Dores e delícias
´Maysa - Quando Fala o Coração´
retrata a polêmica vida da cantora
por Fabíola Tavernard / PopTevê
Uma mulher intensa, forte, transgressora. Até demais. É isso que pretende mostrar a minissérie que estréia dia 5 de janeiro na Globo. Maysa - Quando Fala o Coração, sobre a cantora que embalou multidões nas décadas de 60 e 70, é dirigida por Jayme Monjardim, filho da artista. A produção de nove capítulos foi escrita por Manoel Carlos, mas não se trata de uma obra biográfica. “A história não é narrada de forma linear. Juntamos de tudo um pouco. Infelizmente, deixamos algumas coisas de fora, mas tudo o que é relevante está lá”, adianta Maneco. Para Jayme, a trama é nada menos do que o projeto de sua vida. “Preparei-me a vida toda e tive o distanciamento e a frieza necessários para esse trabalho. Acho que, quando assistir, vou me sentir pela primeira vez como filho”, acredita.
Maysa, interpretada por Larissa Maciel, teve uma vida forte, porém, curta. Morreu aos 40 anos, no auge da carreira, em um acidente de carro na ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro. Um bom exemplo de tamanha intensidade é a seqüência de cenas que vai ao ar no capítulo sete. Tudo começa com o repentino sucesso de Maysa na Europa. Durante um show em Madrid, ela conhece a milionária Gabriela, personagem de Melissa Vettore, que, encantada com seu talento, a convida para hospedar-se em sua casa durante a temporada. Para recebê-la ainda melhor, Gabriela promove um jantar de boas-vindas à artista para apresentá-la à alta sociedade européia. “Ela trata Maysa muito bem, desde o início. E não perde a dignidade nem diante da traição”, pontua Melissa, referindo-se ao caso da cantora com o marido de Gabriela.
Intensa e sem freios diante de potenciais paixões, a cantora envolve-se com Miguel Azana, espanhol vivido por Pablo Bellini. E é numa dessas escapadas, durante a festa, que os dois são flagrados por Gabriela. “Ela viveu 40 anos muito bem vividos, passou por muita coisa. Cada cena tem muita intensidade e um porquê de estar ali”, afirma Larissa. Com o flagrante, Miguel e Gabriela se separam e ele, apaixonado, volta com Maysa, com quem fica casado por 10 anos, para o Brasil. “Ele não gostava de passar despercebido frente a nenhuma mulher. Se era artista e cantora, melhor ainda. E com a Maysa foi amor à primeira vista. Por isso eu acho que ele foi um bom companheiro, um cara de cabeça aberta para a época”, opina Pablo.
Amores, aliás, não faltaram na vida da cantora. Começou com André Matarazzo, seu primeiro marido. Depois, veio Ronaldo Bôscoli, sua grande e fugaz paixão. Houve o galã Carlos Alberto, um de seus últimos namorados. Ou seja: a cantora colecionou histórias de amor. Estas, porém, são apenas algumas que serão lembradas na minissérie, representadas por Jayme Matarazzo, Mateus Solano e Pablo Bellini, respectivamente. Talvez fosse justamente isso que a inspirasse a escrever canções recheadas de sofrimento, boas para ilustrar momentos de dor-de-cotovelo. “Tudo nela era movido pelo sentimento”, reforça Jayme.
Para o diretor, além de contar parte de sua história, a minissérie ganha importância por dar o pontapé no que ele chama de o futuro da tevê. Toda filmada em alta definição, com uma câmera que ainda está sendo testada mundo afora, a produção ganha o olhar clínico de Affonso Beato, diretor de fotografia responsável por premiados filmes de Pedro Almodóvar, como Tudo Sobre Minha Mãe e Carne Trêmula. Tanto cuidado com a imagem, numa tentativa de levar a qualidade do cinema para a tevê, não é à toa. O objetivo é transformar a minissérie em CD, DVD e livro. “Também vamos lançar um longa a partir da minissérie. Esse trabalho, sem dúvida, tem um gosto especial”, encerra, emocionado.
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