Feira de Olaria agrada muita gente mas há controvérsias em relação ao trânsito

terça-feira, 13 de maio de 2014
por Eloir Perdigão
Feira de Olaria agrada muita gente mas há controvérsias em relação ao trânsito
Feira de Olaria agrada muita gente mas há controvérsias em relação ao trânsito

A feira de Olaria é realizada em uma versão menor às quintas-feiras, no trecho inicial da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, e em uma versão maior aos domingos, ocupando também trecho da Rua Presidente Vargas. É uma tradição não só do bairro, mas também da cidade. É onde se encontra de tudo um pouco, até os amigos pra botar o papo em dia. Não há quem não goste, mas há quem registre ressalvas. Principalmente quanto ao trânsito interrompido na Rua Presidente Vargas aos domingos, gerando uma série de contratempos, inclusive com desvio de linhas de ônibus. E o pior: apesar de a antiga Autran se localizar no bairro — Rua Vicente Sobrinho —, nenhum agente é escalado para orientar os motoristas. Um feirante ressaltou que há um ano também não há fiscal de Posturas para organizar melhor a feira.

Com a compra da Fábrica Ypu pela Prefeitura e a transferência de vários setores, inclusive a antiga Autran, foi ventilada a possibilidade de ser construído um mercado no espaço a ser desocupado — semelhante ao da Vila Amélia — para melhor funcionamento  da feira. Poderia, até mesmo, funcionar diariamente. Outra opção é a transferência da feira para o espaço da Via Expressa.

MAIS BEM ESTRUTURADA – O comerciante Mário Sérgio Abreu (Serginho), estabelecido na Rua Presidente Vargas, aprova a feira. Ele diz que é o local ideal para a pessoa espairecer, onde muitas pessoas vão não somente para comprar produtos fresquinhos, como também para simplesmente passear, conversar ou conhecer pessoas novas. Para ele, é um acontecimento aos domingos. 

Serginho salienta que a feira de Olaria precisa ser mais bem estruturada e as barraquinhas poderiam ser padronizadas, mesmo com ajuda de empresários do bairro. Ele topa contribuir. "É preciso organizar, ficar tudo certinho, porque já é tradicional e é válida para mim também, porque as pessoas vêm e compram aqui também”.

Sobre a transferência da feira para outro local, Serginho julga que é "trocar seis por meia dúzia”. Sua opinião é de que a realização dela aos domingos não prejudica o trânsito. E acrescenta que a população já está acostumada com a feira nas principais ruas do bairro. 

PELO MENOS UM FISCAL - O feirante Juscelino Boy dos Santos, de 40 anos, agricultor, residente em Galdinópolis, frisa que tudo o que tem deve ao seu trabalho na agricultura e à venda direto ao consumidor na feira de Olaria. Ele reclama que há um ano a feira não tem fiscal de Posturas, o que tem gerado confusões, como antigos pontos ocupados por camelôs desavisados. Ele cobra a presença de pelo menos um agente. Um abaixo-assinado está para ser entregue na Subsecretaria de Posturas da Prefeitura com essa reivindicação dos feirantes.

Para Juscelino, a feira é um local familiar. Ele trabalha com a esposa e, às vezes, o filho também ajuda. "Eu dependo da feira, vivo da feira, que faço há 20 anos. Eu planto e tenho orgulho de só vender o que a gente planta, trazer o produto bom e vender para os fregueses”. 

PRÓS E CONTRAS - Freguesa da feira há pelo menos dez anos, a dona de casa Ivete Marchon de Mello, que mora em Olaria mesmo, gosta da feira. Tem sempre o que ela quer, embora reclame dos preços, o que, às vezes, a obriga a levar menos do que havia planejado. Ela aprova a realização da feira nas ruas do bairro.

O advogado Itamar Cardinot, também morador de Olaria, julga que a feira não está no local certo e poderia ser mudada para o espaço da Via Expressa — ideia antiga, mas nunca posta em prática —, um local considerado mais tranquilo e que não interromperia o trânsito nas ruas centrais do bairro. Com essa mudança de local, ele acredita que os feirantes teriam melhores condições de trabalho. Itamar também aprova uma eventual mudança para as dependências da antiga Autran, desde que funcionasse numa área coberta, do tipo do mercado da Vila Amélia. Ele lembra que a feira vem crescendo ao longo dos anos e vai tomando um naco maior das ruas, o que tem consequências para o trânsito. "Tem que tirar a feira daqui”, afirma.

