Dalva Ventura
O frio está aí, mas o mercado imobiliário local, ao que parece, vem apresentando sinais de aquecimento. Não há dados concretos disponíveis, mas a julgar pelos anúncios e as entidades responsáveis pelo setor, os proprietários de imóveis podem comemorar.
Os corretores que lidam diretamente com a venda e o aluguel dos apartamentos e casas disponíveis na cidade não são tão otimistas, mas confirmam que o momento é bom. Ou seja, o que é colocado para vender, vende; o que se coloca para alugar, se aluga.
Na pior das hipóteses, pode-se afirmar sem medo que depois de um período de alta seguido de estagnação, os preços dos imóveis voltaram a subir. O corretor Camilo Abicalil, ex-representante do Conselho Regional de Imóveis (Creci) em Nova Friburgo admite que alguns imóveis de dois ou três quartos no Centro têm apresentado de fato uma valorização acima do normal. Em sua opinião, porém, este fato é fruto da pouca oferta de imóveis deste tipo na cidade. "Em relação ao mercado de Friburgo, em que o primeiro semestre sempre foi fraco em vendas, fraco de ofertas, fraco de procura, o mercado começa a dar sinais de valorização”, diz. Não há dúvidas, portanto, que estamos vivendo uma fase de aquecimento desde o mês de março, quando tínhamos uma taxa de valorização de praticamente zero, principalmente se comparada a de anos anteriores.
Abicalil, porém, é reticente ao classificar esta fase como aquecimento. "O que se percebe é uma movimentação no mercado fora dos padrões de Friburgo”, afirma. Tem havido muita procura e poucas ofertas. Tem dinheiro sobrando no sistema financeiro de habitação. Há, no entanto, um fator regulador, que faz com que o mercado venha para um patamar efetivo de liquidez: o poder aquisitivo da população de pagar as prestações. Este fator, por si só, vem regulando o mercado imobiliário local.
Já segundo o representante do Secovi em Nova Friburgo, José Henrique Beauclair, o mercado, que já esteve muito parado, vive um momento particularmente bom. "Não diria que está aquecido, não estamos vivendo aquela loucura de 2011, mas pelo menos as coisas voltaram ao normal, o que já é muito bom”, diz.
Ele chega a afirmar que tanto a locação como a venda de imóveis bem-localizados e com bom preço está sendo efetivada com relativa rapidez. "O que não estava acontecendo até pouco tempo atrás”, disse.
Depois da tragédia de 2011, os imóveis bem-localizados e mais seguros tiveram uma alta espetacular. Com o tempo, os preços se estabilizaram num patamar alto e assim permaneceram. O que aconteceu, então? O mercado imobiliário ficou um tanto quanto paralisado. De lá para cá não parece ter havido uma modificação considerável nestes valores este ano. Nem para mais, nem para menos. Esta é a mudança que vem sendo detectada tanto por compradores quanto pelos proprietários de imóveis no município.
Há pouco mais de um ano, por exemplo, um apartamento de dois quartos sem dependências, situado num condomínio próximo ao Centro, ficou meses para vender. Apareciam alguns interessados, mas não fechavam negócio. Até que o proprietário, querendo se livrar das taxas condominiais e do IPTU, resolveu alugá-lo. No mês passado, o inquilino entregou o imóvel, que foi então colocado à venda outra vez. Foi vendido quase que imediatamente por um bom valor, o mesmo pedido anteriormente.
Idêntico raciocínio pode ser aplicado à locação. Vejamos um exemplo prático. Um imóvel de três quartos com suíte, vaga de garagem, salão de festas, no Centro, alugado no ano passado por R$ 1.200 vagou há cerca de três meses e estava sendo alugado por R$ 1.500. Sem sucesso. Até que o proprietário concordou em alugá-lo por R$ 1.300. O que não configura um aquecimento real, como, por exemplo, o ocorrido recentemente no Rio de Janeiro.
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