Em sua última "batalha” no ano de 2014, o Friburguense conseguiu vitória importante. Na tarde da última quinta-feira, o clube foi absolvido pelo Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ), e escapou das punições impostas pela acusação de racismo durante o jogo com o Macaé na primeira fase da Copa Rio. O Frizão havia sido punido com uma multa de R$ 10 mil e a perda de dois mandos de campo no campeonato carioca. Após novo julgamento, o Tricolor da Serra está livre da pena e poderá receber Macaé e Tigres do Brasil em Nova Friburgo, pela 2ª e 4ª rodadas do Carioca.
À época da punição, o gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira, se mostrou contrariado com a pena. O próprio delegado da partida entre Friburguense x Macaé havia afirmado que não existiam provas concretas para punir o clube. No entanto, a pressão da mídia sobre um tema de grande repercussão na atualidade influenciou na decisão inicial do TJD-RJ.
"Estamos muito felizes com o resultado. Quando você traz uma notícia dessas à tona através da imprensa é complicado. Muita gente lê sobre o que supostamente aconteceu e depois pode observar que a justiça foi feita depois do recurso. Infelizmente a propagação não é a mesma. Sem o calor da imprensa e de uma forma justa, os relatores entenderam que o Friburguense não tinha culpa no que estava escrito na súmula. Em momento nenhum houve injúria racial. Temos a imagem de sempre receber bem. Nova Friburgo é ligada ao turismo, e de repente um fato citado sem ter provas vira algo concreto. Diante dos depoimentos, onde alguns argumentos não batiam, o Tribunal aceitou o nosso recurso. Por mais que o clube ande ao lado da torcida, eles entenderam que não havia uma prova realmente concreta.”
A decisão do júri foi unânime. O primeiro depoimento do relator foi acompanhado pelos votos favoráveis pela absolvição pelos demais relatores. Por cinco votos a zero, o clube foi declarado inocente no caso. O suposto caso de injúria racial aconteceu no dia 15 de outubro, na vitória do Friburguense por 3x1 sobre o Macaé, pela primeira fase da Copa Rio. A súmula assinada pelo árbitro José Waldson de Matos Modesto diz que as ofensas aconteceram no início do segundo tempo, quando o Macaé ainda vencia a partida por 1x0, e foram direcionadas ao atleta Bruno Alves. No entanto, a partida prosseguiu.
Uma força-tarefa com membros da diretoria do Friburguense e demais autoridades presentes ao estádio foi organizada para tentar identificar o autor dos supostos gritos de "macaco”, mas ele não foi encontrado. O clube, então, foi denunciado no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ) pelo procurador André Valentim, que cogitou até mesmo a exclusão do time do campeonato. No entanto, pesaram a falta de provas concretas e o esforço do Tricolor da Serra em tentar encontrar a pessoa que teria ofendido o jogador do Macaé — algo, inclusive, relatado na súmula.
"Vamos continuar recebendo bem os times, as pessoas e, se for preciso, faremos alguma campanha para ajudar. Pelo que tenho visto, os clubes passam a ter responsabilidade de panfletar, colar cartazes e isso não é obrigação nossa. Como vamos calar cada torcedor? Temos uma cultura no futebol de gritos para brincar com o árbitro, com os jogadores, até mesmo em forma de xingamentos. Mas são para desestabilizar o adversário, e não para ofendê-lo. Como julgar o clube por isso? Existe uma diferença em cada caso. A característica ofensiva deve ser comprovada, mas isso não acontece aqui.”
Benefícios financeiros e técnicos
Caso fosse mantida, a punição traria consequências práticas ao Friburguense, além da repercussão negativa. O Tricolor da Serra teria que enfrentar Macaé e Tigres do Brasil longe de Nova Friburgo, e ainda assim teria que cumprir todo o procedimento de um clube mandante. As condições técnicas também são ressaltadas por Siqueira.
"Era uma preocupação que a gente tinha. A gente consegue ser forte dentro do Eduardo Guinle, e o fator psicológico de começar com quatro partidas longe de casa teria que ser trabalhado com os jogadores. Conseguimos vencer fora, às vezes perdemos em casa. Mas nós temos seis jogos contra pequenos em casa, e com a punição, seriam apenas quatro. O quadro muda bastante. A estrutura para montar fora também seria um fator importante. Toda a estrutura que precisa ser feita é muito mais complicada de montar longe de Nova Friburgo.”
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