No final de 2013, os apartamentos do Condomínio Terra Nova, em Conselheiro Paulino, construídos pelo governo estadual para abrigar famílias atingidas pela tragédia climática de janeiro de 2011, começaram a ser ocupados. Três meses depois, apesar do grande número de pessoas que já residem no local, ainda há muitos apartamentos vazios, o que denota um aumento dos moradores em breve. De um modo geral, o aspecto do lugar é bom: ruas pavimentadas, sinalizadas, prédios pintados, jardins, parquinhos para crianças e áreas cobertas e com churrasqueiras (uma em cada um dos quatro condomínios). O detalhe destoante é o acúmulo de lixo aguardando retirada.
PROBLEMAS ESTRUTURAIS – A verdade é que a vida das famílias que habitam os apartamentos do Condomínio Terra Nova ainda está no começo. Ou melhor dizendo, recomeço. Agora é que os condomínios estão sendo organizados, cada um com síndico, representantes de cada bloco e suas respectivas taxas. Há uma assistência técnica da empresa construtora, que atende aos moradores às segundas-feiras, das 8h30 às 10h30; e quartas e sextas-feiras, das 10h às 11h30, na área coberta da churrasqueira do condomínio 3.
Fabíola Lima, que morava em Riograndina e é representante do bloco 9 do condomínio 3, disse que seu prédio está com problema estruturais. A luz do corredor ou não funciona ou fica acessa o tempo todo e há uma goteira no quinto andar, entre outros problemas. Como a assistência técnica da construtora não tem conseguido atender, alguns moradores têm feito os consertos por conta própria. A representante lembra também o problema de falta de água e diz que cada apartamento tem seu hidrômetro.
Os filhos de Fabíola estudam em Riograndina e se deslocam em uma van paga. Ela foi informada não haver mais vagas na van da Prefeitura. Há alunos do condomínio espalhados por escolas de toda a cidade, até em Olaria. As crianças estão sendo incentivadas a fazer a separação do lixo para reciclagem, aproveitando a oportunidade oferecida pela Energisa. Através de mutirões, os baixinhos também limpam as áreas comuns em troca de alguns brindes.
A moradora Pâmela Lemos diz que os moradores locais estão abandonados. "Entregaram [os apartamentos] e largaram. Eles [assistência técnica da construtora] não têm ajudado em nada.” Ela espera que, à medida que os condomínios forem se organizando, passem a se responsabilizar pela manutenção geral. "É uma questão de tempo”, diz, prevendo que até o fim deste ano os condomínios estejam mais bem estruturados.
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES – Leandro da Costa Lopes (que morava em Campo do Coelho) é guarda municipal e síndico do condomínio 3. Ele está investindo nas crianças, incentivando-as a fazer mutirões de limpeza e separação do lixo para reciclagem em troca de alguns brindes. E prepara para domingo, 6, entre 12h e 15h, uma festinha, quando pretende entregar ovos de Páscoa como recompensa. Sua proposta de criação da associação de moradores do bairro (envolvendo todos os condomínios) foi bem aceita. O principal problema era a falta de ônibus. Posteriormente, foram criados alguns horários, atualmente em número de dez, ainda considerado pouco. Mais horários estão sendo reivindicados. Outro objetivo é que o bairro tenha uma representação legal. As primeiras providências para sua regularização já estão sendo tomadas, como registro em cartório e CNPJ. As reuniões serão realizadas provisoriamente na área coberta do condomínio 3. Mesmo antes dos detalhes burocráticos, Leandro já atua como presidente.
O CONDOMÍNIO – Como síndico do condomínio 3, Leandro tem procurado engrenar algumas questões. O lixo, por exemplo, tem sido retirado três vezes por semana, como na maioria dos demais bairros. A princípio, o problema maior foi como acondicionar o lixo, o que vem sendo solucionado com a cessão de contêineres por parte da construtora e da EBMA. Leandro espera que o trabalho voluntário da coleta seletiva diminua o volume de lixo a ser descartado.
Outras questões têm merecido atenção de Leandro. A educação é uma delas, já que as crianças do condomínio se dividem em várias escolas pela cidade. Reuniões ocorridas na Secretaria Municipal de Educação acenam para a construção de uma creche e, mais tarde, uma escola, em área a ser cedida no local pela construtora. Há muitas crianças fora da escola ali. Outros projetos se referem a um posto policial, uma quadra poliesportiva e um posto de saúde, pois há moradores que se deslocam ao posto do Cordoeira em busca de tratamento. Há também muitos idosos e portadores de deficiência entre os moradores. A boa notícia é que a Subprefeitura de Conselheiro Paulino começa a dar apoio aos condomínios, inicialmente com relação à limpeza das ruas.
Leandro explica que a assistência técnica da construtora é prestada para os devidos acertos, desde que nada tenha sido alterado pelos moradores. Alguns consertos solicitados estão dependendo da chegada de materiais. Satisfeito com o apartamento que ganhou, Leandro admite que as questões do dia a dia dos condomínios vão se resolvendo com o tempo. Os próprios síndicos foram eleitos há menos de dois meses. A primeira arrecadação da taxa de condomínio está sendo feita agora e os recursos já estão sendo utilizados. Estão nos planos pintura de faixas para estacionamento, construção de sala na área da churrasqueira do condomínio 3, portão eletrônico, entre outras ações em benefício dos moradores. Leandro espera que em dois meses a situação esteja bem melhor do que hoje.
Deixe o seu comentário