Braulio Rezende: “Este foi um ano decisivo para a recuperação do comércio friburguense”

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Braulio Rezende: “Este foi um ano decisivo  para a recuperação do comércio friburguense”
Braulio Rezende: “Este foi um ano decisivo para a recuperação do comércio friburguense”

Nascido em uma tradicional família do comércio friburguense, não seria exagero afirmar que Braulio Rezende esteve ligado à realidade do mercado municipal durante sua vida. Do alto de quatro décadas de experiência como empresário, o presidente da CDL e do Sincomércio faz um balanço positivo a respeito do ano que se encerra, presta contas das muitas atividades realizadas pelas duas entidades que comanda, e dá sua visão sobre as perspectivas para o comércio de Nova Friburgo em 2014.


A VOZ DA SERRA: Qual a sua avaliação deste ano de 2013 para o comércio em Nova Friburgo?

BRAULIO REZENDE: Para compreender 2013 é necessário que se faça uma retrospectiva do contexto vivido pela cidade nos últimos anos. Eu entendo que 2011 foi um ano de muitas incertezas para todos nós, quando a cidade sofreu aquele abalo com as chuvas e também na política. Foram muitas notícias ruins, e no primeiro momento isso se refletiu numa insegurança geral em relação aos rumos da cidade. Todos sofremos muito, como se estivéssemos vivendo um pós-guerra. No entanto, acredito que não só o comércio, mas a cidade como um todo tem trabalhado bastante para se reerguer, e estamos conseguindo. O ano de 2013 foi decisivo para esse processo de recuperação. Começamos o ano em meio a muitas incertezas, mas aos poucos fomos percebendo que as coisas estavam voltando a caminhar, e a caminhar bem. Nossos dados estatísticos confirmam que vários setores retomaram o crescimento, o comércio em geral experimentou um aumento de vendas em relação a 2012, e tudo isso é reflexo de uma confiança maior por parte dos empresários e, sobretudo, da própria população. As pessoas estão mais confiantes, mais participativas. Estão com esperança, voltaram a investir na cidade e estão comprando mais. Até meados de 2012 muitas pessoas tinham suspendido seus investimentos em Nova Friburgo, aguardando pelos acontecimentos. Foi um período em que a sensação era de esvaziamento econômico da cidade. Hoje nós podemos dizer que essa desconfiança acabou, e um dos sinais mais concretos dessa mudança está na grande quantidade de redes varejistas que têm demonstrado interesse em se estabelecer por aqui. A Marisa, por exemplo, acabou de inaugurar uma loja na Alberto Braune, e ela jamais viria para Nova Friburgo se a cidade estivesse numa situação econômica ruim. Ao contrário, ela veio porque a cidade demonstra que tem condições e potencial para crescer e se desenvolver. Nossas informações indicam também que a cidade tem sido muito mais procurada por compradores de outras regiões, e esse é um fenômeno recente. Nosso comércio atualmente tem a presença de consumidores vindos de Campos, Rio das Ostras, Macaé, São Pedro da Aldeia, Araruama, Cabo Frio, Búzios, Casemiro de Abreu, Silva Jardim... E essas pessoas não estão comprando apenas lingerie. Quer dizer, além de ser polo e verdadeira capital dessa região de 12 municípios que estão ao nosso redor, Friburgo também está começando a trazer consumidores de outros municípios para o comércio, para serviços e para medicina. O setor de imagem em Nova Friburgo está sendo procurado por pessoas vindas de municípios mais distantes, e tudo isso atesta o processo que estamos vivendo de recuperação econômica, e também de recuperação da autoestima. Portanto, o ano começou com algumas demissões, houve um início de primeiro trimestre um pouco mais difícil, mas a partir do mês de abril as coisas começaram a caminhar melhor, e o segundo semestre nos mostra que estamos numa fase crescente.


AVS: O Natal é a grande data do calendário anual para o comércio. Como está o movimento nas lojas de Nova Friburgo este ano?

BRAULIO: Nossa estimativa é de que o movimento cresça até 10% em relação a 2012, não apenas no Natal, mas no balanço anual. Em novembro nós já tínhamos 7,5% de aumento e esperamos chegar a 10% agora no fim do ano. Esta expectativa está baseada em dados estatísticos de nosso serviço de informação. É, portanto, um crescimento consolidado, que reflete a retomada da confiança e também o ambiente criado para os consumidores. Há dez anos, por exemplo, nós organizamos essas apresentações musicais pelas ruas, promovendo a arte local e construindo um clima de alegria, amizade e confraternização. Começamos com o grupo Tom Sobre Tom, e hoje nós já estamos com cinco grupos musicais se apresentando na cidade, além da Belinha e sua Malinha, que faz apresentações de teatro com brincadeiras para as crianças. Nessa quarta-feira tivemos a apresentação de um ótimo conjunto de jovens flautistas... Então esta é uma iniciativa que serve como estímulo cultural e promove um grande encontro de amizade em diversos pontos da cidade. Nós queremos resgatar cada vez mais essa união, essa amizade, esse clima tão bonito que é o Natal, não apenas com a arte, mas também através das campanhas de mídia incentivando as compras no comércio local.


AVS: Todas essas são iniciativas conjuntas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (SinComércio)?

