Nova Friburgo, na Região Serrana, possui atualmente 16 entidades que defendem os interesses de agricultores familiares dos sete distritos do município. Uma das mais antigas é a Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade Janela das Andorinhas (Aprojan), fundada em 1987. Localizada no distrito de Riograndina, a Janela das Andorinhas é regionalmente conhecida pela produção de caqui e também pelas belas paisagens, entre elas, a da pedra que dá nome ao lugar.
A história da associação começou a partir de encontros entre os produtores num antigo armazém, que hoje em dia funciona como depósito. Foram nessas reuniões do então Conselho Comunitário que os moradores passaram a acreditar na ideia de que, com união, poderiam lutar por melhorias. Com engajamento e apoio de algumas instituições, conseguiram formalizar a entidade. Esse foi o primeiro passo para as várias conquistas que viriam a mudar significativamente a realidade daquela área.
Na assembleia oficial de formação da Aprojan, representantes de 24 famílias deram o pontapé para um trabalho reconhecido hoje como exemplo de autogestão comunitária. Entre as assinaturas, estão a do supervisor local da Emater-Rio, Affonso Henrique Albuquerque, e da pesquisadora da Pesagro-Rio, Maria Fernanda Fonseca, que reside na localidade.
Atual tesoureiro da Aprojan, Darly Ferreira de Azevedo produz, há 20 anos, caqui da variedade rama forte. É associado desde o começo e enumera com orgulho os diversos feitos da entidade. Segundo ele, a primeira conquista foi a chegada da energia elétrica, em 1986, um ano antes da criação da Aprojan. "Foi uma batalha do antigo Conselho Comunitário”, recorda. Em 1989, uma linha de ônibus passou a atender a localidade. "Começou com apenas três horários e hoje já são seis diários. Antes, caminhávamos por seis quilômetros até o ponto final da linha que atende Riograndina”, lembra. No início dos anos 90, foi a vez do telefone fixo. Já no final da mesma década, a novidade foi a ampliação da escola municipal.
Nascido e criado na Janela das Andorinhas, o técnico agrícola e extensionista rural da Emater-Rio, Ocimar Alves Teixeira, é um dos diretores da Aprojan e também participou do processo de criação da entidade. Segundo ele, atualmente são 90 associados, que participam ativamente das reuniões e ações. "Já realizamos cursos de qualificação na área de gastronomia, mutirão para construções e, agora, estamos reunindo esforços para a construção de uma capela para o santo padroeiro da localidade, que é São Jorge”, explica.
Associado desde 2006, Luan da Silva Moraes, 22 anos, é secretário da Aprojan e já acumula a experiência da vice-presidência em gestões anteriores. Junto ao pai e ao irmão, cuida de uma lavoura de 800 pés de caqui, comercializados para o Rio e Niterói, fornecidos para a merenda de 130 escolas de Nova Friburgo e ainda para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar), desenvolvido pelo governo federal e executado em âmbito estadual pela Emater-Rio. "Através de práticas associativistas, a comunidade passa a ter mais força e, consequentemente, cada vez mais conquistas”, analisa o jovem, que reivindica o asfaltamento da estrada principal e também a chegada da internet na localidade. Para impulsionar ainda mais a agricultura local, a Aprojan trabalha para viabilizar a aquisição de uma máquina selecionadora de caqui e a construção de uma central de beneficiamento.
Nos últimos anos, a Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária apoiou a comunidade por meio de recuperação de estradas vicinais, assistência técnica e incentivo à retomada da produção após as chuvas que marcaram o mês de janeiro de 2011. O secretário Christino Áureo avalia que o fortalecimento das comunidades, promovido pelo Rio Rural, é também crucial para a melhoria da qualidade de vida de quem vive no campo. "Através do Rio Rural, estamos conseguindo trabalhar assuntos que, até pouco tempo atrás, eram pouco discutidos, como no caso da gestão participativa de comunidades. Nosso desafio é promover o desenvolvimento sustentável das microbacias, respeitando suas peculiaridades”, explicou.
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