Arnold Schwarzenegger: este é o nome referência quando o assunto é desenvolver e controlar a musculatura corporal, atividade conhecida como fisiculturismo. Com adesão ainda bastante tímida no Brasil até alguns anos atrás, hoje o esporte chega a reunir milhares de esportistas e curiosos nos campeonatos, além de atrair diversos patrocinadores, que antes também eram figuras escassas. Provas de que tem diminuído o preconceito de achar o esporte um simples e exagerado culto ao corpo.
Diogo Montenegro é um exemplo dessa nova geração de atletas. Carioca de nascimento e friburguense de coração, Diogo veio morar na serra antes mesmo de completar um ano, quando seus pais decidiram criá-lo em um lugar mais tranquilo, sem a agitação rotineira da cidade grande. O contato com o esporte começou na escola, ainda pequeno, ao se destacar no futebol e corridas de velocidade. No entanto, o que parecia ser apenas uma brincadeira de criança virou profissão. Foram anos praticando musculação, o que fez com que Diogo optasse pelo curso de Educação Física. Diferente do que se possa imaginar, não foi pelos esportes praticados na infância que ele se dedicou; na faculdade, Diogo conheceu e se apaixonou pelo fisiculturismo. Com quatro anos se empenhando ao esporte, Montenegro já participou de doze campeonatos e este ano conquistou a medalha de ouro na categoria Men’s Physique do Arnold Classic Europe 2014 — competição internacional realizada em Madri e idealizada pelo ex-fisiculturista, ator, empresário e político austro-americano Arnold Schwarzenegger. Os detalhes do evento, a rotina de treinos que levou Diogo a conquistar o título de campeão e sua promissora trajetória no ramo do fisiculturismo são os destaques desta entrevista exclusiva concedida ao jornal A VOZ DA SERRA.
A VOZ DA SERRA - Como você começou a se interessar pelo fisiculturismo?
Diogo Montenegro - Conheci um aluno fisiculturista na faculdade. Devido o meu gosto pela musculação e aparente genética para tal, ele sempre me incentivava a assistir algum campeonato. Por muito tempo fui relutante, até que um dia resolvi acompanhá-lo em um desses eventos. A partir daí fiquei apaixonado pelo esporte e decidi que ainda nesse ano de 2011 eu competiria.
Se dedicar a esse esporte não deve ser uma tarefa fácil...
É muito difícil. O atleta precisa estar focado 24 horas por dia, precisa preparar sua comida, comer de 3 em 3 horas, treinar (às vezes 2 vezes por dia), estudar, trabalhar e descansar. Devido a essa rotina, muitas vezes amizades são perdidas e o afastamento das pessoas que não vivem esse meio é inevitável.
Como funcionam os treinos e a alimentação?
Eu treino um grupamento muscular por dia e tenho um dia livre na semana para treinar o que eu julgar necessário. A alimentação é bem regrada, uso como alimentos base da dieta o frango, tilápia, carne vermelha, ovos, batata doce, arroz branco e integral, saladas e legumes. Se estou na fase off (período distante ao calendário de competição) costumo ficar à vontade para comer livre em dois dias da semana; se estou em pre contest (período próximo às competições) não faço refeições "lixo” durante a semana. Independentemente disso, o domingo costuma ser o dia reservado ao descanso.
Encontrou ou ainda tem encontrado muitos obstáculos para seguir a carreira?
Todo atleta de qualquer esporte no Brasil encontra muitas dificuldades. No fisiculturismo isso é maior, pois além de ser um esporte caro, ainda tem pouca visibilidade, muito preconceito e pouco incentivo. No começo, as pessoas diziam que eu era bitolado. Apesar disso nunca conseguiram me deixar abalado. Eu tinha um sonho, um objetivo e nada me faria perder o foco. Mas acredito que, sem dúvida alguma, o maior obstáculo é custear uma preparação para campeonato, isso no início também era muito difícil para mim. Agora com patrocinadores posso dizer que estou mais aliviado.
Você trabalha nesta área atualmente?
Esse ano eu montei uma equipe de atletas que vem se destacando no cenário do fisiculturismo. Meu trabalho é liderá-los e oferecer todo o suporte para eles não ficarem desamparados no dia da competição. Cada detalhe é de extrema importância, como pintura, aquecimento, apresentação no palco, poses e motivação.
E quanto ao Arnold Classic Europe 2014, foi o primeiro campeonato internacional do qual participou?
Foi o primeiro campeonato fora do país que participei, porém já havia participado duas vezes do Arnold Classic Brasil, que também é um campeonato internacional.
Como foi essa experiência de representar o Brasil em uma disputa como essa?
Foi uma experiência maravilhosa. Alguns brasileiros participaram do ACE 2014 na totalidade das categorias, porém na Men’s Physique fomos apenas eu e mais um atleta. Por isso, nós podíamos sentir a vibração das pessoas torcendo por nosso sucesso. É algo incrível trazer felicidade aos brasileiros com minha conquista, uma sensação definitivamente única.
Quais os próximos passos a partir de agora?
Agora estou me preparando para minha estreia na liga profissional, que acontecerá no primeiro semestre de 2015. E meu próximo desafio acontecerá dia 21 de março, na Nova Zelândia.
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