O discurso sobre a importância de o Friburguense buscar um espaço no cenário do futebol nacional faz sentido cada vez mais. A conquista de uma vaga na série D do campeonato brasileiro e a consequente possibilidade de acessos para as divisões seguintes do Brasileirão podem deixar de ser apenas "luxo”, e tornarem-se questão de sobrevivência para os times de menor porte do Estado do Rio. A vontade de reduzir o estadual e dificultar a participação das equipes consideradas pequenas começa a ganhar forma e pode se tornar realidade já em 2016.
Nas últimas reuniões com a presença de representantes dos principais clubes do Rio de Janeiro, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) apresentou a proposta de redução de 16 para 12 clubes para o campeonato estadual de 2016. De acordo com a sugestão, os oito melhores times do ano anterior já estariam automaticamente classificados para a fase principal. Os outros quatro clubes que disputariam a fase principal seriam definidos a partir da disputa de uma fase preliminar. Os integrantes dessa espécie de seletiva seriam os clubes que terminarem o Carioca do ano anterior entre a 9ª e a 14ª posição (na primeira edição), além dos quatro que subirem da Série B.
O novo regulamento proposta não especifica como seria a divisão de grupos, mas o artigo 29 do documento indica que os campeões das Taças Guanabara e Rio teriam direitos a troféu e medalhas pela conquista. Para o Carioca de 2014, concebido em turno único, a Taça GB será entregue ao time que mais pontuar em 15 rodadas, enquanto a Rio premiará o clube pequeno que mais pontos somar nas partidas contra outros pequenos. Este também foi o regulamento adotado em 2014, seguindo o Estatuto do Torcedor. Desta forma, o novo formato para a competição pode, legalmente, vigorar a partir de 2016 — é exigida a manutenção do regulamento em vigor pelo período de dois anos.
Em relação a 2016, a proposta é que seja disputado em duas fases. Na segunda, apenas com 12 clubes. No mínimo, que oito deles sejam os melhores classificados de 2015. O time grande, por exemplo, que ficar em nono, não joga direto a segunda fase. Essa é a ideia que temos. Estamos tentando que o rebaixado, imediatamente, entre direto na Série B, no mesmo ano. E o que ascender vá direto para a fase preliminar. Estamos tentando que a fase inicial seja de custo zero, totalmente subsidiada. Ela começaria, a princípio, em outubro de 2015. Quem faz e aprova o regulamento e tabela são os clubes. Quem debate divisão de recursos, debate calendário e aprova regulamento, são os clubes. Se houve equívoco, 100% do equívoco é dos clubes. E na primeira chance que eles têm, fogem do debate. Alguns por falta de conteúdo. Outros porque não têm coragem de vir”, explica o presidente da Ferj, Rubens Lopes.
O assunto, inclusive, seria colocado em pauta já na reunião do conselho arbitral, que definiu a fórmula da edição de 2015 do Estadual. No entanto, a pedido de Elias Duba, presidente do Madureira, a discussão foi adiada para que os clubes tivessem mais tempo para avaliar o impacto da proposta. Os outros presentes concordaram com a colocação e a discussão foi encerrada. Outra proposta é o limite de inscrição de jogadores na competição. Desta forma, os clubes grandes do estado seriam obrigados a escalar atletas do plantel principal, algo que não vem acontecendo com frequência nas últimas temporadas. O projeto segue o exemplo de São Paulo, e determina o número de atletas a 25 e mais três goleiros.
Retorno de Eurico é trunfo para pequenos
Os representantes dos clubes de menor investimento ainda não se pronunciaram sobre o assunto, mas já existe a movimentação nos bastidores para evitar a mudança da fórmula de disputa do estadual. O fato de não estar garantido na elite estadual do ano seguinte comprometeria o planejamento daqueles a pelo menos quatro clubes. Na luta pela manutenção do atual formato, ou ainda por um novo modelo que não os prejudique tanto, os times pequenos contam com um aliado importante: Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama.
O dirigente é conhecido por votar a favor do fortalecimento do estadual, e desta forma, ir de encontro aos interesses dos críticos dos campeonatos estaduais. O estadual é necessário. "O que os grandes da capital fazem agora, sem nenhum deles na Libertadores? Eles vão querer jogar, viajar para o exterior para fazer amistosos. É possível fazer um planejamento muito bom, e o futebol carioca é o charme. É uma base para o Brasileiro. Cada estado tem a sua particularidade, e temos que repensar. A questão do dinheiro se faz com organização. Nós temos uma Rede Globo que paga bem, coloca os clubes na mídia e devemos sim, valorizar o campeonato carioca. Diminuir a quantidade de pequenos é colocar em risco também o lado social, o trabalho com os garotos”, opina o técnico do Friburguense Gerson Andreotti.
Regulamento do estadual de 2015:
- 16 clubes participantes
- Jogos disputados em turno único (cada equipe joga 15 vezes); os 4 primeiros avançam para as semifinais
- O maior pontuador no geral é campeão da Taça Guanabara; o melhor pequeno leva a Taça Rio
- As duas piores equipes caem para a série B; outros dois clubes sobem para a elite
Proposta para o estadual de 2016:
- 12 equipes participantes
- Os oito primeiros no geral da edição anterior estariam garantidos na elite no ano seguinte
- As outras quatro vagas seriam disputadas entre as seis equipes piores colocadas na elite em 2015 e as quatro melhores classificadas na série B
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