Dengue entre grávidas mais que dobrou entre 2012 e 2013

terça-feira, 16 de abril de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Mulheres grávidas têm sido expostas a uma ameaça cada vez mais frequente: a dengue. De acordo com dados da Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, nas 14 primeiras semanas de 2013 já foram registrados mais que o dobro de casos do mesmo período do ano passado. De janeiro até agora foram notificados casos de dengue em 358 grávidas no Rio de Janeiro, a maioria moradoras das regiões Norte e Noroeste Fluminense. Em 2012, no mesmo período, foram 164 notificações da doença. Por conta disso, gestantes estão recebendo atenção diferenciada, inclusive para prevenir possíveis complicações. No início da gestação, a dengue pode levar à má formação do bebê ou ao aborto.
“Os riscos de uma gestante adquirir dengue são iguais aos de qualquer outra pessoa. Porém, os cuidados precisam ser redobrados. É necessário enfatizar a importância do acompanhamento clínico regular nos serviços de saúde para verificar os sinais de alarme e o reconhecimento da doença. O diagnóstico precoce é vital para que a intervenção seja feita em tempo hábil”, afirma Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde.
No protocolo de atendimento a pacientes com dengue do Ministério da Saúde, as gestantes devem receber acompanhamento ambulatorial com hidratação supervisionada e o exame de hemograma é obrigatório. A cada 24 horas deve ser feita uma nova avaliação de seu estado de saúde. Segundo o documento, elas ocupam classificação de risco intermediário.
Alexandre Chieppe explica que a mulher grávida possui características únicas que dificultam a avaliação clínica. Sinais clássicos da doença, como febre, dores musculares, cefaléia e manchas pelo corpo, nem sempre são claros. O problema ocorre quando as alterações específicas da gravidez impedem o reconhecimento precoce do vírus. Complicações, como a síndrome de HELLP (hemolysis elevated liver enzymes low plaquets), também podem confundir o manejo clínico. A síndrome é decorrente de doença hipertensiva e pode apresentar sintomas iguais à dengue, evoluindo com quadro de choque. Geralmente não há sinais de febre alta ou dor muscular, mas a diferença é sutil. Neste caso, é fundamental o acompanhamento médico para um diagnóstico clínico associado a exames laboratoriais.
Cuidados especiais na hidratação – Além disso, a hidratação, considerado o melhor procedimento para enfrentar o vírus, pode gerar dúvidas quando administrada para gestantes. Isto se deve às mudanças que ocorrem no corpo feminino. Como as grávidas retêm mais líquidos que o habitual, os sinais de desidratação podem ser encobertos. Por outro lado, há também o risco de hiperhidratação. Os limites para a falta ou o excesso de líquido são tênues.
Dengue neonatal – Outro cuidado especial são com os recém-nascidos. Pouca gente sabe, mas há chances de a mãe passar a doença para o bebê, que já nasce com os sintomas. Como nem sempre os sinais e sintomas são evidentes, é preciso ter atenção extra: a doença se manifesta de forma parecida com outras doenças virais.
“O que vai levar a uma suspeita de dengue neonatal é a história clínica materna. Quando o neném nasce com algum tipo de sinal ou sintoma que sugira uma infecção intrauterina, o caso deve ser relacionado com o histórico materno durante a gravidez para que o diagnóstico seja mais preciso”, explica Chieppe.
Atendimento Prioritário - O atendimento a mulheres grávidas, assim como de outras pessoas com dengue, é feito em Unidades de Pronto-Atendimento 24 Horas (UPAs), centros de hidratação, postos de saúde, Centros de Saúde da Família e hospitais da rede pública e particular. De acordo com a necessidade, esses pacientes podem ser encaminhados para serviços de maior complexidade.
Prevenção - O Ministério de Saúde ainda sugere algumas medidas individuais de proteção contra o mosquito Aedes aegypti, como o uso de repelentes, a colocação de telas em portas e janelas nas residências. Eventualmente, também é recomendado o uso de meias e calças compridas nos períodos do dia em que há maior risco de picadas do mosquito. Porém, Alexandre Chieppe enfatiza que a forma mais eficaz de proteção continua sendo a eliminação de possíveis criadouros.
“Retirar os locais que o mosquito usa para colocar seus ovos é a forma mais eficiente de conter o surgimento de novos mosquitos adultos. Desse modo fica protegida não só a sua residência, mas toda a vizinhança”, alerta.
Números de casos em outros anos – Em todo ano de 2012 foram registrados 490 casos de dengue em mulheres grávidas. Em 2011 foram 747 casos e um óbito; contra 272 casos e nenhum óbito em 2010.

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