Seja de dia ou de noite, inverno ou verão, não há céu mais lindo. Esteja azul, rosa ou cinza. Sempre é iluminado, estrelado. O véu que ascende sobre si e o chão que suporta passos vagarosos e ligeiros não são como os demais mesmo que sob o globo único que nos iguala como mortais.
Sua silhueta riscada pelas montanhas transcende aos olhos que brilhosos cantam com todas as espécies que dividem a sua grande Mata Atlântica. E no barulho das suas cachoeiras as águas elevam a alma a gemer sua apaixonante dor.
Não é pequena, nem grande, mas gigante em sua formosura. Não é utópica, nem realista, mas em seus devaneios relembra a Atlântida esquecida. Não é o paraíso, nem o inferno, mas perfeita para se viver e ser feliz. Não é nova, nem velha, mas jovem o bastante para crescer até Plutão.
Meu grande amor é tão lindo a ponto de ser imperfeito por carregar em si tamanha beleza própria dos deuses que não permitem intimidades. Meu grande amor é composto de muitos amores deitados em flores multicoloridas. Meu grande amor me inebria e na embriaguez me paralisa e eu, ser livre pra romper o horizonte, sou aprisionado por suas montanhas que gigantescas me dizem pra ficar, fixar olhos e sonhos neste lugar que me faz crescer e redescobrir o menino que adormecido em mim acorda toda vez que a manhã desperta na Leopoldina.
Meu grande amor tem nome antecedido de adjetivo: Nova Friburgo. Meu grande amor tem nome sucedido de sonhos: Nova Friburgo...
Nova Friburgo que é a promessa e a consolidação. Nova Friburgo que é a descoberta e a obrigação. Terra do Nunca, cheia de Peters Pan. Terra do Sempre, repleta de Joãos. Amada por Machado de Assis, odiada por Drummond. Fascinada, indagada, almejada, saturada, miscigenada... Nova Friburgo encanta, canta, nos domina com seu ar puro; com sua paz branca, não a paz dos cemitérios, mas a paz de quem dá e recebe colo ingênuo; com sua gente, com seus vales que me valem o suor do íngreme esforço cotidiano.
Minha terra tem palmeiras, ipês e eucaliptos. Nossos bosques têm rosas de todas as cores, orquídeas de milhares de espécies, amores de diversos versos, versos de todos os tipos de amores. Onde canta o sabiá, o colibri e o rouxinol. Minha terra é meu grande amor, sustenta meus amores, cura minhas dores... Minha terra é mesmo lugar de ser feliz para quem sabe o que é poesia, mas acima de tudo para quem vive a poesia que transborda das fontes suspirosas.
De onde a música solta e envolve. De onde o pincel mágico faz pintura. Fotografia desejada por Lo Bianco, caricatura perfeita de Silvério. Vulcão inundado de idéias loucas por emergir, empreendimentos prontos para decolar como um Sputinik no ar. E quando o artista olha a arte, sente inveja pela arte ser maior que si mesmo e confuso se pergunta: como pude fazer obra tão, tão, tão... Completa, divina?
Nova Friburgo, lugar de ser feliz! Sim! Meu grande amor! Minha Atlântida! Minha terra! Meu refúgio seguro e meu espaço! E essa declaração escancarada, em parte, não atinge seu objetivo, porque amores assim são grandiosos demais para serem descritos e impossíveis de serem refeitos em palavras de meros mortais.
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