O título não é meu. Trata-se de publicação do Ministério da Educação visando à criação e instalação de bibliotecas públicas nos municípios brasileiros como incentivo à leitura e à formação cultural do nosso povo. Porém, o esforço governamental não atinge a população em sua plenitude. A situação das bibliotecas em todo o país, em termos gerais, é péssima e apesar dos esforços de seus funcionários, cumprem parcialmente a função de garantir o acesso gratuito aos livros.
Um levantamento realizado pelo Ministério da Cultura identificou cerca de 4 mil bibliotecas públicas em todo o país, em sua esmagadora maioria municipais. Mais de 80% de seu público é formado por estudantes, um indicador da falta de bibliotecas nas próprias escolas.
O acervo da grande maioria não é atualizado há vários anos; essencialmente, elas não compram livros, mas sobrevivem com doações, o que significa que crescem ao acaso e sem uma política racional de aquisições voltada para as necessidades de seus frequentadores específicos, os estudantes. Infelizmente, este é o caso da nossa biblioteca.
Pesquisas educacionais comprovam que o Brasil prepara muito mal os estudantes nas escolas públicas e mostram que o analfabetismo funcional atinge 68% da população, medido através das habilidades pessoais de interpretar textos e fazer operações matemáticas. Somando-se aos 7% da população analfabeta, chega-se à constatação de que 75% dos brasileiros não possuem o pleno domínio da leitura, ou seja, apenas 25% estão num nível satisfatório de alfabetização.
Em 2009, o ex-prefeito Heródoto criou a primeira secretaria de Leitura do país, acreditando na força dos livros para melhorar a educação do friburguense. Entretanto, seu projeto, inovador, não foi adiante e os governos seguintes reduziram o status dado à biblioteca, subordinando-a à secretaria de Educação. Nada contra a medida, mas tudo contra a falta de estímulo à leitura.
É preciso que os governantes valorizem as políticas culturais, incentivando os jovens a descobrirem a importância dos livros como fator de crescimento e desenvolvimento individual.
Vale, aqui, lembrar o escritor Markus Suzak, no livro A menina que roubava livros, transformado em filme, em cartaz nos cinemas: "As palavras sempre ficam. Lembre-se sempre do seu poder. Quem escreve, constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo.”
NOTA: Escrevo estas palavras em homenagem a dona Margarida Liguori, que exerceu suas funções à frente da Biblioteca Municipal de Nova Friburgo por mais de 35 anos. Natural de Duas Barras, nasceu em 1º de fevereiro de 1922 e faleceu no Rio, em 12 de julho de 2012. Durante o tempo em que chefiou a Biblioteca, não mediu esforços para ampliar o acervo de livros e aumentar a frequência de leitores. Era espírita, tendo psicografado mais de 60 livros (vários de Ramatis, já editados).
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