ESPORTES - Salto vitorioso

O 13° melhor paraquedista do mundo é brasileiro. O sargento Soares alcançou esta posição graças à ajuda de um militar e uma empresa de Nova Friburgo. O Brasil participou do Campeonato Mundial de Paraquedismo, em Dubai, no final de novembro do ano passado, com uma equipe de 37 atletas entre civis e militares do Exército, Aeronáutica e Fuzileiros Navais. Dentre os destaques selecionados para a competição estavam os sargentos Ricardo Pereira e Alexandre Gomes Soares, atletas do Grupo “Os Cometas”, do Exército Brasileiro, ambos patrocinados pelo SAF Assistencial. 

Durante a competição, o atleta salta em queda livre e atinge cerca de 300 km/h formando figuras, denominados Trabalho Relativo (TR) e Trabalho Relativo do Velame (TRV), quando aciona o paraquedas e posiciona um sobre o outro. Recentemente foi criado o Trabalho de Precisão, onde o paraquedista salta da aeronave, aciona o paraquedas e tem como objetivo pousar no alvo com o diâmetro de um prato. Quanto mais próximo do alvo, maior a pontuação. Soares destacou-se exatamente nessa modalidade, onde conseguiu pousar a 15 centímetros do alvo e conquistar o título de 13º melhor paraquedista do mundo. 

A participação no torneio e a brilhante colocação foram possíveis graças ao intermédio do comandante da Guarda Municipal de Nova Friburgo, Ronald Cláudio Pereira, e o apoio do SAF Assistencial, através do seu presidente Marcio Branco. A relação de amizade entre os militares teve início em 1986, quando Soares incorporou na brigada paraquedistas com Ronald. Juntos formaram-se precursores e fizeram o curso de Salto Livre, modalidade disputada nos campeonatos mundiais. Através de um pedido do comandante, a empresa apoiou e patrocinou a viagem dos sargentos Pereira e Soares e possibilitou aos militares integrar a equipe brasileira que disputou o mundial. A marca da empresa esteve estampada no macacão dos atletas, que a levarão para todas as cidades e países também nas próximas competições.

“Se hoje temos o 13º melhor paraquedista do mundo em precisão, que é o sargento Soares, nós temos que agradecer à SAF e ao Marcio Branco, um importante empresário friburguense que costuma apoiar os grandes eventos”, destacou o comandante Ronald.

A equipe brasileira pretende participar novamente do Campeonato Mundial em 2013, ainda sem local definido. Os países interessados apresentam a proposta e são escolhidos pela Confederação de Paraquedismo. O Brasil já sediou o evento algumas vezes, em Resende.

Para alcançar o alto nível no esporte, os paraquedistas encaram uma rotina de treinos diários. Dentre as técnicas trabalhadas está o túnel de vento, onde o atleta é lançado e jogado para cima pela pressão do ar, com o objetivo de trabalhar o posicionamento. A preparação para os próximos desafios já começou e novas competições nacionais e internacionais serão disputadas.

“O grupo treina praticamente todos os dias e viaja quase toda semana para fazer demonstrações. Nos próximos dias teremos o Campeonato Carioca, o Brasileiro e o Sul Americano e esses paraquedistas estarão participando”, revelou o comandante.

Apesar da leveza do voo, o equipamento dos saltadores pesa em média 18 kg e pode chegar a 22. O paraquedas moderno ganhou o formato quadrado e se divide em três partes: velame, linha e celas. 

Em relação aos locais de salto, não há diferenciação entre serra ou nível do mar. Dentro do paraquedismo, após 15 segundos em queda livre, o atleta atinge um terminal e pode chegar a 220 km/h em queda livre. Dependendo da movimentação do atleta, a velocidade chega a 300 km/h. Em um salto de um minuto a 12 mil pés, a queda sem o acionamento do paraquedas pode durar 45 segundos. Acima dessa altura, o uso do equipamento torna-se necessário. Ronald ressalta a importância do altímetro para auxiliar o salto dos paraquedistas e desmentiu as possibilidades do equipamento não abrir durante o salto.

“Existe um equipamento chamado altímetro. Quando saímos em nível do mar, zeramos o aparelho. Quando chegamos ao centro de Nova Friburgo para realizar um salto, por exemplo, o altímetro vai demonstrar a altitude. A gente zera o aparelho novamente antes de o paraquedista ser lançado para ter uma noção, não se perder e evitar o choque com o chão. O bom paraquedista tem que ter boa formação, consciência do equipamento que está usando e dominar as técnicas de segurança. Existem dois tipos de acidentes: num deles, as próprias linhas passam por cima do para-quedas e o impedem de inflar. Temos alguns procedimentos nesse caso até o acionamento do reserva. No outro caso, o para-quedas sai da bolsa e não infla. Mas, ao contrário do que dizem, ele nunca deixa de abrir.”

As pesquisas para a construção de um pequeno aeroporto na localidade de Conquista, em Nova Friburgo, também enchem de esperança os amantes dos saltos de paraquedas. Caso o projeto seja concretizado, o comandante Ronald vai montar imediatamente um Clube de Paraquedismo na cidade para voo duplo. 

“Estamos torcendo para que dê certo. Montaríamos o clube para voo duplo, ou seja, o praticante é lançado da aeronave junto com o profissional em condições de fazer o salto duplo. Temos hoje o tenente Agnaldo, o sargento Soares e outros que são habilitados. Para realizá-lo é só subir na aeronave”, brincou.