Loteamento Floresta pede socorro

Localizado no distrito de Conselheiro Paulino, loteamento sofre com antigos problemas, agravados após a tragédia de 2011
quinta-feira, 04 de abril de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Loteamento Floresta pede socorro
Loteamento Floresta pede socorro

 

Vinicius Gastin

Não é preciso andar pelas ruas do Floresta para perceber que o bairro mudou desde a tragédia climática de janeiro de 2011. Basta olhar da entrada do bairro e observar que o espaço, antes ocupado por várias casas, transformou-se em uma enorme barreira coberta pelo mato. Em certo ponto, as águas de uma nascente descem e se misturam ao esgoto. Pouco acima, um muro de contenção está sendo construído com os recursos do governo do estado para evitar uma nova catástrofe que parece ser anunciada—os moradores das casas mais próximas tiveram as residências interditadas, mas continuam morando no local por não terem outra opção.

Os transtornos ocasionados pela catástrofe apenas agravaram tantos outros problemas existentes há anos no bairro. As ruas estreitas e sem calçamento provocam um verdadeiro nó quando dois carros se cruzam na mesma rua. Falta capina em diversos pontos, inclusive nos escadões que ligam as partes baixas às mais altas da localidade e não é difícil encontrar carros abandonados. De positivo, a regularidade na coleta de lixo feita às terças, quintas e sábados, de acordo com o relato de moradores. O abastecimento de água e luz também funciona normalmente.

 

BAIXADÃO DO FLORESTA: UMA LUTA DE MUITOS ANOS

A reportagem de A VOZ DA SERRA foi recebida e conduzida durante a visita por Valcenir Faria, presidente da associação de moradores do Floresta. Valcenir reside há 50 anos no bairro, na Rua Aureliano Barbosa, a principal via de acesso ao Baixadão do Floresta, o ponto mais alto. Nesse trecho, um enorme buraco foi aberto há dois anos e já resultou em vários acidentes com pessoas, carros e motos, sem que nenhuma providência seja tomada. Os entulhos se acumulam pelas ruas, em meio ao mato que toma conta das calçadas.

Ao chegar ao Baixadão, a difícil realidade do Floresta fica evidente. A falta de uma área de lazer e de trabalho preventivo deixa crianças soltas pelas ruas e o envolvimento com as drogas é cada vez mais precoce. “Temos aproximadamente seis mil moradores aqui no Floresta. A maioria das famílias é de baixa renda e não pode pagar uma escolinha de futebol, por exemplo. As mães trabalham fora e deixam as crianças em casa, sem opções de lazer. Elas acabam optando pelo caminho das drogas. A atuação da polícia é excelente, mas não existe prevenção”, destacou Valcenir.

No mesmo local que registra um dos maiores índices de violência da cidade, as obras de contenção da imensa encosta que desabou em 2011 estão a todo vapor, através de investimentos que giram em torno de R$ 38 milhões, de acordo com o governo do estado. À época, dezenas de casas foram destruídas—e a tragédia só não foi maior porque no momento do deslizamento grande parte dos vizinhos estava no enterro da mãe do presidente da associação de moradores. 

Em outro ponto do bairro, na Rua Maria Knust, os moradores sofrem com o entupimento da rede de esgotos. O local necessita de capina e as tampas dos bueiros estão quebradas. A maioria dos orelhões da localidade não funciona.

A poucos metros da Maria Knust localiza-se a Rua Solimões. Dois anos depois da tragédia, o matagal tomou conta do que restou das moradias de dezenas de famílias. Somente neste local 38 pessoas morreram. Algumas casas foram demolidas e os entulhos continuam espalhados, acumulando água e contribuindo para a proliferação de mosquitos. A Saúde, inclusive, precisa de atenção especial por parte do poder público.  As unidades mais próximas do bairro são a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o posto de saúde de Conselheiro Paulino. Merecíamos algo mais perto ou dentro do próprio bairro”, reivindicou o presidente da associação.

A Educação também necessita de um olhar mais atento. O bairro não possui uma creche e as duas escolas atendem a cerca de 600 crianças, da alfabetização à quarta série. A falta de professores prejudica o funcionamento das instituições de ensino e gera outros desdobramentos preocupantes. “Eles estão misturando as crianças de várias séries na mesma sala de aula. Isso é um absurdo”, denunciou uma mãe que preferiu não se identificar.

Em meio às tantas necessidades não atendidas, algumas obras em andamento mantêm as esperanças da comunidade em dias melhores. “Nós estamos acompanhando de perto as obras e algumas melhorias que estão sendo feitas. Precisamos acreditar e cobrar para obtermos resultados”, pondera Valcenir Faria.

 

CONCESSIONÁRIA PROMETE SOLUÇÕES

Em resposta às reclamações dos moradores, a Águas de Nova Friburgo informou que o problema na Rua Aureliano Barbosa é ocasionado por águas de nascente e pluviais, com a contribuição de esgoto. Quando as obras de drenagem para a recuperação da galeria danificada forem concluídas, a concessionária fará a separação do esgoto, eliminando o problema. Na Rua Maria Knust, onde existem reivindicações sobre o entupimento na rede de esgoto, a empresa afirma que ocorreu uma desobstrução no dia 16 de março e desde então não recebeu mais reclamações sobre o problema. Ainda assim, algumas equipes da Águas de Nova Friburgo visitaram o local para conferir se há necessidade de efetuar outra manutenção. Quanto às tampas de bueiro, a manutenção não cabe à concessionária.

 

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