Carminha Moraes, merendeira, isto é, cozinheira por excelência, que também reside em Olaria, aprecia a feira do bairro. "Muito boa”, diz ela, que por sua vez julga os preços bons, com produtos fresquinhos e feirantes atenciosos. Ela não vê problemas na interrupção do trânsito nas ruas centrais do bairro. "É só um diazinho, eu acho normal. Essa feira é boa e deve continuar aqui mesmo.” 

"A feira aqui é muita boa e pra mim está tudo bem.” Esta é a opinião de Rosimere Albertini Klein, auxiliar de serviços gerais, que também mora em Olaria. Ela julga ser necessária maior limpeza das ruas que a feira ocupa. Há falta de higiene, fezes de cães pelo chão, o que pode comprometer a qualidade dos alimentos ali vendidos. E aponta uma caixa de produtos agrícolas apoiada na calçada. Ela imagina a feira em outro local, como na Via Expressa ou na antiga Autran, já com as barraquinhas padronizadas e funcionando mais organizadamente. Enquanto a transferência não chega, Rosimere aprecia a feira, mas lamentando a interrupção das ruas centrais de Olaria, tumultuando o já tão conturbado trânsito local. 

O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Olaria (Amabol), Ricardo Alves  (foto), diz que a feira de Olaria suscita um grande debate, pois uns querem mudanças e outros preferem conservá-la como está. Ele considera a feira "um patrimônio cultural do bairro”. Possíveis alterações devem ser feitas, se for o caso, de forma bem democrática. E os debates, em sua opinião, devem ter a Amabol como órgão de intermediação.

Segundo Ricardo, a feira de Olaria não é uma questão simples. Ela foi se ampliando gradativamente ao longo dos anos, se transformando num ponto de encontro não só dos moradores do bairro, mas dos friburguenses — e chega a ser a diversão dominical para muitos que não dispõem de outros atrativos.  

Ricardo imagina que os moradores dos trechos interditados hão de querer a mudança, pois todos os domingos ficam com suas garagens obstruídas ou até mesmo têm dificuldades de se locomover. Uma prova de que se torna necessário um posicionamento não somente do poder público mas de toda a coletividade. Para ele, a Câmara Municipal também deve ser incluída no debate, assim como os próprios feirantes e até mesmo uma comissão da Amabol, que poderá ser organizada especificamente para essa finalidade.

Ricardo crê que a Subsecretaria de Posturas precisa ser dinamizada, inclusive para dar atenção à feira de Olaria. Ele alega haver apenas um fiscal para toda Nova Friburgo. "É inadmissível haver somente um fiscal, quando a necessidade é a fiscalização de cerca de 200 mil habitantes. Não tem condição.” 

Na opinião de Ricardo Alves, qualquer que seja o local para a transferência da feira há de ser oferecida boa estrutura para feirantes e clientela, a começar por barracas padronizadas. Para ele, a Amabol pode ser o canal de entrosamento entre o poder público e a população. "A associação está aberta a conversar com o prefeito e demais Secretarias para que, em conjunto, possamos gerir a melhor solução”. 

O presidente da Amabol salienta que deve ser levada em consideração ainda a questão do grande índice de feirantes que não são de Nova Friburgo; há feirantes que se valem de mais de uma barraca, às vezes três ou quatro, em detrimento do pequeno produtor, familiar, que dispõe de pouca estrutura, ao passo que este sim deveria ser o maior beneficiado para vender seus produtos na feira.

Enfim, Ricardo enfatiza que este assunto tem que ser bem debatido, pois mudanças podem representar alterações no modo de vida de muitas pessoas, de toda a população, de todos ligados direta ou indiretamente à feira de Olaria. Tudo deve ser feito de comum acordo e através da associação de moradores, em sua opinião, o órgão certo para esse debate. 

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TAGS: feira | Posturas | Smomu | Trânsito | Amabol
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