RJ-116: motoristas e moradores temem a lentidão das obras no quilômetro 78

segunda-feira, 04 de novembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
RJ-116: motoristas e moradores temem a lentidão das obras no quilômetro 78
RJ-116: motoristas e moradores temem a lentidão das obras no quilômetro 78

Henrique Amorim

Moradores e comerciantes do quilômetro 78 da RJ-116, na altura da Ponte da Saudade, assim como muitos motoristas que utilizam a rodovia com frequência, estão preocupados com a demora na conclusão dos serviços de contenção da enorme encosta às margens da pista de sentido a Nova Friburgo, que deslizou com as chuvas de janeiro de 2011, interditando o principal acesso ao município e ao Centro-Norte do estado. A encosta é repleta de nascentes e, segundo moradores, teria até um lago próximo ao topo. Com o deslizamento, as canaletas que captavam as águas do tal lago e das nascentes, levando-as ao leito do Rio Santo Antônio, na outra margem da pista, foram destruídas e as águas passaram a se infiltrar sob o talude. O intenso volume de água causou um grande desnivelamento na rodovia, que se tornou conhecido popularmente como o "calombo do quilômetro 78”. 

As obras de contenção da encosta, no entanto, só começaram em maio deste ano, ou seja, um ano e quatro meses após a tragédia que se abateu sobre a Região Serrana e só depois de uma intervenção da Justiça, que determinou a execução urgente da obra. A concessionária que administra o trecho privatizado da rodovia, a Rota 116, então, contratou uma empreiteira que já ergueu pelo menos dois muros de contenção reforçados, do tipo cortina atirantada, um na margem da pista de rolamento, este com uma base de sustentação de aproximadamente sete metros de profundidade, e outro em um platô, onde anteriormente funcionaria um estacionamento.    

"Não sabemos ainda qual tipo de obra está sendo executada e como o sistema de drenagem dessa encosta será refeito. Os drenos antigos que captavam as águas da montanha instalados à época de construção da RJ-116 se estendiam até embaixo das casas e lojas da margem da pista de sentido a Mury, despejando essas águas no rio (Santo Antônio). Com as chuvas, o rio ficou muito assoreado e o leito agora situa-se acima da saída dos drenos. Com isso, as águas captadas não chegam até o rio, mantendo-se no subsolo. Isso agrava as infiltrações e o comprometimento da rodovia. Não sabemos se no futuro tudo ali possa afundar”, observa o presidente da Associação de Moradores da Ponte da Saudade, José Roberto Folly. 

Ele conta ainda que já solicitou a dragagem do Rio Santo Antônio naquele trecho ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) — mas o órgão informou que se o leito do rio for rebaixado as construções às suas margens serão comprometidas, algumas podendo até ruir, pois a maioria não têm fundações profundas, principalmente os muros de algumas casas erguidos bem junto ao leito. 

"O desnivelamento da pista de sentido a Nova Friburgo da RJ-116 é assustador e só não ocorreu ainda um acidente ali, porque os motoristas são obrigados a reduzir a velocidade, tanto pelo calombo como também pelo radar eletrônico, que coincidentemente está instalado bem próximo ao local”, completa Folly. 

O empresário Antônio Américo Pecly Ventura, que é morador da Ponte da Saudade, também admite estar preocupado com a demora na conclusão das obras. "Não sabemos quais intervenções estão sendo feitas no local e o pior é que o período de chuvas fortes se aproxima. Se houver algum deslizamento ali, Nova Friburgo terá seu principal acesso interrompido”, diz. 

"Já imaginou se uma nova avalanche obriga-nos a ter que acessar Nova Friburgo via Teresópolis ou Sumidouro? E as casas que existem ali estão todas na linha de tiro! Tem que ser executada neste local uma drenagem muito bem feita”, comenta outro morador do bairro. Muitos vizinhos ao calombo estão temerosos com a proximidade das chuvas e criticam a lentidão das obras. "Antes víamos muitos operários trabalhando, agora aos fins de semana a obra fica praticamente parada e de segunda a sexta-feira é tocada a passos lentos”, critica um morador do bairro.      

O proprietário do terreno onde a concessionária Rota 116 executa as obras, o empresário Paulo Chelles, destaca que não se opõe às intervenções ao local devido à necessidade de se garantir a segurança aos moradores, comerciantes e aos usuários da rodovia. Embora não saiba detalhes do projeto de execução da obra, Chelles acredita que o serviço ficará bem feito e torce para que seja concluído antes do próximo verão. "A empreiteira só não pode esquecer também de deixar livre o espaço para os pedestres junto ao acostamento após o término da obra”, observa. 

 

Obras devem seguir até fevereiro 

A redação de A VOZ DA SERRA contatou a Rota 116 para saber detalhes sobre as intervenções que estão sendo realizadas. Através de e-mail a assessoria de comunicação da concessionária apenas informou que o sistema de drenagem está sendo refeito com canaletas, conforme projeto aprovado pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ). Os serviços estão a cargo da empreiteira Construção e Mineração Serra & Mar, com previsão de término em fevereiro de 2014. O custo da obra não foi revelado. 

 

No canteiro de obras há poucos operários durante a semana, segundo observam moradores. Eles

alertam para a necessidade de construção de um novo sistema de drenagem 

 

A obra, segundo os moradores, está em ritmo lento e há temor que

chuvas fortes ainda este ano provoquem novos estragos no local    

 

Um muro reforçado à margem da rodovia visa conter a encosta que deslizou em janeiro de 2011 

 

No terreno, próximo ao local onde funcionava um estacionamento, outro muro também já foi erguido  










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