Friburgo 99 anos: o início do esporte na cidade

Nova Friburgo Futebol Clube comemorou o aniversário do clube precursor
segunda-feira, 29 de abril de 2013
por Vinicius Gastin
Friburgo 99 anos: o início do esporte na cidade
Friburgo 99 anos: o início do esporte na cidade

Há 99 anos, o Novo Friburgo Futebol Clube deu o pontapé inicial para uma história recheada de capítulos repletos de rivalidade e paixão. O dia 26 de abril de 1914 marcou o início das atividades esportivas na cidade e a data foi comemorada na última sexta-feira com uma solenidade na sede social do Nova Friburgo Futebol Clube, que nasceu da fusão entre Friburgo e Esperança. O evento no antigo estádio Raul Sertã, na Rua José Eugênio Müller, reuniu alguns dos personagens que fizeram parte da trajetória do futebol amador friburguense. 

O presidente do Nova Friburgo F.C., Luiz Fernando Bachini, fez o primeiro discurso e destacou o esforço para manter as atividades do clube. A inspiração no passado vitorioso faz Bachini sonhar com dias melhores. “As pessoas precisam conhecer as nossas origens. Nós não conseguimos ainda ter o nosso estádio para desenvolver o trabalho. A exemplo do Friburguense, o Nova Friburgo não é um clube social, e sim de futebol. O social existe para manter a estrutura do clube e manter os associados unidos.”

Em seguida, o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Arnaldo Berbet, o Juca, contou um pouco da história do Friburgo Futebol e revelou que escreverá um livro para detalhar a época do futebol amador da cidade. “Pretendo lançá-lo no próximo ano, quando o futebol e o esporte de Nova Friburgo irão comemorar 100 anos.”

 

HISTÓRIA: A REUNIÃO NO SALUSSE

No início do século XX, estudantes de várias partes do país migraram para Nova Friburgo e trouxeram na bagagem um objeto ainda desconhecido pela maioria dos brasileiros: a bola de futebol. O esporte, hoje paixão nacional, ainda engatinhava no país, mas não demorou a conquistar os friburguenses. Os moradores do bairro Vilage passaram a frequentar o Colégio Anchieta e as tradicionais “peladas” (partidas amistosas de futebol) foram disputadas no campo da escola. Estes foram os primeiros registros de esporte na cidade.

A brincadeira tomou proporções maiores e acompanhou o iminente crescimento do futebol no estado. As famílias Sertã, Spinelli e Van Erven estreitaram as relações e passaram a organizar os jogos. No dia 26 de abril de 1914, uma reunião no Hotel Salusse fundou oficialmente o Friburgo Futebol Clube, alterando o nome Friburguense Futebol Clube, utilizado até então por aquele grupo de jogadores. Durante os primeiros anos, os duelos eram realizados nas ruas Galdino do Valle e Oliveira Botelho. Em 4 de setembro de 1922, o Friburgo passou a utilizar o estádio Raul Sertã, um espaço de nove mil metros quadrados.

O esquadrão vermelho e branco tornou-se o time a ser batido. Em 1915, o Friburgo goleou o União pelo placar de 11x0 e os dirigentes, insatisfeitos, responderam à derrota com a criação do Esperança Futebol Clube. Junto ao time esperancista nasceu uma grande rivalidade que mais tarde, curiosamente, desencadearia a fusão.

 

A CRISE E A CRIAÇÃO DA LIGA

E meados de 1918, o futebol amador passou por grave crise financeira e de interesses. As divergências dentro do Friburgo levaram alguns componentes a deixar o clube e fundar o Fluminense A.C., em 1921. Quatro anos depois, formou-se a primeira Liga de Futebol da cidade e o azulino, como era conhecido pelos torcedores, conquistou a maioria dos títulos em disputa. Em 1930, o Friburgo conquistou o primeiro título e formou um dos grandes times de sua história, que seria tetracampeão naquela década. Em um dos momentos mais marcantes, a equipe recebeu o Vasco no estádio Raul Sertã. 

Nos primeiros anos da década de 40, o domínio foi esperancista. A partir de 1945, o Friburgo reage e forma um grande time em 1949, comandado por Larry e Paulo Banana. O hexacampeonato conquistado entre 46 e 54 foi o prenúncio de um feito histórico no ano de 1960: o Friburgo foi campeão em todas as categorias e passou a pensar no profissionalismo. Um passo importante para o amadurecimento da ideia foi a vitória sobre o Bahia, campeão brasileiro à época, em jogo festivo em Nova Friburgo. Com dois gols de Bibi, o Friburgo venceu por 2x1. “Eu me lembro que saí da fábrica, fiquei um pouco na bilheteria e fui para os vestiários me aquecer para jogar”, contou Juca. O time vermelho e branco disputou alguns jogos em torneios profissionais, mas o clube não acompanhou o novo momento vivido pelo futebol na década de 70 e as fusões entre Fluminense e Serrano e Friburgo e Esperança mudaram os rumos do esporte na cidade. 

