Henrique Amorim
Só em pensar ou abordar o tema já dá aquela coceirinha na cabeça. É psicológico sim, mas quem naturalmente não se enerva com os temidos piolhos que infernizam as cabecinhas das crianças e também as dos pais que, mesmo se preocupando sempre com a higiene dos filhos, se veem impotentes ante a infestação desses parasitas que se proliferam nos ambientes escolares com uma velocidade assustadora? Haja xampus, loções específicas, vermífugos, comprimidos e também aquelas tradicionais simpatias. Quem nunca ouviu alguma mãe de aluno indicar nos portões das escolas a utilização de vinagre com alfazema na cabeça das crianças. "A combinação deve ser abafada por 40 minutos com uma touca ou lenço e depois lavar com xampu. É garantido”, afirmam, com veemência. Os mais radicais investem até mesmo na indicação de inseticidas em pó — que podem causar alergias sem precedentes aos pequenos. Nas farmácias e drogarias, então, os balconistas tem na ponta da língua uma diversificada lista de medicamentos, segundo eles, infalíveis no combate aos temidos piolhos.
Independente da opção de combate aos parasitas, o estresse é inevitável, pois na maioria das vezes a infestação na escola é demorada e o gasto com as tentativas de banir os piolhos é inútil ante a falta de conscientização de alguns pais que não dão muita bola para o problema. Assim de que adianta cuidar da cabecinha dos filhos se outros coleguinhas da sala de aula não recebem o mesmo cuidado em casa. Resultado: a infestação não acaba. Professores e diretores de escolas apenas orientam os pais a tomarem todos os cuidados necessários para combater os piolhos, já que não existe nenhuma lei que proíba o aluno com piolhos de frequentar às aulas.
"Já tivemos problemas sérios com pais de alunos que ameaçaram até mesmo transferir os filhos para outra escola por causa de piolhos. Eles reclamavam que cuidavam da higiene dos filhos, mas o mesmo não acontecia com outros coleguinhas. A bronca estourava sempre na escola. Nós não podemos proibir que os alunos visivelmente com piolhos sejam impedidos de ir à escola”, comenta Ana Maria Pereira, professora de uma escola da rede pública no distrito de Conselheiro Paulino.
Nas secretarias municipal e estadual de Educação, a orientação passada aos diretores e professores das escolas é estimular entre os pais o bom senso. "Se a criança está com piolho, os pais não devem ter vergonha de denunciar isso na escola. Recomendamos que a criança fique em casa por alguns dias enquanto é feito o tratamento. Ao mesmo tempo os pais dos demais coleguinhas desse aluno devem ser alertados e investirem na higiene das cabecinhas de seus filhos. Se mais algum aluno estiver com piolho também não deve frequentar a escola para evitar a infestação. Mas, infelizmente, na maioria dos casos isso não acontece. E o pior, os piolhos não tem época para aparecer. Engana-se quem pensa que é só no verão”, reconhece a professora da rede particular, Diana Alencar.
Nos EUA, criança com piolho não pode ir à escola
Nos Estados Unidos, segundo a leitora do jornal Débora Coutinho, que nos forneceu essa informação por e-mail, os alunos de algumas escolas são frequentemente examinadas por uma enfermeira e quando há detecção de piolhos, essa criança é impedida de ir à escola até que a infestação seja banida. O mesmo ocorre em casos de febre. "No caso dos piolhos não é uma discriminação, mas uma questão de controle de infestações e contaminações”, observa a leitora.
Nas escolas públicas e particulares de Nova Friburgo, é rotina os pais de alunos receberem com alguma frequência circulares dando conta que os piolhos estão aparecendo novamente. As mensagens destacam sempre a necessidade de maior cuidado com a higiene das crianças. A maioria dos educadores acredita que a criação de uma lei que impeça a entrada da criança poderá gerar polêmica, pois vedar o acesso à escola por causa de piolhos pode ser considerado um constrangimento ilegal, passível até de processo contra a escola. Conselheiros tutelares de Nova Friburgo, no entanto, admitiram nunca terem sido acionados para intervir em casos de impedimento de alunos frequentarem as escolas por causa de piolhos.
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