaram símbolos da cidade e Roma viveu várias fases desde o nascimento da Roma Antiga: Reino de Roma, República Romana, Império Romano e, mais tarde, Estados Pontifícios, Reino da Itália e, finalmente, República Italiana.
É no interior da cidade que se encontra o Vaticano, onde o papa reside. Como símbolo da civilização européia, Roma é uma das cidades com maior importância na História mundial. Nenhum turista que for à Europa, se possível, deve deixar de visitar Roma, para deslumbrar-se com suas diversas ruínas e monumentos na parte antiga da cidade, principalmente as que lembram o Império Romano e o Renascimento (movimento cultural nascido na Itália).
A área metropolitana tem perto de 2.546.804 habitantes, segundo o último censo, realizado em 2001. Sua extensão territorial é de 1.285 km2, tendo uma densidade populacional de 1.981 habitantes por quilômetro quadrado. Isso a torna, além de ser a maior cidade italiana, também a capital européia de maiores dimensões.
No começo de sua existência Roma foi governada por reis, mas tornou-se uma república em 509 a.C. A partir daí desenvolveu-se rapidamente e, no fim da república, era um vasto império em volta do Mar Mediterrâneo. Durante o século II ela chegou a ter cerca de 45 mil prédios e uma população de 1.600.000 habitantes. Seus aquedutos transportavam mais de um milhão de metros cúbicos de água, mais água do que chega atualmente a Roma.
Com o crescimento do cristianismo, no século III d.C., o bispo de Roma, que mais tarde passou a ser chamado de papa, tornou-se a maior autoridade religiosa da Europa Ocidental.
Entre os inúmeros monumentos da Antiguidade, o que mais atrai os turistas é o Coliseu, símbolo da cidade por atestar a magnificência da arte e cultura da Roma Antiga. A partir de meados do século III, os bárbaros invadiram a cidade diversas vezes, fazendo com que muitos romanos fugissem para o campo, ao império restando pouco mais de 50 mil habitantes. Os bárbaros dominaram a cidade por mais de quatro séculos, até que, em 756, Pepino III, o Breve, os derrotou, Roma voltando a ser autônoma, passando a ser a capital dos Estados Pontifícios até 1870, o papa representando a maior autoridade do estado. Seguiram-se inúmeras transformações políticas e Roma tornou-se a capital da nova Itália unificada de Giuseppe Garibaldi, em 1871. Em 11 de fevereiro de 1929, Benito Mussolini assinou diversos acordos com o Papado independente do Vaticano, cedendo um pedaço de 0,44 km2 no centro da cidade, para instalação oficial da sede religiosa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Roma foi pesadamente bombardeada, mas o Vaticano pouco sofreu. Capturada pelas tropas aliadas em 4 de junho de 1944, foi a primeira capital de uma potência central do Eixo a cair. A partir do fim do conflito mundial, Roma teve um acelerado crescimento. Com cerca de 240 mil habitantes à época da unificação da Itália, ela passou de 692 mil habitantes, em 1921, para 1,6 milhão em 1962.
Um dos mais importantes pontos de atração turística internacional, graças a sua imensa bagagem cultural, são as suas obras do passado e sua moderna moda e culinária. Todos os anos, além dos milhões de turistas que Roma recebe de todo o mundo, esse contingente aumenta bastante graças aos inúmeros eventos realizados na capital italiana.
Roma apresenta inúmeras e atraentes lembranças do seu passado milenar. Ela acumula diversos e importantes tesouros de arte e um patrimônio arqueológico sem igual no resto do mundo. A Roma atual é dividida em duas partes: a antiga ou clássica e a Roma papal. O período régio, principalmente no século VI a.C., foi dos mais prósperos para a cidade, sob influência etrusca, sendo realizadas grandes obras públicas, como o Templo de Júpiter no Capitólio, o santuário arcaico da área de San Omobono e a construção da Cloaca Massima, um dos primeiros esgotos construídos, que permitiu a instalação da área do Fórum Romano e sua primeira pavimentação.
Durante a invasão gálica (390 a.C.) foi construída uma imensa muralha, da qual ainda existem alguns trechos, e na idade republicana levantaram inúmeros edifícios públicos e templos, principalmente na área do Fórum Romano. Criaram-se as primeiras estradas consulares e as pontes sobre o Rio Tibre, além dos primeiros aquedutos.
Depois de passar por inúmeras transformações urbanísticas, o maior desenvolvimento aconteceu na época imperial, com Augusto, a cidade sendo dividida em 14 regiões. São completadas as intervenções de César e iniciados novos projetos urbanísticos ao lado da praça do Fórum Romano, como a construção da Basílica Júlia e a remodelação da basílica Emília. Em 64 d.C., durante o reinado de César, um incêndio, por muitos atribuído ao próprio imperador, o que é desmentido pela maioria dos historiadores, quase destrói a cidade. Nero, depois da catástrofe, criou um novo plano urbanístico para a cidade, que só foi realizado parcialmente, sendo construída a Domus Áurea e ocupados os espaços compreendidos entre os montes Célio, Esquilino e Palatino. Após a morte de Nero, os imperadores Flavianos restituíram para o povo parte dos espaços ocupados pelas suas residências, construindo as Termas de Tito na colina de Oppio e o Coliseu, além do Arco de Tito, o Templo da Paz, o Fórum de Nerva, o palácio imperial no Palatino e o estádio de Domiciano, atual Piazza Navona.
