Texto: Felipe Basilio / Fotos: Lúcio Cesar Pereira
Na intensa correria do dia a dia, um grande problema do motorista que passa pela Avenida Alberto Braune é estacionar. O principal centro comercial da cidade é também a ponto central da Zona de Estacionamento Rotativo. O Zero, como é chamado, tem o objetivo de aumentar a fluidez nas vagas ao longo da Avenida Alberto Braune, praças Dermeval Barbosa Moreira e Getúlio Vargas, e suas transversais. No entanto, problemas funcionais fazem com que esse ciclo de vagas fique travado, gerando insatisfação nos motoristas e causando problemas na fluidez do trânsito. A equipe de A VOZ DA SERRA percorreu as ruas da cidade e constatou que os problemas são de fiscalização, mas também da falta de colaboração dos condutores.
Os problemas já começam na parte da manhã com o horário reservado para o serviço de carga e descarga dos estabelecimentos comerciais. Caminhões extensos ocupam grande espaço na avenida e reduzem ainda mais o número de vagas na Alberto Braune. Além disso, o uso durante todo o dia de uma vaga vai na contramão da proposta da rotatividade. Encontramos o caso de um carro com placa de Macaé que, segundo lojistas, ficou por dias estacionado na avenida. Luiz Augusto, 70 anos, pede maior fiscalização em relação a esse tipo de atitude e a ampliação do Zero para toda a cidade. "Não temos vagas. Às vezes chega sete da manhã e já tem carros estacionados”, afirmou.
Ao longo da Alberto Braune encontramos uma infinidade de irregularidades. Vagas destinadas a deficientes ocupadas por carros sem nenhuma indicação de que teriam direito a esse privilégio, carros em filas duplas obstruindo a saída de outros veículos, e automóveis claramente sem o bilhete do estacionamento rotativo. Muitos motoristas afirmaram à nossa equipe de reportagem que têm dificuldades para comprar os talões do Zero. Já um agente de trânsito, que não quis se identificar, contou que não existe qualquer incentivo para que a fiscalização seja feita, que nenhum valor arrecadado do Zero é repassado para os agentes. De janeiro ate o fim de maio, foram R$ 145.680,00 frutos do estacionamento rotativo, sendo que metade desse valor é repassada para instituições filantrópicas da cidade. A outra metade fica com o Executivo. Segundo o servidor, "não há como fiscalizar 100%, pois não temos nenhum retorno”, declarou.
Rogério Barros, 53 anos, crê na necessidade de um controle ao longo da pista, e de que é preciso um trabalho mais intenso de fiscalização. "A fiscalização é fundamental, é um trabalho importante. O estacionamento privativo está caro e precisamos do rotativo nas ruas. O problema é que muitos motoristas param o carro em fila dupla, ligam o pisca-alerta e não usam o bilhete do Zero. Falta olhar isso um pouco mais”, comentou. Walace Martins, 39 anos, segue na mesma linha, e critica a falta de investimentos e de atenção para o trânsito friburguense. "Está tudo muito complicado. É notório o crescimento de veículos na cidade e o espaço continua o mesmo. Esse aumento prejudicou muito a procura por vagas aqui no Centro”, disse.
Falta de vagas ao longo do centro faz com que motoristas parem em filas duplas ou em locais irregulares
Placa que permite estacionamento de idosos gera controvérsia
Carro parado há dias na Avenida Alberto Braune causou polêmica
Responsável pelo trânsito em Nova Friburgo, a Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana vem acompanhando as reivindicações dos motoristas e os problemas que afetam o fluxo de veículos nas principais ruas da cidade. De acordo com o secretário da pasta, coronel Hudson Aguiar, a grande parte das infrações poderia ser evitada caso houvesse conscientização por parte dos próprios motoristas. "São cerca de 670 multas por semestre. As pessoas não se conscientizaram, e não precisaria disso se elas não quisessem burlar o sistema, ter a vontade de desrespeitar as leis. Precisamos construir uma cidade que saiba melhor compartilhar o espaço público”, esclareceu.
Sobre a dificuldade na aquisição dos talões, o secretário foi enfático: "Isso é uma desculpa para não adquirir o talão. Nós temos quarenta pontos de venda no centro da cidade. Essa alegação representa a vontade de transigir as leis. Não é possível que o motorista não encontre os talões”, frisou.
Durante a reportagem, encontramos um veículo estacionado em uma área destinada ao Zero e conduzido por uma senhora de 57 anos que estava com a placa de idosos, disponível apenas para pessoas acima de 65 anos. Questionamos estes fatos ao secretário, que exclamou. "A plaquinha do idoso é feita exclusivamente para o estacionamento do idoso. Se eles param em outro local estão no mesmo sistema das outras pessoas. Ele é um cidadão que deve cumprir o que está estabelecido.”
Somente 15 agentes fazem a fiscalização em todo o perímetro urbano de Nova Friburgo. O coronel Hudson ressaltou a importância de buscar uma bonificação para estes, além de acrescentar que o aspecto emocional também deve ser trabalhado na equipe. "O que eles passam no dia a dia é difícil enfrentar. Os diversos anseios da categoria estão sendo estudados pelo Executivo. Precisaria haver também um acompanhamento psicológico para os nossos agentes, devido ao que eles passam na rua”, concluiu.
O secretário de Ordem e Mobilidade Urbana afirma que os problemas do
trânsito são causados pela falta de consciência dos motoristas
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