TELEVISÃO: Entre o céu e a terra

Márcio Garcia viverá o conflituoso Bahuan em “Caminho das Índias”
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
por Jornal A Voz da Serra
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Desde que foi convidado por Glória Perez para viver o indiano Bahuan em “Caminho das Índias”, próxima novela das oito da Globo, Márcio Garcia está tendo de rever seus conceitos. Isso porque ele será um intocável na trama prevista para estrear em janeiro de 2009. E, segundo os textos sagrados dos hindus, os intocáveis são aqueles que nascem “impuros” e não podem usufruir nem se relacionar com os integrantes das outras castas. “O intocável é nada, nem casta tem. É um cara que não teve direito a escola, a hospital... Se ficar doente, morre mesmo. É o karma dele”, explica.

O problema é que a trama central de “Caminho das Índias” gira em torno do amor proibido entre Bahuan e Maya, personagem vivida por Juliana Paes, moça de alta casta. “É um Romeu e Julieta muito mais embasado, porque não está ligado só ao preconceito, mas à crença de que a paixão entre os dois pode significar uma desgraça para as famílias por gerações”, esclarece. Para Márcio, aliás, esse confronto promete criar polêmica, já que o público brasileiro vai acabar analisando o romance do ponto de vista ocidental. “Aos olhos ocidentais, as pessoas vão se perguntar por que eles não podem ficar juntos”, opina.

Tanta certeza do ator vem de sua própria experiência. Assim que começou a estudar a posição dos intocáveis na sociedade indiana, ele ficou chocado. Principalmente quando soube que Bahuan conheceria Maya depois de uma longa temporada nos Estados Unidos. “Por que ele voltaria à Índia como um cachorro, sem ter direito a nada, nem mesmo a viver com a mulher por quem se apaixonou?”, questiona. Mas o choque inicial foi fundamental para Márcio comprar ainda mais a briga do personagem. Tanto que, depois de entendê-lo melhor, passou a analisar a cultura da Índia com outros olhos. “Essa questão de a mulher de uma alta casta se relacionar com um intocável é uma lástima na cultura indiana. Por isso, entendo o drama do casal”, esclarece.

Além de assistir palestras sobre a História da Índia para compor o excluído Bahuan, Márcio está tendo inúmeras aulas para se familiarizar com a cultura indiana. “A gente está vendo tudo: os rituais, como se come, como se dança, como se veste, como se usa a roupa e como se limpa”, conta o ator, acrescentando que também assistiu ao longa “Um Casamento À Indiana”, de Mira Nair. “É a história de uma indiana que está prometida a um indiano, mas acaba se apaixonando e vivendo um romance com um americano”, descreve.

Longe da Globo desde 2005, quando mudou-se para Record para apresentar o programa “O Melhor do Brasil”, Márcio já estava com saudade de fazer novela. Apesar de declarar que também adora apresentar. “Não tenho preferência por atuar ou apresentar. Prefiro fazer o que estou fazendo. Não vivo esse drama de ficar almejando a grama do vizinho”, diz. Além disso, o ator afirma que é do tipo de se dedicar a uma tarefa de cada vez. “Amanhã posso voltar a ser apresentador e não atuar”, acredita.

Apesar de ainda não ter começado a gravar as cenas da novela, ele tem certeza de que vai curtir muito viver o personagem. Até porque, desde que estreou na tevê, na novela “Tropicaliente”, exibida em 1994, nunca tinha interpretado um papel tão cheio de conflitos. “Sem dúvida, o Bahuan é o personagem mais complexo que já fui convidado a fazer”, ressalta Márcio, que, nos próximos meses, vai viajar com o resto do elenco para Índia para gravar a novela por lá.

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