EDITORIAL - Vergonha friburguense

domingo, 15 de junho de 2014
por Jornal A Voz da Serra

PARA QUEM guarda na memória o trágico 12 de janeiro de 2011 em Nova Friburgo, a imagem que presenciamos no bairro Córrego Dantas, conforme mostrou reportagem de ontem em A VOZ DA SERRA, causa revolta a todos pela inércia do governo municipal em socorrer aquela comunidade com um mínimo de assistência e reparação material. Impossível devolver ao convívio dos familiares e amigos os inúmeros mortos daquele bairro na catástrofe, porém, o tempo excessivamente longo de desleixo não responde com presteza a necessidade que a população vem enfrentando há mais de três anos. Uma vergonha.

A PREFEITURA, devido à desatenção com o bairro, dá mostras de que não dispõe de planejamento urbano, aparelhamento técnico nem recursos financeiros para cuidar da cidade, Córrego Dantas, hoje, simboliza a dificuldade dos cidadãos friburguenses em conviver num município que, até há pouco tempo, era uma referência em qualidade de vida. Perdemos a titularidade e enfrentamos hoje toda a sorte de problemas, políticos e materiais.

A TRAGÉDIA que se abateu sobre todos naquela época promoveu comoção mundial, levando muitos a oferecerem auxílio de todas as formas, numa rara demonstração de solidariedade global que comoveu a todos os friburguenses. Porém, mais importante foi o trabalho realizado pela comunidade, que em meio ao caos uniu-se para salvar seus conterrâneos, expondo-se também ao risco da morte que varria centenas de pessoas naquela fatídica madrugada.

O EXCESSIVO volume de chuva que caiu no município e na Região Serrana em 2011 superou todas as expectativas, porém, existiram razões para tal. Ou, pelo menos, algumas razões. Antes da tragédia, A VOZ DA SERRA indagava se o município estava preparado para receber as conhecidas chuvas de verão e todas as suas consequências. Não estava, assim como não estão até agora o Estado do Rio e o Brasil.

FRIBURGO mostrou-se despreparada para fazer frente a uma grande tragédia, o que não é novidade para os seus moradores, que sempre sofreram com enchentes e deslizamentos todos os anos. Agora, três anos depois do ocorrido, a cidade continua exigindo uma gestão eficiente da administração pública para cuidar convenientemente dos assuntos prioritários de governo e de interesse da população, como é o caso do Córrego Dantas.

SERÁ preciso um esforço de gestão pública para planejar a cidade, considerando todas as perspectivas de crescimento, seja econômico ou populacional, incorporando cada vez mais as políticas de meio ambiente no contexto desse desenvolvimento. Não podemos ignorar a influência e a importância da educação ambiental no futuro de Nova Friburgo.

TAMBÉM é preciso reavaliar as metas políticas do município frente à realidade crítica e ao futuro. A população irá eleger este ano representantes para a Alerj e o Congresso Nacional e estes deverão utilizar suas influências para ajudar a reerguer a cidade. Quanto aos políticos locais, devem adotar uma posição mais responsável que a caça ao voto para não transformarem as pseudo-vantagens dos eleitores em tragédias irreparáveis. Vamos consertar o Córrego Dantas urgentemente.


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