Jairo Wermelinger - Um homem de negócios que trabalha visando o bem de Nova Friburgo

segunda-feira, 28 de abril de 2014
por Dalva Ventura
Jairo Wermelinger - Um homem de negócios que trabalha visando o bem de Nova Friburgo
Jairo Wermelinger - Um homem de negócios que trabalha visando o bem de Nova Friburgo

Ele é, antes de tudo, um gentleman. Homem de negócios, de uma família de empreendedores de sucesso, dono da Wermar e da Duda Damewer, que fabrica artefatos de plástico para construção, Jairo Wermelinger não para. Trabalha pelo menos 12 horas por dia e garante que seu prazer é este. O segredo de seu sucesso, diz, é administrar os negócios com transparência e honestidade, as mesmas características que fez questão de destacar em sua campanha para prefeito municipal nas últimas eleições.

Apesar de nunca ter participado da política, aceitou se candidatar a prefeito para ajudar o município a enfrentar os problemas da saúde, educação e reconstrução, que até hoje continuam afetando a todos nós. O resultado das urnas surpreendeu a todos que apostavam em sua derrota, já que ele nunca havia sido testado nas urnas nem para vereador. Além disso, Jairo não é, por assim dizer, uma figura das mais carismáticas, condição considerada fundamental para um político se dar bem nas urnas.    

Ao contrário do que se imaginava, porém, demonstrou em sua campanha uma experiência de político tarimbado. Sua votação foi surpreendente. Desafiando todos os prognósticos, obteve 35.033 votos (32,83%), deixando para trás até uma ex-ocupante do cargo, Saudade Braga. Faltaram apenas 2.928 votos para que fosse ele, hoje, o prefeito do município. A derrota não o afetou em nada. Voltou a se dedicar exclusivamente as suas empresas, que, aliás, estão de vento em popa, com a inauguração ainda este ano da Nova Wermar, no Paissandu, e o final da construção da fábrica da Duda, no interior de Pernambuco, que vai fornecer produtos para todo o Nordeste. 

Jairo Wermelinger conversou longamente conosco sobre os segredos de seu sucesso como empresário e, apesar de sua discrição, também sobre a situação atual do município, que, como sabemos, continua enfrentando uma crise muito grande em diversos setores da administração, a começar pelo trânsito.  

A VOZ DA SERRA - Esta avenida aqui (Avenida Roberto Silveira) é um problema, não? Demoramos muito para conseguir chegar. Ainda bem que saímos cedo... 

Jairo Wermelinger - Eu sei como é. Em certas horas, então, ninguém anda. Nas duas pistas. Tem muito carro, tem muito caminhão. 

A Prefeitura poderia disciplinar o trânsito aqui e em outros locais críticos da cidade? 

Com certeza. Mesmo sem recursos para fazer obras, é possível melhorar bastante a situação. As vias secundárias, por exemplo, como a Avenida dos Ferroviários, poderiam ser utilizadas para escoar o trânsito, assim como a Avenida Nossa Senhora do Amparo. Hoje, tem ali oficinas de mecânica e lanternagem que trabalham em plena rua. Sem isso, muitos motoristas deixariam de usar a RJ-116, o que aliviaria muito o trânsito. 

Você acha, então, que existem alternativas capazes de melhorar o trânsito de Friburgo? 

Certamente. Durante minha campanha, apresentei algumas propostas. Falei, por exemplo, da construção de baias para ônibus nas avenidas mais movimentadas. O que acontece hoje? O trânsito não pode fluir nas principais ruas e avenidas da cidade porque os ônibus ficam parados até os passageiros embarcarem e desembarcarem. Além disso, há coisas que dependem apenas do interesse do gestor, como disciplinar estacionamentos irregulares, mão e contramão e diminuir alguns raios de curva. Um projeto mais ambicioso, mas a meu ver, indispensável e urgente, seria o que denominei de "Novo Paissandu”. Seria a construção de um minhocão ou um novo viaduto, isto é, uma ponte espraiada naquele local. Com que recursos? Bem, ali é um eixo rodoviário, uma estrada do Estado que está sob a responsabilidade da RJ-116. O Estado e a própria Prefeitura têm interesse em resolver. Também é possível conseguir o apoio do Ministério das Cidades. 

Por falar em Paissandu, vamos falar da nova loja da Wermar, que pelo visto vai ser a maior loja de Friburgo.   

