Grandes fábricas do passado cedem espaço para novos empreendimentos

terça-feira, 13 de agosto de 2013
por Eloir Perdigão
Grandes fábricas do passado cedem espaço para novos empreendimentos
Grandes fábricas do passado cedem espaço para novos empreendimentos

Durante muitos anos, a economia de Nova Friburgo se baseou em três grandes indústrias: Filó, Ypu e Arp, entre outras menores correndo por fora. A Fábrica de Filó/Triumph funciona na Rua Bonfim, na Vila Amélia; a Ypu, inclusive, deu nome ao bairro onde se situa, na entrada da cidade, e a Arp, na avenida que leva o nome de seu fundador, Julius Arp, movimentada via que liga o Paissandu a Olaria, bairro onde, inclusive, a indústria manteve por anos a fio um vila para seus funcionários. Gigantes do passado, essas três indústrias foram encolhendo ao longo dos anos. Das três, a Filó/Triumph é a que segue com a maior parte de sua capacidade; a Ypu, apesar de diminuir de tamanho, ainda funciona em um segmento do imenso prédio que ocupava, e aluga outra parte do patrimônio para novos empreendimentos; e a Arp chegou ao ponto de encerrar suas atividades há dois anos e transformar-se numa imobiliária, também alugando toda a sua estrutura física.

FILÓ/TRIUMPH NÃO DEVE MAIS CEDER ESPAÇOS – Mesmo seguindo em frente com grande parte de sua estrutura, a Filó/Triumph cedeu um naco do seu imenso prédio à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que funcionava no antigo Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas, desde que seu campus foi afetado pela tragédia de janeiro de 2011.

Em nota encaminhada a este jornal, o diretor-geral Richard Schultz disse que após a tragédia climática de janeiro de 2011 a Uerj teve suas instalações seriamente danificadas, interrompendo seu funcionamento. Foram feitos estudos de viabilidade de ocupação em vários locais para continuar seu ano letivo, o que levou a um acordo com a Filó S/A Triumph International para alugar alguns de seus espaços, recentemente desocupados com a finalização da operação de produção de sua própria matéria-prima (tecidos e rendas). 

Ainda conforme a nota do diretor-geral, a Filó reorganizou internamente o layout de suas áreas de produção, permitindo que a Uerj retornasse às suas atividades em um curto espaço de tempo. Richard Schultz adianta que a Filó não tem planos, em curto prazo, de arrendar outras áreas do seu prédio para empresas ou instituições, pois entende que estes espaços são importantes para estratégia futura e continuidade do negócio.

A YPU E SEU SHOPPING INDUSTRIAL – A Ypu está funcionando "a todo vapor”, como garante seu procurador Rui Guimarães, embora ocupe dez por cento de todo o imenso patrimônio, dos quais 42 mil metros só de área construída. É gerida pela associação de funcionários. 

O complexo da Ypu era muito grande, agregando diversos setores, como serralheria, carpintaria, fábricas de móveis e máquinas, entre outros, e hoje tudo isso funciona de modo terceirizado, até mesmo como empresas de suporte para a própria Ypu, que mantém sua característica de fabricar bordados (por encomenda), galões e passamanaria e abre negociações para bordado de cama, mesa e banho (também por encomenda). E deverá retomar em breve a produção de artigos de couro (carteiras, cintos e bolsas).

E como a Fábrica Ypu em si diminuiu o espaço ocupado, "deixou de ser esparramada em todo este prédio e se verticalizou”, como exemplificou Guimarães. O restante dos galpões está sendo alugado. É o Shopping Industrial Perissê. O número de empresas instaladas varia. Já foram 23 e hoje são dez, dos ramos de reciclagem, confecções, produção de bojos de sutiã, metal-mecânicas, tinturaria e da área de comércio, além de alguns escritórios e dois bufês para festas. Mas outras estão interessadas em se instalar na Ypu, até pela proximidade com o Comperj. Atualmente 480 pessoas trabalham diretamente no Shopping Industrial Perissê.

A questão da transformação da Ypu em universidades públicas em troca de dívidas está na estaca zero. Representantes dessas universidades alegaram ser inviável sua instalação ali, até porque o prédio não foi projetado para instituições educacionais, e sim, indústria. A associação de funcionários da Ypu sugere, inclusive, que elas poderiam se integrar ao shopping, em áreas alugadas ou até mesmo cedidas em troca de dívidas, e assim se instalem de forma condizente com o setor de educação.

Segundo Rui Guimarães, a Ypu tem condições de fracionar parte do patrimônio, vender e quitar as dívidas, sem ser através de leilão, que deprecia muito os valores. E há clientes interessados. 

A ARP IMOBILIÁRIA – Igualmente atingida pela enchente de janeiro de 2011, o que impossibilitou a continuidade da fábrica, a Arp hoje é uma imobiliária e está alugando todo o seu imóvel. Algumas empresas e um órgão público estadual funcionam em suas dependências, além de apartamentos que estão sendo construídos também para aluguel.

O diretor superintendente Jeronymo Bueno e seus filhos Pedro e Eduardo estão à frente da Arp Imobiliária. Dois dos mais antigos clientes da Arp são uma passamanaria e uma banca de advocacia empresarial. Mais tarde surgiram confecções, depósitos, um restaurante, que atende aos funcionários das empresas e outros interessados, podendo fornecer até mil refeições por dia; e lojas, de tecidos e móveis planejados; além da agência do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e de mais um restaurante, recentemente instalado no antigo casarão de Julius Arp. O Senai Moda será a próxima novidade, a ser lançado durante a Fevest deste ano, com previsão de iniciar o funcionamento em março de 2014. 

Para implantar o novo projeto, a Arp Imobiliária contratou um urbanista, que traçou um plano diretor, e uma empresa de São Paulo que fez estudos de macrorregião. E assim os antigos prédios passaram a ser remodelados para a demanda de aluguéis. Dois prédios foram demolidos para gerar 600 vagas de estacionamento, sendo 200 cobertas (em construção), que atenderão quem trabalha no local e a comunidade. 

O ensino também vai marcar presença na Arp. Depois do Senai Moda deverão chegar também instituições de cursos técnicos e universidades, além da Petrobras. O setor metal-mecânico deverá ser igualmente contemplado com cursos, até para atender necessidades do Comperj. Um hotel executivo de grande porte também está nos planos. Através de incorporação, um condomínio de três prédios, com 48 apartamentos, está sendo construído. Todas as unidades – empresariais e residenciais - têm sistema de água e energia elétrica já instalados individualmente. Atualmente são cerca de 400 trabalhadores nas empresas e instituições da Arp, com um movimento diário de 600 pessoas.

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