Suspeita de fraude no Carnaval 2014 afastou patrocinadores

Caso de corrupção não envolveu a escola de Olaria, porém afetou diretamente seus trabalhos: “É impossível fazer carnaval sem o apoio da iniciativa privada”
terça-feira, 02 de dezembro de 2014
por Eloir Perdigão /
Suspeita de fraude no Carnaval 2014 afastou patrocinadores
Suspeita de fraude no Carnaval 2014 afastou patrocinadores

Quem se lembra dos memoráveis desfiles da Imperatriz de Olaria na Avenida Alberto Braune terá que se acostumar com a ideia de não vê-la em 2015. Sem dois dos principais patrocinadores, em consequência das denúncias de corrupção no resultado deste ano (em que a vermelho e branco nem tinha participação), entre outros fatores, ficou praticamente impossível preparar o desfile. O presidente André Gripp, advogado, lamenta toda essa situação e um possível afastamento de torcedores e simpatizantes, mas não quer entregar a escola para a próxima diretoria com dívidas. Ele deixa o cargo em março do ano que vem.

UMA SUCESSÃO DE FATORES – Assim o presidente classificou a situação que impede a vermelho e branco de desfilar. O primeiro deles é a suspeita de corrupção nos resultados do carnaval deste ano, que gerou um processo judicial, movido pela Unidos da Saudade contra a Liga das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Nova Friburgo (Liesbenf), que afetou também as demais escolas, tanto que seus diretores têm que prestar depoimento perante o juiz. Por ocasião dessa suspeita, André se manifestou pela anulação total do resultado do desfile deste ano. 

A consequência foi que a Imperatriz — mesmo sem participação no episódio — acabou por perder dois grandes patrocinadores. A participação da iniciativa privada sustenta cerca de 60% das despesas. O presidente afirma que seria irresponsabilidade sua querer fazer um carnaval com os poucos recursos da escola, mais a subvenção da Prefeitura. Até porque o caso da suspeita de corrupção ainda não teve uma decisão, o que pode influenciar, inclusive, na questão do repasse da subvenção da Prefeitura. Está prevista uma audiência de conciliação do caso hoje, 3.

DECISÃO DEFINITIA – A ausência da Imperatriz no desfile do carnaval 2015 já estava decidida desde outubro passado, depois de algumas reuniões da diretoria, quando foram expostas as diversas situações. Inclusive a liberação da subvenção da Prefeitura somente 15 a 20 dias antes do desfile, o que impediria sua utilização antes, a fim de preparar um desfile mínimo. Afinal, os trabalhos se iniciam em maio ou junho visando o carnaval do ano seguinte. 

Essa situação só seria resolvida mediante um empréstimo para ser quitado quando da liberação da subvenção. Outras situações chegaram a ser analisadas para o desfile, porém não se concretizaram.

Com a decisão tomada, André se julga frustrado. Afinal, um presidente procura fazer o melhor para a comunidade em geral. Como ele, todos os demais membros da diretoria são voluntários, não ganham nada para isso, e ainda têm prejuízos junto à família e ao aspecto profissional. Nos meses de janeiro e fevereiro a necessidade da presença é praticamente integral, são várias as viagens ao Rio, além do pós-carnaval. André considera essa parte a "mais sofrível”: o retorno dos carros alegóricos ao barracão, retorno das fantasias, separação, armazenamento e, por fim, a prestação de contas. 

Mas o martelo está batido. Sem os recursos da iniciativa privada não há como a escola desfilar, não há como ter profissionais trabalhando na preparação do desfile. Ou a Imperatriz manteria o mesmo nível dos desfiles anteriores ou não desfilaria. Chegou a ser ventilada a possibilidade de a Imperatriz desfilar reaproveitando material, com o que a maioria dos diretores não concordou, por considerarem um retrocesso. 

A AUSÊNCIA E OS TORCEDORES – A ausência de um ano da Imperatriz no carnaval, segundo o presidente, prejudica a participação da comunidade na escola. Afinal, são diversas pessoas de Olaria, Alto de Olaria e lugares adjacentes que frequentam a escola nos eventos realizados em sua quadra. E assim se animam a participar mais ativamente. Na opinião de André, com a ausência, essa participação tende a se reduzir. 