Sim, não tem nada parecido aqui. Tem aproximadamente três mil metros quadrados de área construída. Serão quatro andares, com estacionamento para clientes, autosserviço, showroom, elevadores e escadas rolantes, auditório para palestras e área de lazer para os funcionários. A previsão de abertura é 7 de setembro, mas ainda dependemos  de terceiros para confirmar a data.  

A Wermar tem quantos funcionários?

Temos 70 aqui em Conselheiro Paulino, mas vamos contratar mais. A Duda, que fabrica produtos de material plástico para construção, tem cerca de 300, somando a unidade de Bom Jardim, que é pequena, e a do Nordeste, que ainda estamos terminando de construir. E estamos para abrir uma unidade em Duas Barras, que me deu o mesmo incentivo fiscal de Bom Jardim.  

Em sua campanha, você enfatizou que administrar uma Prefeitura é a mesma coisa que administrar uma empresa. Você acredita mesmo nisso? 

Sim, acredito. Trata-se de uma questão gerencial, apenas. Administrar uma Prefeitura é a mesma coisa que administrar uma empresa. As secretarias, os departamentos, as divisões, tudo isso tem que funcionar direito. Como? Os gestores, tanto na iniciativa privada como na pública, têm que levar os funcionários a ter prazer em trabalhar. Vou dar um exemplo. Aqui na firma tenho funcionários com 30 anos de casa e que estão muito satisfeitos. Isso porque, além de contarem com uma boa remuneração, não levam bronca de cliente, pois nossos produtos são entregues rigorosamente no prazo, as mercadorias não são trocadas nem chegam quebradas. Se não for assim, o funcionário desanima. Tanto aqui como lá. 

Jairo, você me desculpe, mas no governo é bem diferente. Você lida com questões muito mais delicadas. Verbas que não são liberadas, licitações, pedidos de emprego, pressões de partidos...

Estudei muito todas estas questões quando me candidatei. Tanto numa Prefeitura como nos governos estaduais ou federal é mais ou menos a mesma coisa que na iniciativa privada, sim.  Se você não souber orquestrar isso tudo muito bem, não vai dar certo. É preciso uma política sem politicagem, uma política transparente. Até com pedidos de emprego, por exemplo. Eu aqui tenho pedidos de amigos que prezo muito ou que eu quero retribuir algum favor. Se tiver em mãos dois currículos semelhantes, claro que vou optar por esta pessoa. Agora, eu não vou de forma alguma empregar alguém só porque um amigo pediu. No governo tem que ser a mesma coisa. 

E a saúde, Jairo? Este é um problema que nenhum prefeito consegue sequer melhorar, está sempre pior, apesar de todas as promessas... 

Tem solução. Acredito de verdade nisso, Dalva. É uma questão puramente gerencial. Veja você. Um funcionário nosso caiu de motocicleta e foi levado para o Hospital Raul Sertã. Ficou dois dias aguardando para fazer uma cirurgia indispensável, porque estava faltando um produto para esterilizar o centro cirúrgico. Isso, a meu ver, é inconcebível. Seria a mesma coisa que faltar cimento aqui na Wermar. Pode acontecer? Até pode. Mas em todos estes anos nunca aconteceu, pois estamos sempre muito atentos. E em um hospital, é preciso ter mais atenção ainda. Em se tratando da saúde da população, é preciso ter um controle rigoroso do estoque.

Os problemas de saúde do município não seriam insolúveis? Dá para administrar?

Ah, dá para administrar, sim. Tenho certeza de que tudo, absolutamente tudo, tem solução. A nível administrativo e técnico, claro. Em se tratando de um hospital, além de um diretor médico competente e sério, é preciso ter um diretor administrativo qualificado, uma pessoa com nível, formada em administração hospitalar, ambos com uma remuneração de acordo com sua função. As soluções podem ter — e têm — um custo um pouco alto. Se o governo não tem como remunerar, como dar um incentivo para as pessoas trabalharem, vai ser difícil resolver o problema. 

Pois é, mas aí é que está. Isso tudo é muito complicado...

