Meus mestres, meus amigos

segunda-feira, 14 de outubro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Por Antonio Fernando

Não pretendo endossar aqui nestas linhas o clamor do professorado pelas ruas do país na luta por melhores salários e condições gerais de trabalho. Se assim fosse estaria simplesmente aumentando o coro dos descontentes nesta queda de braços quase inglória entre o magistério público e o governo. Não quero tão somente isso. Quero, sim, prestar uma homenagem aos que enfrentam as dificuldades com uma dose extremada de abnegação e amor superando os conflitos sociais do Brasil com o objetivo de beneficiar os desfavorecidos.

O ensino público viu decrescer sua qualidade ao longo dos tempos. Anos atrás, estudar na escola pública, além das vantagens econômicas, incluía uma qualidade invejável do currículo escolar, um corpo docente estimulado e interativo, além do orgulho de pertencer a uma classe prestigiada pela população e pelo governo. 

Porém, a perversidade do mundo capitalista tratou de modificar este quadro. A privatização, a terceirização, o arrocho salarial e o sucateamento das escolas trataram de reverter esta posição. Tamanho desestímulo, contudo, não foi suficiente para apagar a chama da dedicação e determinação dos mestres. "Faz escuro, mas eu canto, pois o amanhã vai chegar”.

Igual às demais mestras, minha mãe foi uma delas: dedicada e abnegada, soube enfrentar com profissionalismo mes-siânico as dificuldades, comprometida com as mães em levar o ensino a seus filhos, custe o que custar. E cumpriu sua missão. Fazia do magistério o seu ponto de honra, muitas vezes com o sacrifício da família.  

Hoje os tempos são outros, mas os desejos dos mestres ainda se mantêm inabalados. Ainda que os salários estejam defasados e a violência ronde as escolas, levando tremor a mestres e alunos, lá estão elas, dispostas a enfrentar os desafios com a mesma altivez de sempre. A homenagem de hoje, Dia do Professor, não é nada frente à importância de sua função. Sem os mestres, seria como viajar no escuro, sem rumo. Com eles, o universo do conhecimento se abre, reluzente, indicando que a vida não é feita só de dificuldades. Os mestres ajudam a torná-la mais fácil. A eles, o respeito, o carinho e o amor deste simples fazedor de palavras.


Antonio Fernando é jornalista  - antoniofriburgo@bol.com.br


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