Na esteira de diversas notícias recentes relacionadas à Saúde, Luis Fernando Azevedo, secretário municipal da pasta, procurou a redação de A VOZ DA SERRA com o intuito de fazer um balanço dos oito primeiros meses de sua administração, analisar o momento atual vivido por Nova Friburgo, e falar das perspectivas para 2015.
Sobre as críticas
"As críticas sempre vão existir. De fato, a Saúde ainda precisa melhorar muito. Eu sempre fui muito franco, e nunca enganei a população em relação aos problemas que existem. Nosso trabalho não pode ser apenas de curto prazo, mas também envolve planejamento de médio e longo prazos. Herdamos muitas dificuldades, estamos dando continuidade a obras que já vem de muito antes, como no hemocentro, na maternidade e no posto de Amparo, mas temos que fazer tudo dentro da lei. Existem trâmites que geram atrasos, mas ainda este ano já vamos inaugurar algumas obras significativas.”
Falta de medicamentos
"A farmácia complementar era de responsabilidade do estado. Porque existem três tipos de farmácias na cidade. As do Raul Sertã e da Maternidade, que são de urgência e emergência; a do posto de saúde Silvio Henrique Braune, que é a farmácia básica que distribui para os postinhos; e a farmácia complementar, que era de ações judiciais antigamente. Hoje nós licitamos para comprar esses remédios, e alguns deles são caríssimos. Tudo isso depende de um orçamento, e no ano passado esse ponto não foi contemplado de forma adequada. Por isso nós estamos fazendo um planejamento para em 2015 acabar com esses problemas. Em termos de estrutura, a nova farmácia do Raul Sertã já está pronta, só estamos aguardando a chegada das prateleiras para que possamos inaugurar. Nós também pusemos mais uma pessoa para auxiliar na distribuição central dos medicamentos, e na UPA essa agora é uma responsabilidade da empresa que a administra.”
O que já foi feito
"O que eu prometi é que em dois anos a gente melhoraria a Saúde da cidade. O grande desafio, no entanto, é que muitas vezes a gente só consegue apagar incêndio. Quando deveríamos estar trabalhando no planejamento, temos que ficar tapando buracos. A Saúde ainda enfrenta muitas dificuldades, está muito aquém do que nós almejamos. Porém, algumas ações importantes já foram feitas. O endoscópio estava parado e nós colocamos para funcionar, a gente também normalizou os remédios da urgência... O da [farmácia] complementar realmente falta e a gente compra, volta a faltar e a gente compra novamente. O tempo de espera para a coleta de exames no laboratório em frente ao Raul Sertã diminuiu, nós temos todos esses números. Esse é um problema histórico no hospital, antigamente as pessoas esperavam quatro ou cinco horas, e agora, durante os dias, não passa de vinte minutos.”
Cirurgias
"Muita gente diz que o número de cirurgias em Friburgo diminuiu muito. Isso não se confirma. Na verdade Friburgo precisa de muito mais cirurgias, mas se compararmos os números atuais com os de 2009, 2010 e 2011, veremos que eles são muito parecidos. E é preciso considerar que depois da tragédia a estrutura do Raul Sertã foi muito debilitada. Ele ficou um tempo grande sem a manutenção dos equipamentos, e por isso houve muitos defeitos nos anos seguintes. Nós estamos agora licitando uma empresa para fazer essa manutenção.”
Manutenção
"Nós não podemos nos esconder da Justiça. As empresas que faziam a manutenção no passado renderam muitos problemas aos gestores anteriores, em função de suspeitas ligadas às suas atuações. Eu quero resolver esse problema cumprindo tudo que a lei determina, com códigos, com numerações, registrando todo o patrimônio. Isso leva tempo, mas nós estamos colocando a casa em ordem. Eu acredito que antes do fim do ano a gente consiga licitar essa empresa para fazer a manutenção.”
Tratamento Fora do Domicílio
"Existem outros problemas graves. Eu troquei, por exemplo, a direção do Tratamento Fora Domicílio (TFD). Na verdade as restituições já vinham atrasando há muito tempo, a gente começou a pagar alguns lotes agora. Mas existem outros lotes que têm empecilhos, porque algumas pessoas, mesmo que sem conhecimento ou intenção, fizeram uso desse benefício para comprar coisas como vinho tinto, sashimi, salmão... E tudo isso trava o processo, que é feito por lotes. Aí várias pessoas demoram a receber e ficam chateadas, com toda razão. A fim de agilizar esse processo nós destacamos dois advogados para trabalharem em cima disso.”
Contratações
"A parte de Recursos Humanos está ligada diretamente à Prefeitura, que já trabalha muito próxima ao teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, então nós estamos um pouco travados em nossa capacidade de contratação. Porém, nós estamos fornecendo cursos de treinamento, aperfeiçoamento e humanização aos funcionários, para que eles possam render mais, e nós aproveitemos melhor o pessoal que a gente tem. Além disso, continua previsto o concurso público para o início de 2015.”
Hemocentro
"Desde 2005 a obra do hemocentro era para estar pronta, e nós vamos entregá-lo até o fim do ano. O hemocentro atual, mesmo estando com os dias contados, também foi adaptado para atender às exigências da vigilância sanitária, e já voltou a funcionar. A partir de segunda-feira, 17, voltaremos a coletar sangue, e a expectativa é entregar o novo hemocentro antes do fim do ano.”
Olaria
"Olaria é o bairro mais contemplado hoje em relação à Saúde. Olaria tem três postos de médicos da família. Olaria tem uma UBS grande, e dentro dessa UBS mais dois médicos da família. E agora vai ter uma Clínica da Família com atendimento de 12h, com ginecologista, pediatra... Claro que nós gostaríamos de ter uma UPA lá. Na condição de presidente da Comissão de Saúde da Câmara, eu fui a Brasília com o prefeito e o então secretário Dagoberto José da Silva, e conseguimos a autorização e os recursos para a segunda UPA de Nova Friburgo, que pretendíamos construir em Olaria. Essa foi uma vitória nossa. Na época, esse pessoal que hoje nos critica, não fez nada para ajudar a trazer a segunda UPA para Nova Friburgo. Acontece que, nas condições atuais, que já foram explicadas várias vezes, essa segunda UPA só será viável financeiramente se for instalada de modo anexo ao Raul Sertã. Ou a instalamos lá, ou não vai ter essa UPA. E nós não podemos perder esses recursos, que vão beneficiar também ao próprio Raul Sertã. Porque nós sabemos da deficiência física do hospital, e com essa solução nós vamos poder criar uma unidade novinha para atender com dignidade as urgências do Raul Sertã. E o povo de Olaria também vai se beneficiar disso, uma vez que a distância para o hospital não é nenhum absurdo.”
Perspectivas para 2015
"Quando eu assumi a secretaria, no final de março, nós encontramos um orçamento muito comprometido por gastos de gestões anteriores. Basicamente nós tivemos apenas 50% do orçamento para trabalhar, e esse foi um fator complicante. Já para 2015 nós pudemos fazer um planejamento, então esse tipo de situação vai ser minimizada. Nós teremos o orçamento completo, e aí sim eu acredito que vamos poder decolar com a Saúde. As licitações que nós fazemos têm a duração de um ano, mas com a margem ampliada para 2015 nós esperamos poder realizar mais licitações. Eu não sou homem de me omitir das responsabilidades. Eu sabia das dificuldades, assumi no meio daquele caos, e sabia que ia ter muito trabalho pela frente, antes de começar a ver os bons resultados surgindo.”
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