Doze conselhos para ter um infarto bem-sucedido
por Dr. Ernesto Artur - Cardiologista
Quando publiquei estes conselhos amigos-da-onça em meu site, recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente.
1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias;
2. Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder, também aos domingos;
3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde;
4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem;
5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.;
6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes;
7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro;
8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro;
9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo;
10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo;
11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos.Agem rápido e são baratos.
12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.
Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.
A decadência do império do café no Centro-Norte contada por Paulo Queiroz
O professor de física e matemática Paulo Queiroz, 57 anos, estréia como escritor contando não só para seus alunos, mas agora para o público em geral, todas as peculiaridades da queda do poder dos barões do café, que garantiam a soberania das regiões Centro-Norte, Noroeste e do médio Paraíba nos idos das décadas de 30 e 40, através de sua primeira obra literária, Ladrões de Cavalos. Para escrever a obra, o escritor, natural de São Sebastião do Alto, um dos berços do café no século passado e que, até então, só editou livros didáticos, remontou a muitas pesquisas sobre o império cafeeiro no interior fluminense e a principal explosão do setor, em 1929, com o blecaute da economia americana e mundial após a queda da bolsa de Nova York.
“Com esse impacto e em meio à revolução de 1930, os caciques da economia brasileira começaram a perder poder e o comportamento dos latifundiários modificou-se. Todos foram da prepotência à falência”, observa o escritor, que a partir daí fundamentou Ladrões de Cavalos. Com a quebradeira dos barões do café, os pequenos e médios produtores que cultivavam demais hortifrutigranjeiros começaram a despontar economicamente e o papel social inverteu-se.
“Mas os coronéis não podiam perder o mando e começaram a pagar capatazes para roubar cavalos dos pequenos produtores, a fim de amedrontá-los e fazer com que fossem embora da região, vendendo suas terras produtivas a preços módicos”, completa Queiroz justificando o nome do livro, que tem 87 páginas e ilustração de capa do artista plástico itaocarense Henrique Resende.
Paulo Queiroz lançou o livro recentemente e se encarrega de divulgá-lo pessoalmente aos amigos, mas já programa um lançamento oficial, com direito a tarde de autógrafos, em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro. Orgulhoso com a obra, ele espera contribuir para que os leitores façam uma análise detalhada da responsabilidade dos coronéis do café pelo êxodo rural e o fortalecimento da favelização do Rio de Janeiro.
Homem que é homem...
o que é?
Por Dr. Carlos Pires Leal - Psicanalista, psiquiatra - http://www.carlospiresleal.com
Recentemente, participei de uma jornada (Minimização das Diferenças e Novas Conjugalidades - Nova Friburgo, agosto de 2008) promovida pela Associação Psicanalítica de Nova Friburgo. No evento aceitei o desafio de refletir sobre a construção da masculinidade nos tempos atuais. Mais especificamente, propus-me a pensar com os meus interlocutores sobre a relação pai-filho: que funções um menino espera e precisa que sejam cumpridas pelo seu pai? O que caracterizaria um pai razoavelmente bem-sucedido e o que representaria falha nesta função?
Para início de conversa, uma constatação: o homem, seja ele pai ou não, reluta em se colocar como foco de reflexão como mais comumente faz a mulher. Talvez a urgência da mulher em tematizar as questões que cercam o seu gênero tenha relação com a histórica condição de ser subjugado pela cultura machista-chauvinista que acabou por deflagrar o movimento feminista na década de 60. Um longo caminho foi percorrido nestes últimos 40 anos e a emancipação da mulher é hoje uma realidade. A mulher-mãe emancipada já não proclama junto à sua filha: “Arrume um bom marido!”, e sim: “Vai, minha filha, ter sucesso na vida!”. Eis que o homem tornou-se figura dispensável, pelo menos para o cumprimento de preceitos que definiam e garantiam um lugar e uma função social específicos no cenário social: o lugar do comandante-em-chefe do núcleo familiar. Homem que é (era) homem, além de não chorar, definia e comandava o destino de sua família.
A consolidação da conquista da competência para autogovernar-se e a confiança que a acompanhou, tornou o confronto com o homem obsoleto como estratégia de afirmação e mudou a identidade do movimento feminista. A terceira geração das feministas européias, por exemplo, está hoje interessada em descobrir o que é específico na alma feminina e em suas realizações simbólicas. As mulheres buscariam uma linguagem que dê sentido às suas experiências corporais e intersubjetivas deixadas mudas pela cultura anterior. O que importa agora na diferenciação homem x mulher é a posição peculiar de cada um em relação ao poder, a linguagem e ao sentido. A mulher procura dar novo significado para a experiência que lhe é única e específica de trazer ao mundo uma criança.
E o homem: homem que é homem o que passa a ser? Como se vê e como fica no pós-feminismo? Aturdido a acuado com a perda do poder e do lugar social que ocupava, recua, confunde-se, assusta-se. Por vezes, deprime-se. Em certas situações, assiste à ascensão da mulher e abstém-se, renuncia, ressente-se. Sente-se menos masculino, mas acaba percebendo que não ficou menos nem menor, mas diferente. Da revalorização da diferença entre os sexos ressurge o encanto e a graça da busca, no outro, do que não se tem e não se pode ser em si mesmo. A disputa e o confronto entre os sexos dão lugar à parceria e a novos contratos relacionais. Se a mulher experimenta a potência viril de lançar-se à vida com determinação e plenitude, o homem descobre que, além da lei, pode oferecer colo aos filhos. O avanço no território amoroso-afetivo por parte dos homens é particularmente visível através de uma nova forma de viver a paternidade e a relação com a casa: ser dono-de-casa como uma expansão de suas formas de ser.