Durante algum tempo as grandes obras foram suspensas, só retornando a elas com a construção das termas de Diocleciano, da Basílica de Massenzio, a grandiosa Vila de Massenzio, na via Appia e o Arco de Constantino. A partir daí tem início a construção das primeiras grandes igrejas cristãs, como as basílicas de São João de Latrão e da Santa Cruz de Jerusalém e as cemiteriais nas tumbas dos mártires contíguas ao mausoléu da família imperial. Mais tarde construíram as basílicas de Santa Maria Maior e São Paulo Fora de Muros. O poder temporal do Papado posteriormente veio a interferir no território citadino e nas igrejas.
Roma é circundada por uma auto-estrada circular de cerca de 60 km de perímetro, chamada de Grande Raccordo Anulare (grande cordão circular) que intersecta todas as estradas consulares do tempo da Roma Antiga , como a Via Salaria, a Nomentana, a Flaminia, Cassi, Aurélia, Portuense, Appia, Tuscolana etc. Todas elas partem do Capitólio, ligando Roma a todo o antigo império. A capital italiana é servida por três aeroportos: Leonardo da Vinci, Giovan Battista Pastine e Urbe, atualmente fechado à aviação civil. Em Roma também existe uma rede de metrôs, a Metropolitana di Roma. Embora pequena, devido aos achados arqueológicos, que prejudicam a sua extensão, o metrô da capital italiana é apenas uma parte de uma longa rede de transportes, como a dos elétricos, com várias linhas urbanas e suburbanas dentro e em redor da cidade, mais uma linha expressa para o Aeroporto de Fiumicino.
A subdivisão administrativa de Roma é formada pela divisão do território da comuna em 19 subcomunas, designadas municípios, numerados de 1 a 20. Através de votação popular, Fiumicino adquiriu o estatuto de comuna autônoma.
O poderoso Vaticano
É impossível escrever sobre Roma sem dedicar, dada a sua importância, parte do texto ao Vaticano, a cidade mais populosa da Itália. A língua oficial é o latim, mas na prática adotam também o italiano. Seu governo é uma monarquia absoluta eletiva teocrática. Atualmente o papa é Bento XVI e o presidente do governo, Giovanni Lajolo. O Vaticano obteve sua independência através do Tratado de Latrão, de 11 de fevereiro de 1929, assinado por Benito Mussolini e o Papa Pio XI. Sua área total é de 0,44 quilômetros quadrados e sua população (em 2007) era de 800 habitantes. Sua renda per capita é de US$ 416 mil e a moeda circulante é o euro.
O Vaticano é uma cidade-estado e o menor estado independente do mundo, situado na zona norte de Roma. É a residência oficial do papa e sede da Igreja Católica e também da Igreja Católica de Rito Latino. Originalmente, Vaticano era uma figura da mitologia romana que “abria a boca do recém-nascido para que ele pudesse dar o primeiro choro ou grito”. Também denominava uma das sete colinas de Roma, onde se erguia o Circo de Nero, local em que São Pedro foi torturado e sepultado.
O papa, chefe de estado, é eleito por um colégio de cardeais denominado conclave para um cargo vitalício e detém os poderes legislativo, executivo e judiciário desde a criação do Vaticano. Tecnicamente é uma monarquia eletiva não hereditária, podendo ser considerado como uma autocracia, uma vez que todos os poderes cabem ao papa, por ser sucessor de São Pedro, não tendo que prestar contas a ninguém, já que é considerado um emissário de Deus na Terra. A Cúria Romana é na verdade o governo do Estado e sua gestão administrativa é responsabilidade do secretário de estado, que é uma espécie de primeiro-ministro. O estado do Vaticano administra as propriedades que pertencem à Santa Sé, situadas em Roma e em seus arredores. Em julho de 2004, o Vaticano foi considerado observador das Nações Unidas, reconhecido internacionalmente como membro de pleno direito dessa entidade, mas abdicou voluntariamente do direito de voto.
O Vaticano tem seus próprios embaixadores ou representantes, um jornal oficial (Acta Apostolicae Sedis), uma estação de rádio e uma força militar denominada Guarda Suíça e emite moeda autonomamente (desde 2002, o euro), selos e passaportes. A economia do Vaticano é baseada na captação de donativos das comunidades eclesiais (igrejas) pertencentes à Igreja Católica Apostólica Romana no mundo inteiro. As despesas também são pagas por programas sociais. Além disso, o Vaticano mantém um canal de donativos conhecido como Óbulo de São Pedro, o doador remetendo os fundos diretamente para lá. O complexo dos Museus Vaticanos também capta recursos para o estado através do turismo, já que não há em nenhum outro lugar do mundo tanto valor artístico e intelectual, concentrado no Arquivo Secreto do Vaticano, na Biblioteca Apostólica Vaticana e nos acervos de pintura, escultura e arte sacra das igrejas romanas. Através de um acordo com a Itália, a unidade monetária do Vaticano é o euro. Como o Vaticano não possui uma casa de emissão própria, tem um acordo com o governo italiano para efetuar a cunhagem, que não pode ser superior a 1 milhão de euros anuais.
A população do Vaticano é formada por membros da Igreja, que por força de suas atividades lá residem. Além do papa, bispos, cardeais, arcebispos e diversos funcionários, a maioria dos estáveis sendo italianos, além de considerável número de suíços. O restante é originário de diversas nações.
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