Construída em 1820 e ilustre a ponto de figurar nos versos do hino de Nova Friburgo, a Fonte do Suspiro foi durante anos o principal manancial das casas das famílias suíças que aqui construíram suas vidas. Ao longo dos anos, ganhou prestígio também como ponto de encontro da população friburguense — e se firmou como um dos maiores atrativos turístico-históricos do município; símbolo de sua fundação. No entanto, as fortes chuvas de 2011 destruíram por completo este patrimônio histórico de Nova Friburgo.
Há dois meses, foi iniciada uma obra com o intuito de reconstruir a fonte — mas a iniciativa tem causado polêmica devido a alegações de uma disparidade existente entre o novo projeto e a fonte original. A historiadora Janaína Botelho, por exemplo, chega a afirmar que a nova fonte desrespeita a história material e imaterial do monumento. "Como historiadora, me sinto na obrigação de falar sobre o assunto. A própria estética da fonte está em escala reduzida à original. Sem contar que criaram algo disforme, com aspecto de um forno de pizza. Deveria ter sido feito, no mínimo, um ‘falso histórico’, que é aproximar a construção ao máximo do que era originalmente. Já que a técnica de cantaria, que era a realizada na época e que seria a ideal, é muito rara e cara. Não podemos deixar que algo de uma importância histórica tão grande como a Fonte do Suspiro se torne motivo de piada”, protesta Janaína.
Segundo Júlio Cezar Seabra Cavalcate, o Jaburu, fundador de uma das instituições que apoiam a reforma, o Gama (Grupo de Arte, Movimento e Ação), todas as avaliações técnicas necessárias foram realizadas. "Essa reconstrução está sendo feita com base em um projeto já aprovado pelo governo municipal e que respeita as escalas e as informações fotográficas e culturais. Estamos fazendo o melhor que podemos, respeitando a história, mas realizar uma repetição perfeita da obra inicial é, de fato, muito difícil. Quanto às críticas, elas não são ofensivas e nós sabemos que acontecem numa tentativa de colaboração. As opiniões são indiscutíveis e fazem parte do processo democrático, temos que respeitar. É impossível agradar a todos.”
A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Secretaria de Cultura do município, através da Secom, na tarde da última quarta-feira, 5, para conhecer a opinião da pasta sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
A reconstrução da Fonte do Suspiro tem o apoio cultural da Prefeitura e do Gama e está sendo patrocinada pelo empresário Jorge Aguiar, da empresa Caminhos Dourados. O custo da obra, segundo divulgado pela Secom, é de R$ 145 mil. A cerimônia de inauguração da nova fonte está prevista para o dia 18 de dezembro, às 18h.
Deixe o seu comentário