Porém, em contrapartida, a decisão permite deixar para a próxima diretoria a receita da venda do material, como é feito todo ano. Segundo André, isso facilita um pouco a situação do próximo presidente para que ele inicie seus trabalhos. Embora o valor a ser deixado não seja suficiente para a realização do desfile de 2016, ele poderá, por exemplo, comprar algum material no Rio de Janeiro.

Dessa forma, o presidente afirma categoricamente que só os eventos promovidos na quadra o ano inteiro não são suficientes para o desfile da escola. Suprem por volta de 15% das necessidades. Mesmo assim há de se levar em conta que, das escolas de samba de Nova Friburgo, a Imperatriz foi a que empregou o menor valor. Por isso, a participação dos patrocinadores é fundamental. "É impossível fazer carnaval sem o apoio da iniciativa privada, somente com o valor que a Prefeitura repassa hoje de subvenção”, afirma.

Aos que gostam da Imperatriz, o presidente, entristecido com essa situação, salienta que foram fatos externos que motivaram a decisão da diretoria. A Imperatriz nem estava envolvida no caso de suspeita de corrupção no desfile deste ano. Porém, a repercussão do caso na cidade acabou afetando a escola diretamente. A pretensão de André Gripp e sua diretoria era estruturar a Imperatriz no seu primeiro ano de mandato e fazer um desfile muito melhor no segundo ano. Mas, infelizmente, com a perda de receita, tornou-se impossível essa missão. "Como eu disse, eu seria muito irresponsável em preparar um desfile e eventualmente deixar dívida para a próxima diretoria. Isso de forma alguma eu vou fazer”, finaliza André Gripp.

NÃO QUER DE NOVO – O mandato do atual presidente da Imperatriz segue até o dia 15 de março do próximo ano e ele não quer continuar. Inclusive devido a situações particulares que não o permitem.

Por outro lado, André cita que o desfile em si não o preocupa, e sim, o pós-carnaval, com poucos colaboradores, o retorno dos carros alegóricos, colocá-los de novo no barracão e, principalmente, honrar os pagamentos que seriam feitos com a segunda parcela dos patrocinadores. "Isso eu não quero de novo”, conclui.

 

 

 

Festival de Corais: o clima de Natal se consolidando

 

 

 

 

Pelo quinto ano consecutivo será realizado o Festival de Corais de Olaria, nas paróquias São Roque e Nossa Senhora das Graças. As apresentações começam no dia 6 e seguem até o dia 21, aos sábados e domingos.

No sábado, 6, às 20h, na Paróquia São Roque, o Coral Arautos do Evangelho Setor Feminino abre o festival, com regência de Cristiane Marques. No domingo, 7, também às 20h, na Paróquia N. S. das Graças, será a vez do Coral Santa Catarina de Labouré, com o regente Andréa Senna.

O festival continua com dois corais no domingo, 14. Na Paróquia São Roque, às 19h30, apresenta-se o Coral Imaculada Conceição, com o regente Marcos Antônio da Conceição. Na Paróquia N. S. das Graças, às 20h, apresenta-se o Coral Grêmio Português, sob regência de Lanúzia Pimentel.

No sábado, 20, outros dois corais participam do festival de Olaria. Na Paróquia São Roque, às 20h, apresenta-se o Coral Arautos do Evangelho Setor Masculino, regido por Roberto Ferronato, e na Paróquia Nossa Senhora das Graças, às 19h, o Coral Imaculada Conceição, sob a regência de Marcos Antônio da Conceição.

A quinta edição do Festival de Corais de Olaria será encerrada no domingo, 21, às 20h, com o Coro Lírico Acrópolis, regido por Ágni de Souza, na Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Todas as apresentações são gratuitas e têm classificação livre (menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais ou responsável). A promoção é das paróquias São Roque e Nossa Senhora das Graças.

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