Natal de 2005
O mundo dado à luz
com um de nós
vem puro do útero
No primeiro ato
chamado infância
admite o sonho
reconhece a alegria
vivencia o amor
O mundo original
não é esse visto
banalizando o ódio
explodindo em bombas
ou perdendo balas
em qualquer têmpora
nem esse que fecha
o ato segundo
chamado juventude
tão antes do fim
O mundo real
reduziu-se a ilusão
e o fictício assumiu
as rédeas do tempo
Crescendo que soube:
Papai Noel existe
irreais são os homens
25/12
Para a palavra natal
traduzir nascimento
devo entrar no seu sentido
— não o etimológico —
o sentido real
Devo fazer do dia algo mais
que a distribuição de caixas
ao pé de um verde imaginário
ou de um cadáver vegetal
Devo entranhá-lo na carne
encher dele as veias
devo bebê-lo e comê-lo
muito mais que vinho e nozes
Para o natal ser feliz
e feliz desejá-lo ao outro
existe uma cláusula:
que em mim se transforme
o não-homem destruído
Só assim haverá natal:
repaginando-me a cada
vinte e cinco do doze
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