Niemeyer continua na ativa
Mario de Moraes
No dia 15 de dezembro de 1907 nascia, no Rio de Janeiro, aquele que haveria de tornar-se um dos mais ilustres brasileiros, considerado mundialmente como um gênio em sua profissão. Seu nome: Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares. Em 2007, ele comemorou seu centenário com praticamente o mesmo vigor da juventude e traçando planos para obras futuras, que lhe estão sendo encomendadas em todo o mundo. Niemeyer é considerado um dos mais influentes profissionais da Arquitetura Moderna Internacional.
Quando Niemeyer veio ao mundo o Rio de Janeiro era a capital do Brasil. Sua casa ficava numa rua que, mais tarde, receberia o nome do seu avô, Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal Federal. Com 21 anos concluiu o ensino secundário (hoje seria segundo grau). Na mesma época surpreendeu a família casando-se com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem teve uma filha, Anna Maria Niemeyer. Sua descendência hoje em dia soma cinco netos, treze bisnetos e quatro tataranetos.
Decidiu, então, sem prejuízo dos estudos, ingressar na oficina tipográfica do pai e fez o Vestibular para a Escola Nacional de Belas Artes. Em 1934, recebeu o diploma de engenheiro arquiteto e aceitou trabalhar de graça no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, certo de que isso lhe daria experiência.
Adepto do comunismo e admirador de Stalin, em 1945 Niemeyer ingressou no PCB e passou a ser perseguido pela polícia política. Isto fez com que ele se auto-exilasse na França. Depois viajou para a União Soviética. Suas convicções de esquerda eram de tal ordem, que alguns anos mais tarde Fidel Castro declararia: “Niemeyer e eu somos os últimos comunistas deste planeta”.
Niemeyer ainda trabalhava no escritório de Lúcio Costa quando este foi convidado pelo ministro Gustavo Capanema para projetar o novo edifício do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Contando com uma excepcional equipe de profissionais, onde ao lado de inúmeros e consagrados arquitetos (inclusive o franco-suíço Le Corbusier) funcionavam Portinari (autor dos belíssimo azulejos, que até hoje encantam aqueles que passam em frente ao prédio), Roberto Burle Marx (encarregado dos jardins) e Alfredo Ceschiatti, a quem foi dada a tarefa das esculturas, o grupo levantou um edifício, que ficou pronto em 1943, elevando-se da rua apoiado em pilotis: sistema de pilares de concreto que mantém a construção como se estivesse suspensa, o que permite o trânsito de pedestres por debaixo da mesma. Niemeyer acompanhou a obra passo a passo e, através dela, descobriu as inúmeras possibilidades da moderna arquitetura.
Niemeyer e JK
Foi muito promissor o encontro que Niemeyer teve com Juscelino Kubitschek, na época prefeito de Belo Horizonte (MG). Impressionado com as idéias de Niemeyer, JK o contratou para projetar uma série de prédios numa região chamada Pampulha, na capital mineira. Na época Niemeyer tinha 33 anos de idade e este foi o seu primeiro e importante trabalho individual.
Os prédios ficaram prontos em 1943 e renderam muitas polêmicas. Entre os do contra estava a Igreja Católica, que negou-se a benzer a Igreja de São Francisco de Assis. A recusa era por causa do mural pintado por Portinari, onde o motivo principal, a figura de São Francisco de Assis, não correspondia ao imaginário católico.
Em 1947, Niemeyer viajou para os Estados Unidos para compor uma equipe de conceituados arquitetos que projetariam a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. O mais curioso é que, um ano antes, Niemeyer tinha sido convidado para lecionar na Universidade de Yale, mas as autoridades americanas, por sabê-lo comunista, negaram-lhe o visto. Em 1950 sai publicado, nos Estados Unidos, de autoria de Stamo Papadaki, o primeiro livro sobre sua vitoriosa carreira (The Work of Oscar Niemeyer). Em nosso país Niemeyer projeta-se em São Paulo com o Conjunto do Ibirapuera.
Juscelino Kubitschek, eleito presidente do Brasil em 1956, oferece-lhe a direção da Novacap, que cuidaria da mudança da capital para o centro do país. É um projeto grandioso e Niemeyer aceita o desafio. Por coincidência quem ganha a concorrência para realizar o plano urbanístico de Brasília é Lúcio Costa, ficando acertado que Niemeyer realizaria os projetos dos prédios e Lúcio Costa, o plano da cidade.
Enfrentando toda sorte de dificuldades, críticas e tropeços políticos, mas com total apoio de JK, os dois levantaram uma cidade que hoje é um exemplo do modernismo arquitetônico em todo o mundo.