BRAULIO: Sim. O SinComércio e a CDL são duas entidades do comércio que têm uma atuação de destaque na cidade. Eu sou suspeito para falar, porque hoje sou presidente das duas instituições, mas é fato que elas têm desenvolvido muitas atividades em benefício do comércio. Podemos lembrar, por exemplo, que no início de 2011, quando tudo aquilo aconteceu, nós mantivemos nossas duas sedes abertas 24 horas, atendendo a todos os empresários que estavam com dificuldades. Trouxemos advogados para dar apoio na parte tributária, na área de seguros... Mantivemos reuniões com Caixa Econômica, com BNDES, Banco do Brasil, os órgãos governamentais... Então aqui na verdade tornou-se um grande centro de encontro de todos os empresários, que naquele primeiro momento estavam muito desorientados. Nós acolhemos todos, mesmo os que não eram do comércio. Da indústria, da moda íntima, metal-mecânico, todos foram acolhidos por nós. Mantivemos um advogado de plantão dando toda a assessoria jurídica e assumimos esse papel de lutar pela preservação econômica do município, de forma que as pessoas se sentiram amparadas. Trouxemos aqui o diretor do BNDES, que foi quem começou todo esse processo de financiamento para as empresas. Nossas sedes estiveram cheias durante várias semanas e esse episódio atestou nosso comprometimento com o comércio, que inclui também as indústrias de confecção, porque todas elas têm um ponto de venda. Desde então, com o retorno da normalidade, nós temos feito um trabalho muito grande de qualificação permanente, tanto para gestores quanto para funcionários. Esse curso para gestores, por exemplo, tem duração de seis meses e vem atraindo diretores de várias empresas não só de Friburgo, mas de toda a região. Os módulos têm duração de uma semana, e entre uma aula e outra os professores ficam à disposição dos alunos para que possam tirar dúvidas ou visitar as empresas, trabalhando com casos concretos. É um curso bem prático, que busca trabalhar com números reais das empresas participantes, gerando diagnósticos e apontando caminhos. Empresários de Teresópolis e de toda a região estão se inscrevendo aqui, e já formamos nove turmas. Eu mesmo fiz o curso, e posso garantir que é fantástico. E o mesmo vale para os cursos de capacitação de mão de obra, que atendem a uma carência enorme de profissionais especializados por parte da indústria e do comércio, e cumprem o papel de formação para o mercado que muitas vezes não é desempenhado a contento pelas instituições que, por determinação da própria Constituição, têm essa finalidade. Como nós não somos ouvidos no planejamento dos cursos dessas instituições e eles não trabalham em consonância com as necessidades da indústria, nós mesmos somos obrigados a organizar os cursos necessários para formar a mão de obra conforme as demandas do mercado. E esses cursos são abertos não apenas a quem já está empregado, mas também para quem quer se qualificar melhor para entrar no mercado de trabalho.


AVS: Além dos cursos de capacitação, as instituições desenvolvem mais alguma medida de apoio a quem quer entrar no mercado de trabalho, ou mudar de emprego?

Braulio: Sim, com certeza. Além dos cursos nós temos também um banco de profissionais funcionando aqui em nossa sede, cadastrando pessoas que estão desempregadas ou que querem mudar de ramo. Nós fizemos um convênio com a Universidade Estácio de Sá, e através dele os alunos do último período de psicologia vêm aqui, juntamente com uma coordenadora, fazer entrevistas com essas pessoas que nos procuram. Os perfis são então enviados para um banco de dados aberto, que pode ser consultado gratuitamente por todos os empresários, não apenas do comércio, mas de todas as áreas. E essa tem sido uma ferramenta muito utilizada por quem quer contratar, porque são pessoas que já passaram por uma entrevista prévia, uma seleção, e já têm o perfil conhecido. Fizemos também uma parceria com a Universidade Cândido Mendes, concedendo um desconto fabuloso às pessoas que estão trabalhando no comércio e têm interesse em fazer uma faculdade, que se estende também aos dependentes. Basta que a pessoa esteja empregada em qualquer empresa do comércio associada à CDL ou ao sindicato, que esse empregado vai ter direito a uma bolsa de estudos parcial na Candido Mendes, e vai poder se qualificar ainda mais para o mercado de trabalho.


AVS: O senhor falou em recuperação da confiança, em criar um ambiente agradável, e também em qualificação de gestores e funcionários. Diante desses investimentos, e do alto de sua experiência dentro do comércio friburguense, qual a perspectiva que se pode ter para 2014?

Braulio: A perspectiva é muito boa. Nós temos um comércio que está cada vez mais se aprimorando. Basta andar pela Alberto Braune para ver como as pessoas melhoraram suas lojas, instalações bonitas, vitrines arrumadas. A Rua Ariosto Bento de Mello também, os comércios de Olaria, Conselheiro Paulino, Cônego e outros bairros cada vez mais fortes. Nós temos uma gastronomia fantástica que abrange todas as faixas. Nós temos a possibilidade de o comércio funcionar no domingo, se quiser. Isso está previsto na nossa convenção coletiva. Além disso, em 2014 a CDL completa 50 anos de atividades, e estamos organizando diversos eventos para marcar a data. É um momento muito especial para todos nós, e temos a certeza de que a boa recuperação observada no segundo semestre desse ano irá lançar as bases para um período muito positivo para o comércio friburguense.


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