Claro que é. Mas a administração não pode ser voltada para política e, muito menos, com politicagem. Para mim, os partidos políticos acabaram. Nós, como eleitores, temos que ver quem está se candidatando, e não o partido a que ele pertence. Entre 30 partidos políticos fica a maior miscelânia por causa das coligações, para se ter mais tempo na TV. É muito complicado. Daí a dificuldade de gerir, administrar isso tudo. Não se pode governar agradando partidos. Eu, como cidadão, como empresário, fico muito confuso. Definitivamente, não sou político. Quando leio certas notícias nos jornais, passo a não entender nada. Como é que pode? Cadê a ideologia do PT, do PMDB? Antes, você podia ser contra ou a favor. Hoje, não. Você está dentro de um partido e não sabe mais com quem está andando. Mas ainda acho que existem pessoas com interesse real no município, na cidade, ou seja, que não estão lá para levar vantagens pessoais. Por isso me candidatei. 

Jairo, fala a verdade. Quem te convenceu a concorrer? 

Não foi ninguém, não. Foi o descaso em que estava a cidade depois da tragédia de 2011 e tudo o que aconteceu em seguida. Claro que vários empresários amigos e pessoas preocupadas com Friburgo insistiram, principalmente um grande amigo meu cujo nome não vou citar. Gente sem nenhum interesse direto ou pessoal nisso, assim como eu também. Gente que apenas quer ver Friburgo bem. Nós moramos aqui, nossos negócios são aqui. Então, é fundamental que Friburgo esteja bem para a gente estar também. É aquilo que meu pai falava. A gente fica do tamanho da cidade em que vive. 

Como engenheiro, você acha que existem pontos em comum entre a engenharia e a administração pública ou privada?  

Eu acho que sim. A engenharia nos dá uma visão macro das coisas. Hoje atuo muito mais como administrador do que em minha profissão propriamente dita, mas o tempo todo preciso da base que ela me deu. Hoje em dia, por exemplo, muitos bancos contratam engenheiros para atuar na gerência. Isso acontece porque, quando jovens, escolhemos a engenharia porque tínhamos facilidade com números, cálculos e, para administrar, é preciso dominar esta área. Aqui na empresa, por exemplo, tenho que lidar com volume, espaço, fornecedores, clientes, compra e venda de produtos, prazos de entrega, custos, questões tributárias, margem de lucros, gastos em geral. Isso, para mim, é administração. 

Como é a rotina de um homem que toca duas empresas do porte das suas? 

Acordo às 5h30, com o barulho da motociclista que leva meus jornais. Sou assinante de A VOZ DA SERRA há pelo menos 30 anos e a primeira coisa que faço é ler o jornal de vocês, que admiro muito. Depois que tomo meu café, venho para a empresa e raramente saio para almoçar. Meu prazer é este, o trabalho. Uma coisa vai puxando a outra, você começa a projetar, quer ver pronto, aquilo vai te envolvendo, vira vício mesmo. Além de trabalhar, o que eu gosto de fazer é curtir minha família, minha fazenda em Duas Barras e meu neto, de cinco anos.

Trabalhar muito é, então, o segredo de seu sucesso? 

Costumo falar o seguinte. Eu me considero uma pessoa de sorte nos negócios, mas quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho. Então, não é só sorte. Definitivamente, não é apenas sorte. 

Para terminar, Jairo, você está fora da política definitivamente? 

Sim. O futuro a Deus pertence, mas não penso nisso. Se tivesse sido eleito, deixaria a empresa por conta de meus filhos para me dedicar ao município. Como não fui, tenho de trabalhar, até porque meu prazer é este. Muita gente diz que eu não ando mais na rua, só andava durante a campanha. É verdade. Eu nunca fui de andar na rua. É de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Às vezes, saio para jantar com minha mulher e só. No período da campanha eu andei, fui aos bairros, aos distritos, fiz palestras, incorporei meu papel de candidato. Estava ali para ganhar, eu não entrei para concorrer, acho que quando se concorre, seja lá a que for, tem que mirar a vitória. 

E hoje? Como está vendo as coisas?     

Eu me reservo o direito de não criticar ninguém. Estou aqui administrando as minhas empresas. O prefeito está lá administrando a Prefeitura. Mesmo durante a campanha, nunca falei nada contra um adversário, me dou bem com todos eles. Limitei-me a falar o que eu iria fazer, o que achava que devia ser feito. Peço a Deus que Friburgo tenha um bom governo. Não podemos mais ficar esperando. Tem que fazer já. Quanto a mim, não quero e não vou atrapalhar, pelo contrário. Nova Friburgo tem problemas sérios e urgentes para serem resolvidos. 

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