O momento é de transformações para Maytê Piragibe. De volta ao ar como a Nati de Os Mutantes, a atriz de 24 anos está produzindo um monólogo – do qual também assina a autoria –, decidiu morar sozinha e diz, para quem quiser ouvir, que cresceu. “Estou mesmo em uma nova fase, conquistando a minha liberdade. É um processo difícil, mas necessário”, ensina. Curiosamente, o mesmo processo pode ser observado na personagem que ela defende na trama de Tiago Santiago. Aos 25 anos, Nati é uma mulher independente e moderna que se transforma em vampira após um ataque e precisa aprender a lidar com a nova realidade. Para Maytê, não se trata de coincidência. “Acredito que a gente atrai, sim, certas energias. Estou em um momento de mudanças na minha vida e isso reflete no trabalho”, garante.
A mudança, segundo ela própria, veio em boa hora. Depois de dar vida a uma série de “menininhas” – como ela mesma define – e de trabalhar com o público infantil comandando o TV Globinho, Maytê afirma que estava sentindo necessidade de trocar de ares. “Conversando com a direção da Record, eu explicava que queria sair desse estereótipo da garota doce”, relembra a atriz, que teve de suar para vencer a resistência da emissora por causa de seu físico bem mignon. “Diziam que era difícil me imaginar como vilã, porque eu sou pequena. Mas eu respondo que sou atriz”, protesta.
Nati, porém, não é exatamente malvada. Mordida por Ísis – a mulher vampira invisível vivida por Louise D’Tuany – a sofisticada jovem passa por um grande conflito interno. Apesar de ser ética e lutar ao lado da Liga do Bem, ela tem problemas com a nova condição. “A Nati não aceita bem a mutação. Ela é boa, mas tem o mal dentro de si. Talvez isso seja o mais difícil de conseguir mostrar”, avalia Maytê. Para ajudá-la na empreitada, os caracterizadores apostaram em figurinos e cores bem opostos. Na trama, Nati foi de início apresentada ao público com um visual que abusa do rosa, amarelo e azul. “Até então, ela é radiante. Depois de ser mordida, caiu tudo para tons de cinza, preto, roxo”, enumera a atriz, que precisou alongar os cabelos para garantir o ar mais vampiresco.
Para construir uma personagem bem distante do realismo de Vidas Opostas, novela em que viveu a protagonista Joana, Maytê recorreu ao cinema. Em uma semana, viu uma batelada de filmes que incluiu Blade - O Caçador de Vampiros, Entrevista com o Vampiro e Drácula 2000. “Fiz um resumo de cada filme e preparei um estudo, tipo trabalho de faculdade. Depois, entreguei para o Avancini, diretor da novela. Ele disse que eu era mesmo muito dedicada”, conta entre gargalhadas. O resultado de tanto estudo é quase uma sociologia do lado feminino da “espécie”. “Descobri que as vampiras têm um posicionamento muito ereto. É tudo muito sensual: o pescoço, a boca...”, ensina.
Como Nati é do bem e dificilmente usa seu poder de sedução para envolver potenciais vítimas, toda essa sensualidade está voltada para um romance. Adicionando um pouco mais de conflito à receita da personagem, a jovem se envolveu com Miguel, de Jonathan Haagensen. Policial da Depecom, o Departamento de Pesquisa e Controle de Mutantes, ela caiu de amores justamente por quem deve combater. Para Maytê, a escolha do ator não poderia ser melhor. “Dá uma sensação de segurança, porque já conheço o Jonathan e admiro o trabalho dele. Me sinto mais confortável até pelo fato de ele vir do teatro”, derrete-se ela, que já contracenou com o colega antes, em um episódio do extinto seriado Cidade dos Homens, da Globo.
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