Subir as ladeiras do bairro Santo André não é tarefa fácil para quem vai a pé ou de carro. As ruas íngremes têm buracos por causa de paralelepípedos soltos e algumas calçadas estão bloqueadas pelo mato e por entulhos de alvenaria deixados no local. No meio do bairro, a praça, que fica ao lado da Escola Municipal Dinah Lantimant Bravo, é outro exemplo da falta de manutenção da Prefeitura. O capim que cresce no local já chegou a um metro de altura. Na última quarta-feira, 21, a equipe do jornal A VOZ DA SERRA passou a manhã no loteamento e conversou com moradores sobre as demandas e necessidades da população.
Joel Moreira mora e trabalha há três anos em Santo André. Ele tem uma barbearia na entrada do bairro e falou sobre a promessa de asfaltamento das ruas feita pela Prefeitura. "Essas ruas aí estão esburacadas. Eles prometeram asfaltar isso aqui, como aconteceu no Floresta e no Califórnia, mas até agora nada. A pracinha, lá em cima, está cheia de capim. As crianças brincam no meio do mato. Santo André parece abandonado”, contou o barbeiro, acrescentando que o bairro precisa de um posto de saúde. "Eu acho que precisaria de uma creche, quadra de esportes para as crianças, mas principalmente um posto de saúde”. A unidade médica mais próxima é a UPA, em Conselheiro Paulino, que fica a cerca de 2 quilômetros do bairro. A creche, no Prado, não comporta a demanda da região.
Santo André, pela manhã, é um bairro tranquilo, com pouco movimento nas ruas. O loteamento cresceu e as casas, comércios e algumas igrejas evangélicas ocuparam o morro entre os loteamentos Rivo Torto e Granja Mimosa. Na tragédia das chuvas em 2011, o local sofreu com deslizamentos de terras, casas foram destruídas e alguns escombros ainda podem ser vistos no bairro. É o caso de duas casas na ruela Novo Oriente, uma das últimas de Santo André, que foram abandonadas pelos moradores após a Prefeitura interditar o local. Segundo Edson Carlos da Silva Souza, presidente da associação de moradores, os imóveis estão sendo ocupados por moradores de rua e também por usuários de drogas.
Mas o que preocupa Edson é um reservatório da Águas de Nova Friburgo no loteamento Rivo Torto, que faz divisa com Santo André. Segundo o morador, a enorme caixa d’água de concreto corre risco de estourar porque sua base está solta. "Nós chamamos a Defesa Civil para fazer o laudo no ano passado, e eles reconheceram o risco. Parece um descaso com a população. Se aquele negócio arrebentar... Aqui é só decida. Isso pode alcançar de 100 a 150 famílias, e a escolinha do Santo André”, observa o morador, que também teme que a encosta desça em dias de chuva. O presidente da associação já pediu que as árvores sejam podadas e que um muro de contenção seja construído no local, mas nada ainda foi feito pela Prefeitura.
Em nota, a Subprefeitura de Conselheiro Paulino, responsável pelos serviços na região, informou que uma equipe começou na tarde de ontem, 22, serviços de capina, limpeza, desobstrução e reconstrução dos bueiros danificados no Santo André. O calçamento também está sendo recuperado. Sobre o asfaltamento das ruas do bairro, a Prefeitura disse que o serviço consta no cronograma de atividades, mas não informou quando isso acontecerá.
Segundo a Defesa Civil Municipal, uma equipe da secretaria esteve no Rivo Torto, onde está o reservatório, e encaminhou ofício para a Concessionária Águas de Nova Friburgo que, em resposta, informou o seguinte: "As obras que viabilizarão a desativação da rede de água em questão foram concluídas no planejamento de investimentos desta concessionária para o ano de 2016”. Quanto aos imóveis abandonados na Rua Novo Oriente, um memorando foi encaminhado à Secretaria de Obras a fim de se verificar a possibilidade de providências no local.
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