Vem a ditadura militar e um dos profissionais mais atingidos é Oscar Niemeyer. Seus projetos vão sendo misteriosamente recusados e seus clientes desaparecem. Em 1965, duzentos professores pedem demissão da Universidade de Brasília, protestando contra a política universitária comandada pelos militares. Oscar Niemeyer está entre eles. Nesse mesmo ano ele viaja para a França a fim de realizar uma exposição no Museu do Louvre. Resolve, então, ficar em Paris, onde monta um escritório nos Champs-Elysées. Chovem pedidos de novos projetos encomendados por diversas nações. Entre elas, França, Argélia e Itália. Na França cria a sede do Partido Comunista Francês; na Argélia desenha o projeto da Universidade de Constantine e em 1970 a mesquita de Argel; na Itália projeta o prédio da Editora Mondadori.
Em 1980, Niemeyer volta ao Brasil e, entre muitas obras, levanta o Memorial JK (1980); o prédio sede da Rede Manchete de Televisão (1983); os Sambódromos do Rio de Janeiro (1984) e de São Paulo (1991); o Panteão da Pátria de Brasília (1985) e o Memorial da América Latina (1987), em São Paulo. Em 1988, é criada a Fundação Oscar Niemeyer, cuja principal finalidade é preservar o acervo do mestre.
Aquela que muitos consideram a sua obra-prima, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC, Niemeyer planejou e executou aos 89 anos. Em 2003, projeta um anexo na Serpentine Gallery – uma galeria londrina que a cada ano constrói um pavilhão em seu jardim. No dia 22 de novembro de 2002 é inaugurado o complexo que abriga o Museu Oscar Niemeyer em Curitiba (PR). E em 2006, para surpresa geral, casa-se com Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos, sua secretária.
O que significam 101 anos de vida para Oscar Niemeyer? Aparentemente nada, já que ele está realizando o seu primeiro projeto na Espanha, um centro cultural com o seu nome, na cidade de Avilés, cuja inauguração está prevista para 2010.
Oscar Niemeyer, que aos 101 anos se mantém perfeitamente lúcido e ativo, recebeu as mais importantes condecorações mundiais, fez inúmeras palestras e escreveu sete livros, inclusive Minha experência em Brasília, editado em 1976, na França, Japão, Espanha e Rússia.
Pilates: mente sã em corpo são
Rosa Martire
Usando este ditado antigo e muito conhecido é possível dar uma idéia do principal objetivo do método criado por Joseph Hubertus Pilates, que tem os seguintes pilares: concentração, controle, centro, fluidez nos movimentos, respiração e precisão. Utilizado largamente no mundo, o Pilates se tornou uma atividade física bem vista em todas as idades, tanto por pessoas com problemas físicos como por aqueles que buscavam uma atividade diferente, com atendimento especializado e sem a correria de uma academia.
Pilates é um programa de treinamento físico e mental que considera o corpo e a mente como uma unidade, dedicando-se a explorar o potencial de mudança do corpo humano. Esta mudança, que tem como meta alcançar um melhor funcionamento do corpo, baseia-se no fortalecimento do centro de força, expressão que denomina a circunferência do tronco inferior, a estrutura que suporta e reforça o resto do corpo. Para Joseph Pilates, o criador do método, a parte mais importante do corpo é a zona em que se encontram a parte inferior da caixa torácica e a linha que cruza o quadril, a qual é chamada também de central elétrica. Na realidade, todos os exercícios fazem com que se trabalhe a central elétrica e se consiga aplainar o abdômen e reforçar e desenvolver uniformemente a região lombar.
A partir de um vasto repertório de exercícios, com uma quantidade pequena de repetições, realizadas suavemente, com o uso de aparelhos, bolas ou sem nenhum equipamento, o método evita um desgaste físico e permite uma postura correta e natural. Além disso, o Pilates fortalece os músculos fracos, alonga os músculos que estão encurtados e aumenta a mobilidade das articulações. Dessa forma, os exercícios aliviam as tensões, o estresse e as dores crônicas, melhorando a coordenação motora também. Ao mesmo tempo, o método promove o relaxamento ao trabalhar a concentração e respiração durante os movimentos, pois a força e contração dos exercícios são focadas na central elétrica.
