Vinicius Gastin
À medida que o verão se aproxima, a busca por um corpo considerado perfeito torna-se cada vez mais intensa. As academias têm o movimento triplicado, e os adeptos da musculação recorrem aos mais diversos tipos de "combustíveis” extras para acelerar o ganho de massa muscular. Não raras são as vezes em que observamos, nas academias e em práticas esportivas, garrafinhas contendo líquidos das mais variadas cores e espessuras — e é exatamente nesta corrida para melhorar o rendimento e a aparência que aparecem os obstáculos mais perigosos para a saúde.
"É comum vermos atletas profissionais ou equipes esportivas associadas a marcas de suplementos e energéticos com a finalidade de aumentarem seus rendimentos e níveis de treinamento. As equipes de futebol, por exemplo, utilizam algumas bebidas repositoras ou outros tipos de suplementos que visam estimular o máximo da capacidade atlética. Isto é comum e bastante indicado para atletas de alto rendimento. O fato que chama a atenção é o uso por atletas amadores. Ainda que tais métodos sejam lícitos, diferente de esteroides anabolizantes, eles podem causar riscos à saúde ou não terem valia alguma”, alerta Gustavo Pergentino, fisiologista do Friburguense e diretor geral da Equipe Active, especializada no assunto.
Um investimento caro, e na mesma proporção, arriscado. Os potes contendo porções de substâncias como albumina, creatina, BCAA e cafeína, as mais comuns entre os praticantes de musculação, custam no mínimo R$ 100. Em alguns casos, os gastos com esses produtos podem chegar a R$ 500 por mês. "É preciso ter aconselhamento de um nutricionista e um personal trainer. Todo suplemento deve estar de acordo com a necessidade de cada um, caso contrário ou ele será expelido ou estocado no corpo”, acrescenta Gustavo.
O mercado dos suplementos e produtos para auxiliar no ganho de massa ou perda de gordura movimenta, por ano, cerca de 20 bilhões de dólares em todo o mundo. O uso indiscriminado, no entanto, pode trazer consequências graves, como sobrecarga renal, queda da pressão arterial, acidentes vasculares, entre outros males.
"O segredo para quem quer ficar mais forte é treinar com altas cargas, se alimentar adequadamente e descansar também. Sempre sob supervisão de um personal ou professor. A pessoa deve ingerir suplementos somente quando houver real necessidade ou sob prescrição profissional. O corpo não vai tolerar esse tipo de experiência por muito tempo”, conclui o fisiologista.
Academias dobram o movimento no fim do ano: busca pelo corpo perfeito apresenta riscos
Atletas de alto rendimento utilizam suplementação especial:
praticantes de atividades físicas precisam de cuidados especiais
BCAA é um dos suplementos mais utilizados pelos praticantes de musculação
Os tipos mais comuns de suplemento:
- Albumina: Suplemento bastante utilizado pelo meio culturista. Tipo de proteína que é encontrada em ovos de forma abundante e também nos músculos e no sangue. Possui alto valor biológico e se torna importante para os atletas que querem realizar uma dieta hiperproteica. Ela é mais importante para facilitar a recuperação do organismo do que exatamente para o aumento da massa muscular. Auxilia na manutenção de níveis relevantes de proteína na dieta, evitando o catabolismo. Pode causar problemas renais e hepáticos se for consumida de forma prolongada.
- Creatina: Composto de aminoácidos encontrados em fibras musculares, no cérebro e, principalmente, em carnes. Trata-se de um suplemento alimentar muito consumido no mundo. Está disponível principalmente na forma de pó, mas também pode ser encontrado em versão líquida ou em tabletes. O Brasil foi o último país a liberar a comercialização do produto. Um dos seus benefícios mais importantes é a explosão de força, pois ela consegue aumentar o desempenho de um atleta em um curto espaço de tempo. Porém, a creatina age dando volume ao músculo porque ela cresce a capacidade das células musculares na absorção de H2O. Dessa forma, há uma ilusão de muito ganho muscular; porém, não é o que ocorre.
- BCAA: São aminoácidos de cadeia ramificada encontrados em carnes e não são produzidos pelo corpo humano. O uso dele pode ser associado à melhora nos processos anabólicos e antianabólicos e podem ter resultados como a produção de energia e a recuperação muscular. Os BCAAs também são conhecidos por melhorar as capacidades mentais e fortalecedor da função imunológica. A Anvisa atesta que a substância não apresenta risco à saúde de quem o consome; entretanto, deve ser utilizado de forma moderada com o acompanhamento de um médico e um nutricionista.
- Cafeína: Estimulante do sistema nervoso e pode ser encontrado nos chás, cafés, guaraná e refrigerantes. É utilizado para minimizar o esforço do atleta, pois ele modifica a percepção da dor, e dessa forma, pode causar uma melhora no desempenho. Possui efeito lipotrófico (emagrecedor) que pode estar associado à liberação de adrenalina, além de promover a lipólise, ou seja, a queima de gordura. Porém, a liberação da adrenalina pode acontecer em quantidades perigosas e o uso excessivo da cafeína pode prejudicar a hidratação do atleta.
- DHAP: Substância chamada dihidroxiacetona fostato, o DHAP é um composto que faz parte do metabolismo da glicose e dos lipídios. Pode causar problemas no intestino.
- Glicerol: Composto orgânico que compõe os triglicerídeos e é utilizado em atividades realizadas em ambiente mais quente por um longo período, pois ele retém água, evitado que o organismo fique desidratado. Entretanto, não há estudos comprovados sobre a eficácia da substância no desempenho atlético.
- Multivitamínicos (polivitamínicos): É qualquer preparo que contenha mais de um tipo de vitamina e pode ser encontrado na forma de comprimido ou injeção. A utilização dessa substância é importante para aqueles que não possuem uma dieta balanceada ou possuam certas necessidades de nutrição, como as gestantes e os idosos. O médico deve ser consultado previamente porque algumas deficiências de vitaminas somente podem ser tratadas por um especialista.
- Carboidratos complexos: Formada por cadeias de glicose, essa substância pode ser encontrada nos vegetais, arroz, aveia, milho, pão, dentre outros. Os carboidratos são absorvidos lentamente para que ocorra pouca liberação de insulina, que causa letargia e fadiga. Quem realiza exercícios deve tomá-lo preferencialmente antes das atividades físicas. Quando é associado à prática de exercícios, ocorre também ganho de massa muscular.
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