Socorro correto

sexta-feira, 30 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra
Socorro correto
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Os riscos do dia-a-dia estão em toda parte, por isso, números de emergência devem estar na lista de discagem rápida do telefone. Ter em casa um kit de primeiros socorros também ajuda bastante

Acidentes caseiros são comuns e todo ano fazem milhares de vítimas, a maioria idosos e crianças. Mas o que fazer para se prevenir dos riscos dentro de casa? O que os médicos recomendam nesses momentos de emergência? O que fazer em caso de queimadura, quando uma criança engasga ou leva uma pancada na cabeça? As soluções caseiras para acidentes domésticos geralmente pioram a situação. Por isso, fomos conferir o que é mito e o que é verdade no conhecimento popular sobre primeiros socorros.

Calma sempre é muito importante. Mas o melhor mesmo é prevenir com algumas regras básicas, como tirar do caminho das crianças tapetes, móveis pontiagudos, bebidas e líquidos perigosos. Nem sempre é fácil evitar acidentes em ambientes domésticos e manter a calma diante de uma situação difícil. Por isso, uma medida que ajuda é deixar na lista de discagem rápida do telefone números de emergência, como do médico e do resgate. Na hora do nervosismo, não se perde tempo procurando os números.

Mesmo com todos os cuidados, nem sempre é possível evitar os acidentes. E aí é bom conhecer algumas ações simples que podem salvar uma vida. A dona-de-casa Marta Bittencourt não esquece do susto que levou ao receber a notícia do atropelamento do filho. Pior foi o socorro: rápido, mas errado. “Não foi feito nada. O motorista jogou meu filho no carro e levou para o hospital”, conta.

Foi no curso de primeiros socorros dos bombeiros que Marta aprendeu como devem ser os procedimentos com quem sofre acidentes. O curso ensina, por exemplo, como lidar com pessoas engasgadas: é preciso dar um aperto no ponto certo da barriga.

A costureira Márcia Carvalho, mãe de Jennifer, teve a melhor das intenções ao socorrer a filha que se engasgou com uma espinha de peixe, mas acabou dando o socorro errado. “Procurei dar um alimento a ela para fazer a espinha descer: dei farinha, água, bolacha”, conta. Mas, segundo os especialistas, uma pessoa engasgada não deve ingerir nada.

Será que quem leva uma pancada na cabeça realmente não deve dormir? Isso é verdade. “É essencial que o paciente evite dormir nas primeiras horas. Se ele dormir, a gente não sabe se a pessoa realmente está dormindo ou se entrou em coma por causa de um hematoma”, afirma o neurologista João José Carvalho.

Muitas vezes, os procedimentos errados de primeiros socorros acabam prejudicando o estado de saúde das vítimas e o caso vai parar no hospital. Alguns setores, como o de pessoas queimadas, engasgadas e envenenadas, acumulam casos de receitas caseiras que prejudicaram os pacientes.

A queimadura da comerciante Maria Nunes piorou depois de automedicação improvisada e errada. “Passei um pouquinho de pasta de dente e num instante queimou mais”, lembra. A recomendação é usar apenas água corrente nas queimaduras.

Na enfermaria do Hospital Municipal Raul Sertã é comum encontrar pessoas recebendo tratamento contra envenenamentos. A maioria dos atendimentos, segundo os médicos, tem a ver com ataques de cobras – picadas que as pessoas costumam cobrir com panos e torniquetes. “O que pode ser feito é colocar uma solução gelada sobre o local onde foi feita a picada, e não ficar fazendo torniquetes, como é freqüente. Isso pode, inclusive, piorar a circulação do paciente”, orienta o médico Warndeberg Rodrigues.

Professora e acostumada com crianças, Paula Nora nunca imaginou que Luiza, hoje com 8 anos, pudesse dar tanto trabalho. Aos 9 meses de idade, veio o primeiro susto. “Ela escalou a grade do berço, virou e caiu no chão”, conta Paula.

A empresária Débora Freire tem dois filhos pequenos e uma grande preocupação. “Diego já rolou a escada. Doía a cabeça, costas, pernas e quadril. Doía tudo”, lembra a empresária. O que fazer nessas situações? “Colocar gelo e dar água com açúcar à criança, porque ela fica assustada quando se machuca. E não pode deixar dormir quando ocorre pancada na cabeça”, comenta a empresária Débora Freire. “Tem que colocar rápido compressa de gelo. Eu procuro também levar na hora para o pronto socorro”, disse a professora Paula Nora.

A marca na testa de Luiza durou alguns dias, mas inaugurou uma época de atenção constante. “Estou em vigilância permanente, mas sempre me assusto com qualquer tombo que ela leva. Acho que fiquei traumatizada”, admite Paula.

Visão do médico

“Quando a criança tem um trauma, dependendo de qual foi o mecanismo do trauma, seja uma batida na cabeça, daquelas mais fortes; ou quando a criança tem algum lapso de consciência, por exemplo, ficou desacordada por algum momento; ou está apresentando vômito ou sonolência, deve sempre ser levada ao hospital para que um profissional avalie e tranqüilize não só a criança, mas, principalmente, a mãe e a família”, recomenda o médico Alexandre Pieri.

Ter em casa um kit de primeiros socorros também ajuda bastante. Os produtos básicos são gaze, curativos adesivos, esparadrapo, bolsa térmica, termômetro e soro fisiológico.

Em caso de desmaio, como agir? “Havendo pulso e respirando, o próximo passo quando se perde a consciência, uma medida que é simples e que pode trazer benefícios é elevar os membros inferiores, favorecendo o retorno venoso e o fluxo de sangue, retornando ao cérebro de uma forma adequada”, explica o médico.

Acidentes tóxicos

E diante de uma possível intoxicação? “Ir logo ao hospital. Jamais provocar vômitos. Ao provocar vômitos, a substância que foi ingerida pode ir ao pulmão quando a pessoa vomita e aspira. Não deve dar leite nem dar qualquer remédio para tentar cortar o efeito dessa intoxicação. No hospital vamos saber o que fazer adequadamente”, continua o médico.

Na dúvida sobre o que fazer, não hesite: o melhor mesmo é procurar o pronto socorro. Principalmente em casos de queda, nem sempre é possível saber a gravidade da lesão.

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