Voou alto...

Ainda na concentração, a águia cantava alto. O símbolo da Vilage no Samba parecia marcar território e mostrar que a verde e branco viria para brigar pelo título. O enredo Rosas Negras, contando a história das mulheres negras no país, foi desenvolvido com muito luxo e criatividade pela escola. 

 Logo na comissão de frente, um espetáculo de movimentos. A coreografia foi desenvolvida com o auxílio de um tripé, uma enorme máscara que abria e fechava. No interior do adereço acontecia a troca de fantasias, enquanto os efeitos especiais proporcionavam um colorido diferente. O casal de mestre sala e porta-bandeira, Betão e Alessandra, apresentou o pavilhão da escola antes mesmo da enorme águia, que desfilou cercada por esculturas de mulheres negras e cantou alto, revestida pelo dourado e vermelho. 

As cores deram o tom no passeio pela África, contrastado com a escuridão da selva africana no segundo carro alegórico. Antes da bateria de Mestre Riquinho, as crianças desfilaram vestidas como tigres. A luta dos negros no Brasil foi lembrada. O luxo e a riqueza dos nobres foram retratados no terceiro carro, onde a carruagem coberta de dourado trazia o Rei, o destaque da alegoria. As alas coreografadas prenderam a atenção do público e os aplausos se multiplicavam pela passarela do samba.

O último setor teve o predomínio de cores mais claras, em contraste com as belas esculturas do "Preto Velho” e da "Mãe Preta Velha” na última alegoria. O uso do bordado e o acabamento impecável tornaram o carro um dos mais belos de todo o desfile. A energia do intérprete Nêgo contagiou a avenida até o último momento. Um verdadeiro espetáculo em forma de gratidão para quem esperou até as 2h para assistir à apresentação da verde e branco. "Agradecemos a todos do barracão, bateria, harmonia e os demais que ajudaram no desfile. Fizemos uma boa apresentação e o pessoal cantou o samba. Agora é esperar pelo resultado”, analisou Nêgo.