Genericamente, arte é a capacidade que tem o ser humano de pôr em prática uma idéia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. Em tempos idos pintores ficaram famosos com seus trabalhos, retratando fielmente as pessoas ou paisagens em suas telas ou em forma de esculturas. Com o passar dos anos, os artistas acharam que esse tipo de arte podia ser perfeitamente substituído pela fotografia e foram criando outras modalidades, como o modernismo, que no Brasil foi lançado oficialmente na Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo. Montada no Teatro Municipal, a mostra, embora com pouca repercussão popular, inaugurou uma nova fase da cultura brasileira e apresentou obras de artistas como Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Tarcila do Amaral, que terminaram fazendo parte dos nossos melhores artistas.
Cândido Portinari, porém, é considerado o expoente da pintura modernista em nosso país. Superando sua formação acadêmica, ele criou seu próprio estilo, consagrado em todo o mundo. Alguns artistas aproveitaram a nova onda e exageraram em suas criações, montando o Surrealismo e o Minimalismo. Um conceituado crítico de arte, ao visitar uma exposição de Arte Moderna, considerou uma idiotice algumas das obras minimalistas ali apresentadas. Há quem goste...
O fato é que existem alguns tipos de arte bem inusitados, mas apreciados em muitos países, como o dos manequins vivos. De acordo com a história da arte, o teatro ocidental teve sua origem no teatro grego, que surgiu numa homenagem a Dioniso, o deus do vinho. Em algumas peças apresentadas em teatros populares, os atores utilizavam túnicas longas e máscaras, além de sapatos de salto bem alto, para melhor serem vistos. Quando eles ficavam parados por algum tempo, por vezes representavam estátuas. Isto levou, tempos depois, na Europa, a criarem as estátuas vivas, artistas fantasiados ou cobertos de tinta que permaneciam horas parados num local de muito movimento e atraíam a curiosidade do público. Hoje isso é muito comum, inclusive entre nós. É claro que, embora artistas, as falsas estátuas precisam viver. Daí que normalmente colocam algum recipiente onde os seus apreciadores podem depositar sua contribuição em dinheiro.
Esses artistas, muito bem treinados, ficam horas sem mover um só músculo, em tudo e por tudo semelhantes a estátuas. Tipo de arte – que não deixa de ser –, ela é mais difundida na Europa, principalmente na Espanha. Na América, os Estados Unidos são os que mais a utilizam. Além das apresentações públicas das estátuas vivas, elas também são vistas nas vitrines de lojas, para vender as roupas que vestem.
Em nosso país foi criado o “Grupo Vitrine Viva”, que abriu um novo espaço artístico para o mercado brasileiro, segundo Simone, uma das integrantes do movimento. “Eu trabalhei como manequim vivo de 1985 até 1987 antes da criação do Grupo Vitrine Viva, que nasceu em junho de 1988”. Através de Simone ficamos sabendo que no início da sua carreira havia poucas pessoas que faziam esse tipo de trabalho. E quatro delas, inclusive Simone, foram contratadas para ficarem completamente paradas, se revezando, na vitrine de uma loja. O trabalho delas foi tão perfeito, que acabaram sendo convidadas para trabalhar no Chile. “Notamos que precisávamos unir arte com estratégias comerciais. O contratante precisava de algo para chamar a atenção, mas também precisava divulgar seus produtos. (...) Criávamos um contexto para o produto e em seguida apresentávamos uma performance artística. Músicas nunca ouvidas pelo grande público, efeitos de iluminação e fumaça e passamos a nos apresentar em diversos locais (...) viajamos muito, divulgando nossa arte em programas de TV e em inúmeras apresentações (...) Aprimorei os meus conhecimentos, estudando mais teatro, mais mímica, assistindo a workshpos, peças e tirando meu DRT como atriz profissional. Uma vitória para quem sempre lutou por um ideal: transformar a vitrine viva numa técnica respeitada e com conceitos, e não fazer apresentações sem um objetivo real”, encerra Simone, com justo orgulho.
O fato é que é difícil passar por uma estátua viva exposta na cidade e não ter a curiosidade de observá-la.
Nota: As estátuas vivas que ilustram este texto são européias ou norte-americanas.
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