Um friburguense na chefia de fiscalização do Parque Estadual dos Três Picos

terça-feira, 04 de junho de 2013
por Eloir Perdigão
Um friburguense na chefia de fiscalização do Parque Estadual dos Três Picos
Um friburguense na chefia de fiscalização do Parque Estadual dos Três Picos

"Uma verdadeira caixa-d’água”. Assim Sérgio Poyares, chefe de fiscalização, se refere a todo o Parque Estadual dos Três Picos. A sede fica em Boca do Mato, Cachoeiras de Macacu, município com maior área dentro do parque, mas em breve uma subsede será construída junto à formação rochosa que dá nome ao parque, em Salinas, Nova Friburgo. São hectares e mais hectares de mata nativa preservada pelo governo estadual, que empossou 109 guarda-parques recentemente, dos quais nove trabalham em Nova Friburgo. Mas Sérgio adverte: não basta só o governo estadual atuar, é preciso que cada um faça a sua parte na preservação do meio ambiente. 

A Voz da Serra – Neste dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, o que os friburguenses podem esperar em termos de preservação ambiental com o Parque Estadual dos Três Picos?

Sérgio Poyares – O parque vem desenvolvendo nos cinco municípios que ele abrange, entre eles Nova Friburgo, várias ações de fiscalização e educação ambiental. A gente tem um projeto chamado "Brincando com Gaiolas”, que é a transformação das gaiolas apreendidas pela fiscalização em brinquedos. Esse projeto é itinerante e vai às escolas. 

AVS – Há alguma atividade prevista especificamente para a Dia do Meio Ambiente?

Sérgio – A gente vai desenvolver uma série de atividades na nossa sede. Inclusive todas as pessoas dos municípios abrangidos estão convidados. Quem é de Nova Friburgo é só descer um pouquinho a serra neste dia 5 que em meia hora vai participar de uma festa do meio ambiente. Inclusive é dia de aniversário do parque, que foi criado no dia 5 de junho de 2002.

AVS – O que vai rolar nessa festa?

Sérgio – Vários conceitos vão ser transmitidos, vai haver uma visita guiada ao jequitibá, uma árvore milenar; e vamos fazer também uma atividade no posto ao pé dos Três Picos, como caminhadas e orientações para sensibilizar as novas gerações em termos de preservação do meio ambiente.

AVS – O governo estadual fez e faz a parte dele com a criação e manutenção do parque. Mas qual a contribuição que cada cidadão pode dar?

Sérgio – O governo do estado do Rio de Janeiro, de 2007 para cá, praticamente dobrou o número de parques de proteção integral (unidades de conservação de proteção integral) e ampliou algumas outras. Ele está fazendo o papel dele, criando o maior número possível de unidades de proteção integral. Agora, o que a população pode fazer é o básico que a gente procura passar numa cartilha de proteção ambiental. Principalmente os que têm filhos devem educar as crianças, porque a gente espera que a geração futura contribua muito mais e tenha uma consciência maior em termos de preservação ambiental; além de algumas medidas como procurar economizar água em casa, corrigir os vazamentos e não consumir desenfreadamente. Existe um incentivo ao consumo, que é interessante em termos financeiros, mas gera um volume muito grande de lixo, que gera um problema ambiental; a prática de pegar menos sacolinhas plásticas no supermercado, proteger os animais, enfim, medidas educacionais básicas, que no fundo se vai somando e se faz uma grande diferença.

AVS – Preservar principalmente a água é muito importante...

Sérgio – Na verdade o principal fator da criação do Parque Estadual dos Três Picos há 11 anos, além de proteger a beleza cênica, estimular a visitação e melhorar a fiscalização, foi a proteção dos mananciais hídricos, as nascentes. Praticamente toda a água de Itaboraí, São Gonçalo e região nasce nos Três Picos e corre pelos rios Macacu, Macaé, São João, Guapimirim e Guapiaçu, e o Grande, que nasce do lado de cá.

AVS – A APA de Macaé de Cima está incluída no Parque dos Três Picos?

