Texto: Dayane Emrich / Fotos: Amanda Tinoco
Na tarde da última quinta-feira, 15, o diretor de operações da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mário Rocha, membros da Associação de ex-alunos do Ginásio/Colégio Nova Friburgo (GNF/CNF) e seu atual presidente, Fernão Godin Fonseca, foram recebidos pelo prefeito Rogério Cabral, alguns secretários e o vereador Marcelo Verly. O principal objetivo do encontro foi discutir o futuro do imponente casarão que fica localizado no bairro Vila Nova e que, atualmente, está sem utilização devido à interdição do acesso por um deslizamento de encosta na Rua Alberto Rangel, ocorrido durante a tempestade de janeiro de 2011. Após o encontro na Prefeitura, o grupo fez uma visita ao imóvel, que já sediou também o Instituto Politécnico do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ) e, antes da tragédia, o campus regional da Universidade do Estado (Uerj).
Hoje para chegar ao casarão é preciso passar por um desvio improvisado — em terra batida, o que inviabiliza atualmente qualquer atividade ali. Agora, a Uerj funciona na Fábrica Filó, no bairro Vila Amélia, a poucos minutos do Centro.
Na oportunidade, o prefeito Rogério Cabral anunciou que o trecho do desvio foi desapropriado e prometeu pavimentá-lo em breve. A comitiva, inclusive, pretende agendar encontro com o vice-governador e ex-presidente da FGV, Francisco Dornelles, no intuito de sensibilizá-lo para acelerar a retomada das atividades no casarão.
No local, os membros da associação apresentaram à Mário e aos demais presentes o Centro de Memória do antigo Colégio Nova Friburgo — uma espécie de museu, onde há utensílios, livros, fotografias e, inclusive, a reprodução de ambientes como os das salas de aula onde foram formadas as primeiras turmas. "O Centro de Memória é uma iniciativa dos ex-alunos a qual pretende conservar a história de uma das mais bem-sucedidas experiências pedagógicas do Brasil”, pontuou Ronaldo Lo Bianco, ex-aluno e membro da diretoria da associação.
A visita ao colégio serviu também para concretizar o interesse da FGV em retomar o espaço. Mario Rocha ficou impressionado com as boas instalações e a imponência do prédio e voltou a afirmar que está aberto a propostas para a utilização do imóvel, de preferência mantendo-o apto a fins educacionais.
Participaram também da visitação o secretário do Escritório de Gerenciamento de Projetos, Edson Lisboa; o secretário de Obras, José Augusto Spinelli; o secretário de Meio Ambiente, Ivison Macedo; e a secretária de Ciências e Tecnologia, Eliana Amil.
O antigo Ginásio/Colégio Nova Friburgo esteve em funcionamento de 1950 até 1977, e durante os seus 27 anos de existência foi considerado um exemplo de grande sucesso e de excelência educacional. Além dos famosos e eficazes métodos pedagógicos, por ser uma escola interna, sua estrutura física era — e ainda é — invejável, tendo em seu espaço quadras poliesportivas, piscina, entre outros ambientes. A Uerj ainda detém o comodato do prédio do casarão, sendo, portanto, responsável por sua manutenção.
Vereador Marcelo Verly (d), Fernão Godin Fonseca e demais secretários durante a
visita às instalações do casarão na tarde da última quinta-feira
Vistoria nas condições atuais do prédio, cujo acesso na Vila Nova está comprometido
Prefeito Rogério Cabral (esq) e o presidente da Associação de Ex-Alunos do CNF, Fernão
Godin Fonseca (dir), se impressionaram com o grande acervo e a imponência do casarão
O Colégio Nova Friburgo: sua história e seus ilustres estudantes
O Ginásio/Colégio Nova Friburgo diz muito sobre a história do município. Suas instalações, anteriormente, pertenceram ao antigo Hotel Cascata e a Empresa Educacional Fluminense, antes de darem lugar ao centro de educação. A proposta para sua criação surgiu oficialmente no ano de 1948, quando o prefeito da cidade era César Guinle. Mas somente no ano seguinte a Fundação Getúlio Vargas (FGV) adquiriu o casarão, realizando então reformas com o objetivo de adaptar o espaço, afim de que pudesse ser este um local apropriado para receber os alunos.
Finalizadas as obras, o GNF iniciou suas atividades educacionais no mês de abril de 1950. Na primeira turma constam os nomes de Marcelo Cerqueira, Marcio Braga e Carlos Eduardo Dolabella, que, em 1985, oito anos após o encerramento das atividades do colégio, publicaram no jornal O Globo, na coluna do Zózimo, e no Jornal do Brasil, no informe JB, o anúncio de que promoveriam um encontro de ex-alunos em um restaurante, em Nova Friburgo. Compareceram a esse encontro mais de 100 ex-alunos e alguns professores. Na ocasião foi resolvido, inclusive, que seria criada uma associação de ex-alunos, o que aconteceu em 1986.
Aliás, o colégio foi responsável pela formação de importantes personalidades. Além do próprio Marcelo Cerqueira — famoso advogado, ex-deputado federal e ex-presidente do Instituto de Advogados do Brasil — e Marcio Braga – tabelião, ex-deputado federal e presidente do Flamengo —, o Colégio Nova Friburgo, em seus 27 anos de funcionamento, foi responsável pela formação de nomes ilustres. Entre eles estão: Aírton Ronaldo Longo — almirante de esquadra e ex-chefe do Estado Maior da Armada; André Chaves — um dos maiores cirurgiões do mundo, atualmente residente em Los Angeles (EUA); Carlos Langoni — ex-presidente do Banco Central do Brasil —; Gilberto Coutinho Paranhos Velloso — diplomata e ex-secretário administrativo do Itamaraty —; Henrique Rodrigues Valle Júnior — diplomata e ex-embaixador no Canadá; Sérgio Trindade — um dos maiores especialistas internacionais em energia alternativa — e Sérgio Joffily, importante físico.
Vale destacar ainda que o Ginásio/Colégio Nova Friburgo, por vezes, foi considerado, senão a melhor, umas das melhores instituições de ensino do país.
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