Ana Blue
Das rabanadas ao tender com molho adocicado, o Natal tem mais tradições culinárias que a nossa vã filosofia é capaz de conceber. Período do ano mais propício a nos fazer esquecer a rigidez das dietas — competindo, talvez, apenas com a Páscoa e a sua fartura de chocolates e bacalhoadas — o Natal sempre nos reserva a beleza e a grandeza da humanidade. Claro que a tradição maior, ou que deveria ser a maior, é reunir família, amigos, agregados, e confraternizar numa noite especial, movida a sentimentos fraternais. Porém, é quase impossível pensar em Natal e não pensar em mesa cheia de boa comida. E comida tem preço.
Um dos pratos natalinos mais tradicionais é o panetone. O sabor clássico, de frutas secas, cristalizadas, no entanto, está longe de ser unanimidade. Tanto que, ao longo do tempo, diversas versões foram criadas: principalmente com chocolate, porque se é difícil agradar com frutas, com chocolate o prazer é quase garantido.
Muitas são as teorias sobre como o panetone surgiu, mas seu berço de nascimento é conhecido: Milão, na Itália. A palavra panetone pode ser entendida como "pãozinhozão” em português, como se se juntasse diminutivo e superlativo na mesma palavra. Também é conhecida a lenda de que um homem, ao se apaixonar pela filha de um padeiro chamado Toni, foi trabalhar em sua padaria a fim de se aproximar da família e poder ter a mão da moçoila em casamento. Lá, criou a receita, para agradar o futuro sogro, e a novidade — o "pão de Toni” — foi sucesso imediato e continuou sendo fabricado desde então.
Mas o ano agora é 2014 e é preciso pensar também com o bolso. Como oferta e procura interferem diretamente no preço das coisas, comidas sazonais, típicas de determinadas festividades do calendário, tendem a ter incorporada no preço final a esperança do comerciante de que a grande procura esvazie as prateleiras. Daí surgem os novos sabores, as opções mais inusitadas, mais atrativas, as opções gourmet, enfim: todos os artifícios possíveis para que se conquiste bolso e barriga da clientela.
Em Nova Friburgo, a caixa (de 500g) de panetone de frutas cristalizadas Bauducco custa em média R$ 14. Já as versões mais elaboradas, com chocolate ou cremes trufados, custam de R$ 20 a 40.
Mas a novidade deste ano mesmo são as opções gateau, elaboradas para serem servidas quentes, nos sabores Alpino e Moça Doce de Leite (da marca Nestlé), com preço médio de R$ 23. Quem consegue pensar em dieta nessas horas?
Deixe o seu comentário