Sérgio – A APA de Macaé de Cima é uma unidade de conservação estadual também e de uma característica um pouco diferente dos Três Picos, mas é vizinha direta, inclusive uma parte dela se sobrepõe aos Três Picos, é um administração conjunta que a gente faz com a APA. É por isso que a gente costuma dizer que é a grande caixa-d’água dessa região do estado é o Parque dos Três Picos.

AVS – Isso tudo sem falar da qualidade do ar a partir do momento que temos as montanhas, as florestas preservadas...

Sérgio – Sim, sem dúvida. Se a gente não tivesse o Parque dos Três Picos, se não houvesse a floresta que está dentro do parque, o nosso clima seria outro. Hoje em dia a gente tem um conceito de unidade de conservação que se chama mosaico, a união de várias unidades formando uma megaunidade. O parque dos Três Picos é vizinho do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, uma iniciativa estadual junto com a federal; a APA de Macaé de Cima se junta com os Três Picos, então a gente tem uma unidade de conservação — pode-se dizer assim — que vai de Queimados/Nova Iguaçu até praticamente Casimiro de Abreu, formando uma grande unidade, a espinha central da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro.

AVS – A serra entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo está no Parque dos Três Picos...

Sérgio – Sim, a subida da serra de Cachoeiras de Macacu está dentro do Parque de Três Picos. E toda essa floresta exuberante que a gente vê na subida da serra está protegida pelo parque. E na estrada Friburgo-Teresópolis, do lado esquerdo sentido Teresópolis, toda aquela cadeia de montanhas — Mulher de Pedra, Torres de Bonsucesso, Vieira — está dentro do parque.

AVS – Quais são os municípios abrangidos pelo parque?

Sérgio – Nova Friburgo, Teresópolis, Silva Jardim, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, que tem a maior área dentro do parque. Inclusive foi por isso que a sede ficou nesse município. Agora o nome se deve ao conjunto de montanhas dos Três Picos, que é o ponto culminante da Serra do Mar, com 2.316 metros, nas divisas de Nova Friburgo, Teresópolis e Cachoeiras de Macacu. 

AVS – Então o povo da área envolvida tem muito a ganhar com o parque, com a preservação da mata, das montanhas e cada um deve contribuir...

Sérgio – Não tenha dúvida, inclusive como o Estado do Rio de Janeiro foi beneficiado para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, existe um projeto muito grande e três partes do estado foram escolhidas para integrá-lo. E um deles é o Parque dos Três Picos. Isso implica num investimento muito grande, principalmente no setor turístico da região.

AVS – Deve ser construída uma subsede em Nova Friburgo...

Sérgio – Sim, o terreno já está em fase final de desapropriação e vai ser construída na subida dos Três Picos. Inclusive vai ser implantado ali o museu do montanhismo.

AVS – O parque é subordinado ao Inea...

Sérgio – Ele é administrado pela Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dbap), que é do Inea, um órgão estadual ambiental, que foi a fusão em 2009 de três órgãos: a Serla, o IEF e a Feema, que se tornou muito mais eficiente na gestão do meio ambiente do estado.

AVS – Há algum órgão da cidade integrado diretamente ao parque?

Sérgio – É muito interessante a história do parque. Inclusive ela começou em 1992 com um movimento dos montanhistas para tornar a área dos Três Picos uma área de proteção integral. E dez anos depois foi criado o Parque Estadual dos Três Picos. Hoje em dia a gente tem uma relação muito íntima com o Centro Excursionista Friburguense, através de um termo de cooperação técnica. Seus integrantes tomam conta de uma casa que a gente tem no lugar conhecido como Vale dos Deuses, na base dos Três Picos, em terreno já desapropriado, é do estado. Eles administram essa casa através do conselho consultivo do parque.

AVS – Sem contar que o parque tem seus guardas (matéria já publicada), sendo nove em Nova Friburgo...

Sérgio – São quatro lotados na área dos Três Picos e cinco na área de Macaé de Cima. Eles estão sendo muito bem capacitados e vão se somar na nossa luta constante de preservação da área dos Três Picos.

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