Homem que é homem declara seu afeto por outro homem? Serginho – campeão olímpico de voleibol – que o diga. No jogo contra a Alemanha (18/08/08), tendo o Planeta por testemunha, gritou, ainda dentro de campo, um sonoro EU TE AMO! para o colega Giba que o havia apoiado em uma jogada genial.
A paternidade me fez querer ser filho de novo, afirma o poeta Fabrício Carpinejar, cujo pai, Carlos Nejar, o grande poeta dos pampas brasileiros, lhe deixou a verve da poesia. Ao invés da sucessão geracional constituir-se, como pressentiu Laios, em prenúncio de morte, enriquece, revitaliza e pereniza a vida. Quando a dor pela admissão da transitoriedade da vida pode ser tolerada, podemos desfrutá-la e recriá-la amorosamente. Mas é preciso ser um cabra-muito-macho para enfrentar os ciclos da vida... e rever o seu destino dentro deles.
televisão
Entre dois amores
por Louise Araujo / PopTevê
Lá se vai um ano de “Toma Lá Dá Cá”. E poucas vezes o público teve a oportunidade de ver a divertida Bozena em algum figurino que não os uniformes usados pela empregada interpretada por Alessandra Maestrini. Por isso, não deixa de ser surpreendente encontrar a atriz “montada” com os cílios postiços, a maquiagem carregada e a longa peruca que dão o tom de Amélia, a ressentida protagonista de “7 - O Musical”. “O pessoal chega procurando pela comédia da tevê, e encontra uma peça trágica”, diverte-se a atriz, que encarna a personagem pela segunda vez, desde a reestréia da peça, em setembro.
As diferenças entre os papéis, porém, não param por aí. Se Bozena entretém com uma certa ingenuidade e um humor rasgado, Amélia é o retrato do sofrimento amoroso, temperado por grandes doses de vaidade. Longe de ser motivo de reclamação, a alternância de perfis psicológicos tão distintos é quase uma terapia para Alessandra. “O artista tem muita coisa dentro de si. Se nós fôssemos dar vazão a todos esses sentimentos na trivialidade do cotidiano, iam nos internar”, acredita. “Por isso, quanto mais coisas eu estiver fazendo e mais diferentes elas forem, melhor”, garante.
A oportunidade de viver Amélia veio através do compositor e tradutor Cláudio Botelho e do diretor e cenógrafo Charles Möeller, dupla que assina boa parte das bem-sucedidas produções musicais em cartaz no Brasil. Alessandra, aliás, estreou no gênero com eles. Foi em “As Malvadas”, de 1997, pouco depois que ela voltou dos Estados Unidos, onde estudou como bolsista de Música e de Teatro na Universidade de Evensville, no estado de Indiana. A partir daí, seguiram-se outras parcerias do trio – como “Ópera do Malandro” e “O Abre Alas” – até o convite para protagonizar “7 - O Musical”. A oferta, ela diz, despertou um “tantinho” de medo. “É uma grande responsabilidade. Eu brinco, dizendo que sempre que me convidam para alguma coisa eu topo, e depois acho que não vou conseguir”, revela. “Mas a vontade de fazer foi mais forte”, recorda.
E, para definir Amélia, a atriz nem precisa pensar muito. “Acho que ela é muito da insegura, né?”, dispara a paulista, criada no Rio de Janeiro, com seu natural bom humor. A opinião se aplica bem ao papel: abandonada por Herculano, interpretado por Jarbas Homem de Mello, a dona-de-casa lança mão da feitiçaria para “reaver” o marido da rival Bianca, de Alessandra Verney. Ela procura por Carmem, bruxa vivida por Zezé Motta e que promete trazer de volta o amor de Herculano, desde que Amélia realize sete tarefas. Todas simples, menos a última: ela precisa oferecer às forças ocultas um coração ainda pulsante de um jovem que nunca amou. “O Charles diz que a peça é um tratado sobre vaidade, inveja e apego. Nós, mulheres, lidamos muito com isso no nosso dia-a-dia”, avalia. “A gente acha que não é nada se não tiver um homem que nos ame. Se todos os homens, até o último deles, não nos amarem, nós estamos incompletas”, sintetiza.
Além da xará Alessandra Verney, de Jarbas e Zezé, a atriz divide o palco com outros 12 atores e cantores. São profissionais tão diferentes quanto Eliana Pittman, veterana dos palcos como cantora que estréia como atriz no papel de Rosa, e Ida Gomes, a misteriosa Sra. A., que tem 60 anos de carreira. Some-se a elas a adolescente Marina Ruy Barbosa, que interpreta Clara, e a atriz e transformista Rogéria, que vive a cafetina Odete, e se tem uma boa idéia da mescla no palco. “Existe uma lei da física que diz que a base da criação está na probabilidade das relações”, ensina. “Imagina o quão rica é a nossa criação, com essa variedade de tipos e histórias”, completa Alessandra, valorizando a “mistura” nos bastidores.
Mas a peça também exige bastante do corpo da atriz. Presente na maior parte das cenas, muitas vezes ela precisa se manter imóvel na mesma posição – mas engana-se quem pensa que Alessandra faz alguma atividade física para agüentar o “tranco”. “Não faço nada! Deveria me preparar melhor, né? Talvez no ano-novo eu mude isso”, brinca ela, que, em 2009, planeja aportar em São Paulo com o espetáculo.
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