Faltou comprometimento
Luiz Mendonça chegou ao Friburguense em 2009 e experimentou quase todas as funções dentro do clube: dirigiu todas as equipes de base e, enfim, comandou os profissionais em uma competição importante. A oportunidade na Copa Rio proporcionou as mais diversas experiências e a eliminação na fase de grupos ainda não foi bem digerida. "Assim como aquele jogo contra o Crac, em 2012, a derrota em casa contra o America me tira o sono”, revela.
O treinador refere-se à partida que praticamente eliminou o Frizão do torneio, pela terceira rodada do returno da primeira fase. Entretanto, esse não foi o único fator decisivo para o insucesso do Friburguense em sua visão. Em entrevista ao A VOZ DA SERRA, Mendonça fala sobre a pressão por resultados no time principal, o peso da falta de experiência e afirma que faltou comprometimento por parte de alguns jogadores.
AVS: Há alguns anos o senhor é funcionário do Friburguense e já exerceu os mais diversos cargos no clube. Esperava chegar ao comando do time profissional?
LUIZ MENDONÇA - Eu comecei como auxiliar e trabalhei em todas as categorias. Inclusive, enquanto auxiliava o Gerson no profissional, comandei o time de juniores. Cheguei ao topo, digamos assim, ao dirigir a equipe principal em uma competição como a Copa Rio. Não poderia esperar mais nada. Foi uma experiência interessante, muito válida. Existem as cobranças, até com relação aos próprios jogadores, e o receio de não saber como agir em alguns casos ou como falar com os jogadores, até pela falta de experiência. De qualquer forma, foi um sonho realizado pra mim. Nunca passou pela minha cabeça chegar tão longe, nem tinha essa pretensão de assumir os profissionais. Já joguei nos juniores do Friburguense nos anos 80, mas eu nem cheguei a ser profissional. Teve um período na minha vida em que decidi não mais trabalhar com futebol, mas depois de todo esse tempo, eu voltei para o clube. Não ter me profissionalizado no Friburguense, e mais de 30 anos depois chegar a dirigir o time principal é fantástico.
AVS: Nos momentos de instabilidade, onde faltou experiência, quem o ajudou?
LUIZ MENDONÇA - Tive o Siqueira (gerente de futebol), o Paulo (Fagundes, preparador físico) e o Adriano (preparador de goleiros) do meu lado. Conversávamos muito. Quando fizemos os jogos amistosos e perdemos todos aqueles jogos, eu desanimei e chegue até a pensar em desistir. O Sergio Gomes, o Cadão e o Bidu conversaram comigo, e me incentivaram a ficar, disseram que estariam juntos. Tudo isso me deu forças.
AVS: Depois do jogo contra o Ceres e a eliminação precoce na Copa Rio, como o grupo de jogadores reagiu?
LUIZ MENDONÇA - Depois do jogo contra o Ceres, tivemos uma conversa, lavamos a roupa suja e quando termino o Cadão me chamou para bater um papo particular. Disse que eu não teria que abandonar, elogiou o trabalho feito e assumiu a responsabilidade pela eliminação na Copa Rio em nome do grupo de jogadores. Falou, inclusive, que a culpa era de quem esteve em campo e elogiou alguns tipo de treinamentos inéditos no clube que eu trouxe. Ouvir isso do capitão do time durante tantas temporadas, com 42 anos, é extremamente gratificante.
AVS: Depois dessa declaração do Cadão, juntando ao que o senhor observou durante esse período de convivência com os jogadores. Houve falta de comprometimento?
LUIZ MENDONÇA - Acho que sim. Não por parte dos jogadores que foram titulares. Mas no grupo havia jogadores que não estavam comprometidos. Falei isso nessa conversa. O cara que está indo para um trabalho só para receber salário não serve. É muito ruim, e eu percebi algumas situações assim. Não vale a pena dizer nomes, mas eu, por exemplo, jamais viria trabalhar no Friburguense em troca do salário no fim do mês. Primeiramente, gosto do que eu faço. Se o Siqueira falar que não tem condições de me pagar vai ser uma opção minha dizer sim ou não, mas eu continuaria. É o que eu gosto. E trabalharia em qualquer outra função aqui, seja na base ou no profissional.
AVS: Esse fato deve implicar em modificações no elenco para 2014...
LUIZ MENDONÇA - Será feito um balanço sobre a Copa Rio para definirmos quem volta para a próxima temporada. Dentro de campo, o time até tentou, e não faltou vontade. À exceção do primeiro tempo do jogo contra o Madureira, em Conselheiro Galvão, e no segundo tempo de nossa estreia, aqui em Nova Friburgo, as outras atuações tiveram pontos positivos. Talvez tenha faltado um pouco mais de calma. Até mesmo os jogadores mais experientes poderiam ter orientado mais nesse sentido, pedir para tentar de outra forma, trabalhar a bola, manter a tranquilidade. O treinador está do lado de fora orientando, mas a sensibilidade é dos jogadores dentro de campo. Na última preleção, no jogo contra o São Gonçalo, eu falei isso pra eles.
AVS: O jogo fundamental foi aquele contra o America, no Eduardo Guinle. Como foi lidar com aquela derrota?
Luiz Mendonça
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