EDITORIAL - Um sonho possível

segunda-feira, 26 de maio de 2014
por Jornal A Voz da Serra

FICOU PELO caminho da administração municipal proposta do ex-prefeito Heródoto, em 2008, de transformar Nova Friburgo numa cidade-parque. Na época, o vislumbre do então mandatário era, sem dúvida, um avanço para a política ambiental do município. Uma proposta inovadora, que merecia ser desenvolvida pelos progressistas e pela comunidade ambientalista, além da sociedade organizada, em consonância com a Lei da Natureza e outras. 

MAS O SONHO acabou.  A tragédia ambiental de 2011 sepultou a pretensão do engenheiro, como de resto foi o seu curto mandato e os prefeitos que o sucederam simplesmente esqueceram da boa ideia, arquivando-a como tantos outros projetos de beneficiamento de nossa cidade. Os projetos de reconstrução, infelizmente, barraram a intenção e só fizeram desfigurar a geografia do município.

EXEMPLOS de cidades-parques existem em muitos países e Nova Friburgo poderia ter a chance de se incluir neste privilegiado grupo de comunidades que levam o meio ambiente a sério e não admitem transgredir as leis ambientais, sob pena de severas multas. Resta agora lamentar a ausência de políticas públicas do município, que infelizmente deixa à deriva um bem precioso e compromete o rico legado para nossos filhos.

SE DE UM lado faltou visão de continuidade dos mandatários, por outro a natureza deu o sinal de alerta. Após 2011, a população antecipou-se à administração e se conscientizou para a nova forma de cidadania ambiental, mostrando os benefícios sociais e os interesses da preservação com desenvolvimento sustentável. Foi uma mudança de postura saudável e oportuna, uma nova cultura ambiental, que deverá vir precedida de amplo conhecimento e aprovação de todos daqui por diante.

A PREOCUPAÇÃO da população e do governo com o meio ambiente é idêntica à grande maioria das 5.564 cidades brasileiras. Dados da Pesquisa de Informações Municipais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 90,6% dos municípios sofrem a ocorrência frequente de alguma alteração ambiental. E citam como maiores problemas as queimadas, o desmatamento, a poluição e o assoreamento dos cursos d’água. Mas são outros mais.

PARA QUE a ideia não seja enterrada numa gaveta palaciana, é preciso que a Prefeitura busque na sociedade friburguense o apoio para implementá-la. E mais ainda, deve o governo municipal acercar-se de uma equipe de meio ambiente voltada de corpo e alma para a questão, além, evidentemente de contar com o apoio dos partidos políticos comprometidos com a questão e envolvidos com a seriedade que o tema exige. 

MAIS QUE lamentar o que deixou de ser feito, devemos tratar de arranjar propostas inovadoras que possam trazer benefícios para a comunidade, além de elevar a autoestima do friburguense e divulgar positivamente o município no cenário nacional. Para tanto, o prefeito Rogério Cabral ainda tem tempo de gerir a área ambiental com pessoas competentes e motivadas suficientemente, transformando os sonhos em realidade. Senão, tudo será em vão.

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