"Queremos solução!” Esse foi o coro de um grupo de moradores do condomínio Terra Nova nesta segunda-feira, 19. Alegando não terem abastecimento regular de água há dias, dezenas de manifestantes foram para RJ-148, estrada Nova Friburgo–Carmo, uma das vias de acesso ao conjunto habitacional que abriga famílias vítimas da tragédia de 2011, para protestar. Com o intuito de chamar atenção das autoridades para o problema, a comunidade ateou fogo em um tronco de árvore colocado no meio da pista.
A moradora do condomínio residencial 5 do Terra Nova Maria Angela da Silva alega ter recebido as contas em dia, mas que, no entanto, o abastecimento permanece precário. "Nossa conta de água vem além da cota básica, mas a água que é bom, nada. O hidrômetro continua rodando, mas estamos sem abastecimento regular há duas semanas. Quando cai água só dura uma hora, isso quando não cai de madrugada ou quando só chegam até o primeiro e segundo andares.”
O auxiliar de produção Luiz Carlos da Silva Freitas mora no Terra Nova 2 há um ano e também reclama da falta de água e de problemas com a tubulação de esgoto: "Moro no condomínio 2 e é normal termos o mesmo problema por lá. Além de faltar água constantemente, quando tem ela não chega ao 3º, 4º e 5º andares. Sem contar que estamos com um problema no rompimento de esgoto. Quando apertamos a descarga do vaso sanitário o esgoto volta pelo ralo”, conta Luiz.
"O poder público nos colocou aqui em condições sub-humanas. Me mudei há uma semana e até agora não tive água em casa direito. Tenho dois filhos e para tentar manter ao menos o mínimo de ordem, estamos comprando água em galões de 20 litros todos os dias, cada um custa de sete a oito reais”, protesta a funcionária pública Glaucia Bellinger, que ainda aponta outros problemas vividos pela comunidade: "Além dessa situação, como não tem nenhum sistema de drenagem por aqui, quando chove alaga tudo, os bueiros entopem rapidamente. A coleta de lixo também é insuficiente. Os pisos dos apartamentos estão tendo que ser trocados porque estão soltando. As correspondências chegam de forma aleatória porque ainda não temos endereço registrado no correio. Quando as moradias são inauguradas temos que vir morar logo porque se não perdemos o direito, mas não nos dão infraestrutura nenhuma para vivermos com dignidade. Existem famílias com deficientes dentro de casa. Isso é um absurdo”, disse ela.
"Não dá para contarmos com as autoridades só quando os prédios são inaugurados. Nós estamos vivendo de forma precária. Os moradores vizinhos ao Terra Nova têm água e nós não. Morávamos em casas de aluguel, mas pelo menos tínhamos água. Nos tiraram de um problema e simplesmente nos colocaram em outro maior ainda. Não queremos violência, só queremos que nos falem o que está acontecendo e, é claro, uma solução”, reclama o morador Cosme José Bartolomeu.
Após realizarem mobilização em frente ao condomínio, alguns dos manifestantes seguiram para a concessionária Águas de Nova Friburgo em busca de esclarecimentos sobre o problema. Um princípio de tumulto se iniciou, mas foi logo amenizado pela parcela mais pacífica de moradores. Algum tempo depois de protestarem do lado de fora da empresa, os manifestantes foram ouvidos por representantes da Águas.
Segundo a concessionária, o abastecimento foi restabelecido ontem
Em nota ao jornal A VOZ DA SERRA, a concessionária afirmou: "Águas de Nova Friburgo esclarece que a falta d’água observada nos últimos dias nos condomínios 5 e 6 do Bairro Terra Nova foi causada por uma redução da vazão da Estação de Tratamento de Água do Rio Grande de Cima devido a problemas operacionais em uma das bombas da captação de água bruta. Resolvida a questão, a normalização do abastecimento nos condomínios citados, que deveria ocorrer em no máximo 24 horas, foi afetada por uma perda de água significativa e não aparente na linha de incêndio proveniente do reservatório, identificada em 18/01/2015 depois de diversas vistorias realizadas no local. Os vazamentos foram eliminados imediatamente após identificados. Neste momento, os reservatórios estão em plena carga e todas as unidades abastecidas”.
"Quando viemos aqui de manhã, não nos deram informações muito precisas, mas parece que a partir de agora teremos um link direto com a empresa, que fará com que a solução chegue mais rápido. Eles se comprometeram a nos ajudar. Esperamos que a situação seja, realmente, resolvida de vez”, afirmou o síndico e representante do condomínio Terra Nova 5, Claudio Britos.
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