Reeducação postural
A fisioterapeuta dra. Dayana dos Santos Angra se encantou pelo método Pilates há mais de dois anos, quando a curiosidade a fez fazer um curso que adotava os princípios Joseph Pilates. A partir daí, ela começou a praticar o método em Nova Friburgo, no Centro de Fisioterapia e Saúde – Cefisa (Rua Trajano de Almeida 57). Segundo Dayana, as aulas de Pilates podem ser ministradas tanto por fisioterapeutas como profissionais de educação física, desde que não seja uma indicação médica que requeira os conhecimentos da fisioterapia no tratamento, ao invés de apenas uma atividade física. Adepta da reeducação postural, ela sentia necessidade de uma técnica que pudesse corrigir a postura de uma maneira mais dinâmica, diferente da conhecida forma estática de tratar escolioses e descobriu que o Pilates poderia suprir essa carência nos seus atendimentos, percebendo que o método poderia trazer bons resultados, unindo os conhecimentos da fisioterapia aliados à atividade física.
Atualmente, muitas pessoas que procuram dra. Dayana Angra para fazer Pilates o estão fazendo por indicação médica, o que não acontecia muito anteriormente. Mas como os médicos, hoje, já entendem o método como um aliado na qualidade de vida de pessoas que precisam de uma atividade física regrada, essa procura tem crescido significativamente. Apesar disso, boa parte dos alunos é composta por pessoas jovens que querem fazer exercícios sem ser naquele ambiente mais tumultuado das academias e também buscam um atendimento quase exclusivo, já que Dayana recebe, no máximo, três pessoas por hora de atendimento. E ainda que muitos alunos não tenham indicação médica, a fisioterapeuta não dispensa uma avaliação minuciosa em cada aluno antes que ele inicie as aulas por entender que, apesar de não ter nenhum problema aparente, não existe indivíduo perfeito e há sempre um ponto específico que deve ser mais cuidado. Por isso, a cada aula/sessão Dayana elabora exercícios diferentes, personalizados para cada aluno, reforçando os pontos mais frágeis no corpo de cada um.
Alterações na coluna
Entretanto, para aqueles que apresentam problema, o maior percentual, entre 70 e 80% dos casos, é de alterações na coluna. Por isso, a reeducação postural, os alongamentos, o fortalecimento da musculatura têm mostrado resultados muito bons nas pessoas que sentem alguma dor na coluna. Em pouco tempo, cerca de um mês, as pessoas que aderem ao Pilates já sentem diferença, seja dormindo melhor, seja se sentindo mais esguias. Mas é a partir dos três meses que os resultados ficam mais aparentes e sólidos.
Dayana tem vários casos de sucesso, mas destaca o de uma mulher de 45 anos com problema de hérnia discal na lombar, que já havia feito fisioterapia, mas que não tinha obtido melhora significativa e que, com seis meses de Pilates, se sentia outra pessoa, sem dor.
Outro exemplo é o de um homem com 63 anos de idade e problemas sérios na coluna, com dor que irradiava para as pernas, fazendo-o mancar, além de uma artrose no joelho direito, o que limitava ainda mais sua locomoção. Em apenas três meses, com três atendimentos por semana, a dor na coluna cessou por completo, embora seu joelho ainda precisasse de um trabalho mais intenso. Passados oito meses, o aluno continua freqüentando as aulas e ganhou em qualidade de vida, além de ter melhorado sua auto-estima. O que reforça os ensinamentos do criador do Pilates, que dizia: “Uma boa condição física é o primeiro requisito para ser feliz”.
Três pessoas
Segundo Dayana, ao decidir fazer Pilates, seja por indicação médica ou não, a pessoa deve ter confiança no profissional que vai atendê-la. Para isso, é sempre prudente buscar informações, pedir referências, solicitar a comprovação da sua qualificação para ministrar as aulas de Pilates. Lembrando que uma pessoa que tenha indicação médica, ou que sinta dores, deve fazer Pilates com um fisioterapeuta e que somente numa aula com, no máximo, três pessoas, o profissional é capaz de dar a devida atenção a todos. Mais do que essa quantidade, para Dayana, deixa de ser Pilates.
Para a fisioterapeuta, nos casos em que existe indicação médica, é preciso trabalhar em equipe. “Ninguém trabalha sozinho”, explica Dayana. Ela considera que o trabalho multidisciplinar só traz benefícios para o paciente e que, mais de uma vez, indicou outros profissionais para atenderem a seus pacientes, como o contrário também tem acontecido. Ela cita como exemplo uma pessoa que quer fazer Pilates, mas que precisa perder peso. Dayana não vê problema nenhum de indicar um endocrinologista para o paciente. Dessa forma, ela considera que o atendimento fica mais completo e permite a harmonização da pessoa.
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