 

A FUSÃO ENTRE FRIBURGO E ESPERANÇA

Atual presidente do Nova Friburgo Futebol Clube, Luiz Fernando Bachini era tesoureiro do Esperança e participou do processo de fusão, que teve início na administração de Onete Daflon. Ele conta que uma comissão foi criada no Esperança envolvendo nomes como Helio, Oloff, Amâncio, Tenente Juvenal, Ítalo de Souza, Laercio Ventura, João Batista, José “Bigode”, Eugênio Cabral, Álvaro de Almeida, Climério Geraldo Moura e Lucio Flavo. “Este conselho resolveu vender a sede do Esperança, no Paissandu, para construir uma nova em Conselheiro Paulino. O pessoal dos outros clubes, principalmente o Deccache, não entendeu como uma jogada financeira, e sim, futurista. Lá, nós teríamos espaço para fazer o que quiséssemos e no Paissandu não.”

A decadência do futebol amador nos anos 70 impulsionou a mudança e fez surgir a ideia de fusão com o Friburgo Futebol Clube. As conversas tiveram um ano de duração para acertar os últimos detalhes de nome e cores, por exemplo, e o negócio foi concretizado. A união entre os clubes derrubou a intenção inicial de fundir todos os times de futebol da cidade em uma equipe apenas. “O choque de interesses era muito grande, principalmente na questão da tradição. O financeiro não era o maior problema.”

O presidente do Fluminense, Antonio Felippe Deccache, percebeu a dificuldade, abandonou a ideia e partiu para a fusão com o Serrano. Do mesmo modo, Esperança e Friburgo uniram forças. “Foi um modo de salvar a tradição de tantos anos e, assim, respeitar a todos os abnegados que dedicaram boa parte de suas vidas a esses clubes.”

Aos poucos, o futebol amador perdeu espaço na cidade. O Friburguense Atlético Clube, resultado da fusão entre Fluminense e Serrano, acompanhou a evolução do profissionalismo e se mantém na primeira divisão do futebol estadual ao longo dos anos desde 1998 (salvo 2011, quando disputou a segunda divisão). Ao Nova Friburgo, resta sonhar em seguir os passos do antigo rival. “O planejamento existe e a força de vontade é grande. A tragédia de 2011 atrapalhou um pouco, mas vamos seguir lutando”, garante Bachini.

 

 

As últimas homenagens a Marquinhos Galhardo

Morte do atleta friburguense completa uma semana nesta terça-feira

 

Apesar do pouco tempo de carreira, Marquinhos Galhardo deixou admiradores por onde passou. O Tombense, clube pelo qual atuava nesta temporada prestou uma bela homenagem antes do jogo contra o Atlético-MG, no último sábado e emoção tomou conta dos jogadores e torcedores no estádio Almeidão, em Tombos. Uma faixa com os dizeres: “Pai, não conheço os teus planos, mas o Senhor conhece o meu caminho” foi levada a campo por torcedores, lembrando a última frase escrita nas redes sociais pelo jogador, morto há exatamente uma semana em acidente automobilístico. A diretoria do Tombense subiu uma espécie de bandeira com o rosto do jogador, pendurada em balões. Toda a arquibancada aplaudiu a iniciativa, e os gritos de “Galhardo” foram ecoados pelas duas torcidas.

Em seguida, atendendo pedido do árbitro, os atletas formaram um círculo no centro do gramado e fizeram um minuto de silêncio, acompanhados de toda a arquibancada. 

 

FAMÍLIA PARTICIPOU DE HOMENAGEM

Junto aos torcedores do Tombense e Atlético-MG, uma comitiva especial vestia camisas com a foto de Marquinhos Galhardo abraçado ao irmão Rafael. Os pais, familiares e amigos mais próximos do jogador foram ao estádio Almeidão para acompanhar as últimas homenagens de perto. “É triste. Não queria estar aqui numa situação dessas, pois perdi mais que um irmão; perdi um amigo. Mas o carinho da torcida do Tombense nos conforta muito”, disse Rafael Galhardo em entrevista ao portal Lancenet.

 

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