O Brasil acordou — muito tardiamente — para a questão da falta de água. A preocupação começou a se intensificar em São Paulo, com o esvaziamento de importantes reservatórios, e em poucos meses já se estendeu para os outros estados do Sudeste, que também se encontraram frágeis e despreparados para enfrentar estações mais secas. Outras regiões do país, momentaneamente, parecem estar em posição mais confortável, mas ninguém deve esperar para ver o pior acontecer.
A comoção precisa ser nacional. Chegamos ao limite e não há escapatória: é necessário mudar os hábitos, mesmo sabendo que o uso doméstico não é o maior vilão do desperdício e mau planejamento. É verdade que o problema só será amenizado com ações firmes e transparentes do governo e das grandes corporações, porém essa constatação não altera o fato de que o brasileiro é um dos povos que mais gastam água no mundo.
Após inúmeros alertas, a população começou a incorporar diversos hábitos visando evitar o desperdício. Seja com banhos mais curtos, reutilizando água da chuva para lavar o carro ou substituindo a descarga por baldes. A mobilização é grande. Mas será que a nossa capacidade de colaboração se limita a essas pequenas atitudes? Na verdade, por maior que seja o esforço de cada um, o consumo pode continuar excessivo caso não haja cuidado na escolha e manutenção dos equipamentos da casa. Isso pode ocorrer em qualquer ambiente, como cozinha, banheiro e área de serviço. Pouco adianta, por exemplo, fechar as torneiras ao ensaboar utensílios se ela estiver com vazamento e escoar água por longos períodos de tempo. E o mesmo se aplica aos canos.
Para evitar tais problemas, vistorias regulares são importantes, mas podem ser instalados acessórios indicados para diminuir o volume que se gasta. Simples peças podem gerar grande economia. Uma delas é o redutor de vazão, um pequeno anel controlador do nível hídrico, de fácil instalação e acessível no mercado, que reduz em média 50% do consumo das torneiras.
Outra dica é a inserção de pias e chuveiros de baixo fluxo. Além de oferecer vantagens como preços baixos e rápida montagem, a pressão fica inalterada, diminuindo os gastos. Os vasos sanitários, da mesma forma, podem ser adquiridos em modelos de fluxo duplo, ou seja, que permitem a descarga com menos água para líquidos e mais para sólidos, poupando o seu uso total.
Os tempos são outros. Não se pode mais esbanjar, exagerar e ignorar o problema da água. Percebe-se, da pior maneira, que ela é, sim, finita. Enquanto as autoridades responsáveis tentam controlar a crise, a população sente na pele os gastos excessivos de tantas décadas. É preciso fazer a nossa parte e aprender com nossos erros.
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