As férias de verão estão acabando. Na segunda-feira que vem, dia 3 de fevereiro, as escolas públicas da rede estadual e a maioria das particulares, iniciam o ano letivo. Na quarta-feira, 5, será a vez da escolas municipais. Como em todos os anos, a ida às compras de material escolar fica mesmo para os últimos dias das férias. É tradição entre os brasileiros. O jeito, então, é sair de casa com uma dose extra de paciência para enfrentar uma peregrinação por papelarias e demais lojas que nesta época investem neste tipo de comércio. São filas, muito burburinho e, no caso dos alunos das escolas particulares, enormes listas de pedidos. Quem não quer ter prejuízo no final das contas, vale à pena pesquisar. E muito. A orientação dos órgãos de defesa do consumidor deve mesmo ser seguida à risca. Um levantamento do Procon de São Paulo, por exemplo, aponta variações de até 500% em artigos de uso escolar.
Os comerciantes do ramo em Nova Friburgo são unânimes ao afirmar que esse ano não houve acréscimo nos preços do material escolar, embora as recentes altas do dólar, do preço do papel e a elevada carga tributária sejam consideradas os grandes vilões do setor forçando pequenos reajustes ao consumidor. O papel, por exemplo, subiu 12% implicando repasses diretos ao consumidor, principalmente nos preços de cadernos. Os de uma matéria, por exemplo, são encontrados a partir de R$ 4,90. Os de capa dura e com estampas chegam a R$ 12,90, em média. Já os cadernos universitários de dez matérias variam de R$ 7,90 a R$ 31.
Itens básicos de pequeno valor também requerem muita atenção e pesquisa dos consumidores. Uma borracha que em uma loja sai por R$ 0,25 pode ser encontrada por até R$ 0,90, em outra. As canetas esferográficas também têm grandes variações de preço: de R$ 0,65 a R$ 1,40. A discrepância no preço das folhas de papel A-4 coloridas, muito usadas para trabalhos de recortes infantis, é ainda maior: um pacote com 100 folhas pode ser encontrado em uma papelaria por R$ 2,49 e a R$ 5,20 em outra.
A dona de casa Andréa Gomes Alencar tem dois filhos, de 12 e 15 anos, em escolas particulares de Nova Friburgo e foi às compras essa semana. Ela gastou quase R$ 800 com a compra do material escolar. "Os itens básicos, como cadernos, canetas, lápis, borrachas e estojos até que não estão tão caros e não percebi alta de preços em relação ao ano passado. O que assustou mais foi o preço dos livros didáticos. Um deles, o de matemática, custou mais de R$ 100. Um escândalo”, reclamou ela, observando que mesmo com a isenção do PIS e Cofins para os livros didáticos desde 2004, o preço dos livros para o consumidor tem aumentado a cada ano.
Expectativa é de aumento nas vendas
O movimento nas papelarias de Nova Friburgo aumentou consideravelmente desde a última segunda-feira e a expectativa dos lojistas é que a corrida seja recorde no sábado, 1º de fevereiro. "Não tem jeito todo mundo deixa para a última hora”, diz a balconista de uma papelaria no Centro, Angélica Ribeiro. Ela conta que tem dormido ultimamente menos de cinco horas por noite, pois leva para casa uma pilha de listas de material escolar de clientes que solicitam orçamentos para pesquisas de preços. "Por um lado é bom já decorei o preço de tudo na loja”, diz.
A gerente Juliana Wenderroscky, da Opção Papelaria, está otimista e acredita que as vendas do ramo cresçam até 30% em relação a 2013. O movimento em sua loja também tem aumentado nos últimos dias, embora ela reconheça que esse ano, devido ao fato de as aulas retornarem mais cedo, valeu a pena investir na exposição de materiais escolares desde o início de janeiro. O fato do comércio de Nova Friburgo atender a muitos consumidores de cidades vizinhas ajuda no bom prognóstico de aumento nas vendas. "A facilidade de pagamento com cartões de crédito também ajuda nas compras. Ninguém mais deixa de comprar porque está no fim do mês e ainda não recebeu o salário”, observa.
Procon dá dicas aos pais
Além da pesquisa de preço diretamente nas lojas, a orientação do Procon e demais órgãos de defesa do consumidor aos pais na hora de comprar o material escolar dos filhos é tentar sempre negociar descontos. Muitas lojas têm convênios que facilitam a redução do preço final. A compra em lojas menores também facilita a possibilidade de pechincha diretamente no caixa. Já quem preferir comprar em lojas de grandes redes apostando encontrar preços mais convidativos devido ao poder de aquisição de mercadorias em maior quantidade deve ficar atento às variações de uma loja para outra. As compras coletivas também têm sido uma boa opção com maior barganha de descontos.
Itens de uso coletivo não podem ser pedidos pelas escolas
Outra alerta importante do Procon se refere à proibição, por força de lei, da inclusão na lista de materiais de itens de uso coletivo e que devem ser fornecidos pelas escolas, como álcool, algodão, giz ou canetas para quadros negros, copos descartáveis, cremes dentais, elásticos, esponjas, fitas e cartuchos para impressora, grampos e grampeadores, lenços descartáveis, papel higiênico, papéis ofício ou coloridos e materiais de uso pessoal dos alunos.
A lei que proíbe essa prática foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no último dia 4 e já está em vigor. Geralmente, esses itens são exigidos pelas escolas particulares e a insatisfação dos pais é geral. Alguns deles já se queixaram recentemente ao jornal que a prática agora proibida continua sendo ignorada por várias escolas particulares de Nova Friburgo. Até algumas escolas públicas têm incluído folhas de papel ofício nas listas de material. No caso das escolas particulares, também é proibido por lei cobrar taxa adicional para renovação de matrícula.
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